sábado, 26 de agosto de 2023

Vendo filmes (VI)


 

Refeição Cultural

FILMES

Chocolate (2000) - Filme dirigido por Lasse Hallström e estrelado por Juliette Binoche, Johnny Depp e demais atores e atrizes. Vianne Rocher (Binoche) e sua filha Anouk (Victoire Thivisol) de 6 anos chegam a uma pequena vila francesa, Lansquenet-sous-Tannes (ficcional), vila conservadora e controlada com mãos de ferro pelo prefeito local, um conde, e decidem abrir uma chocolateria. O prefeito não gosta da ideia por achar que aquilo era uma tentação para as pessoas e diz que Vianne teria que fechar o estabelecimento e desistir, inclusive porque eles estão na quaresma. A partir daí a estória se desenvolve.

COMENTÁRIO: gostei do filme. A começar pela participação de Juliette Binoche, encantadora como sempre. Ela é uma espécie de cigana com ares de magia e seus chocolates mudam a vida de todas as pessoas do vilarejo. Ela é movida pelo vento do norte e isso parece uma sina de família, sua mãe também teve uma vida parecida. Mãe e filha não param em lugar nenhum, e de repente vão embora sem fixar residência. A estória aborda questões comuns da sociedade como preconceito, religião dominadora, violência contra mulheres e xenofobia. Minha esposa ficou muito tempo querendo que eu visse o filme. Finalmente vi. Gostei.

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Os doze macacos (1995) - Filme dirigido por Terry Gilliam e estrelado por Bruce Willis, Madeleine Stowe e Brad Pitt. Num cenário distópico do mundo em 2035, a raça humana foi quase toda extinta por causa de uma epidemia de vírus entre 1996/1997. Os humanos sobreviventes vivem no mundo subterrâneo e os animais voltaram a dominar a natureza lá em cima. James Cole (Willis) é forçado a voltar ao passado - 1995 - para tentar descobrir informações sobre um grupo chamado "Os doze macacos" e ver se com isso consegue algo que possa ajudar a humanidade no presente.

COMENTÁRIO: gostei do filme. Tinha visto o filme muito tempo atrás. Vê-lo após a pandemia mundial de Covid-19 dá outro sentido à estória. Apesar de não acreditar que um dia a espécie humana possa desenvolver alguma tecnologia de viagem no tempo (o tempo é uma percepção resultante da abstração humana). Sobre o fim do mundo como o conhecemos hoje, vejo probabilidades reais de isso acontecer, já que estamos inviabilizando a vida no planeta por causa da destruição descontrolada dos biomas da Terra. O ser humano é o maior vírus que o planeta já produziu. Bom filme! A interpretação de Brad Pitt como maluco é um atrativo a mais no filme.

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Papa Hemingway in Cuba (2016) - Filme com direção de Bob Yari e estrelado por Adrian Sparks (Hemingway) e Giovanni Ribisi no papel do jornalista norte-americano Denne Petitclerc- no filme o personagem Ed Myers - que tem em Hemingway uma referência de vida e de escritor e jornalista.

COMENTÁRIO: Assistir ao filme depois de estar em Cuba por duas semanas e depois de conhecer a finca onde Hemingway viveu por muitos anos em Havana foi um momento de nostalgia. Tenho também um grande apreço pela obra de Hemingway. Já li 5 livros do autor, incluindo os clássicos Por quem os sinos dobram (1940) e O velho e o mar (1952). O filme foi rodado em Havana e nós estivemos no Floridita, lugar muito frequentado pelo escritor. O filme reproduz com qualidade o drama da depressão e do alcoolismo de Hemingway, problemas comuns em nossa sociedade humana. O enredo também coloca os espectadores no cenário de Cuba no momento central de embate entre o regime ditatorial de Batista, apoiado pelos Estados Unidos, e os revolucionários cubanos, liderados por Fidel Castro, entre os anos de 1956 e 1959. Um filme para ver e rever e uma história que nos convida a conhecer a obra de Hemingway e a história de Cuba, antes e depois da revolução libertária de 1959. Até pouco tempo atrás, eu não tinha a clareza de que Hemingway havia vivido em Cuba justamente durante esse período da revolução e libertação da Ilha em relação ao novo colonialismo, o dos Estados Unidos.

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- Bacurau (2019) - Filme dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, com Sônia Braga e um grupo excelente de atores brasileiros e alguns atores estrangeiros. Bacurau é um vilarejo localizado em algum lugar do sertão brasileiro, lugar abandonado pelo governo local e que de repente passa a nem constar dos mapas de localização virtual. Logo após o enterro de uma liderança local, Dona Carmelita, coisas estranhas começam a acontecer: o caminhão que traz água potável é alvejado por tiros, estrangeiros começam a circular pelos arredores do vilarejo e drones sobrevoam a região. Assim que moradores começam a ser assassinados de forma brutal, a população percebe que está sendo atacada e unidos organizam a defesa de si próprios.

COMENTÁRIO: gostei muito do filme quando o vi no cinema. Ao rever o filme em casa, anos depois, sigo gostando de Bacurau. A estória nos envolve e é impossível não torcer pela população local contra os invasores estrangeiros. O enredo tem um quê de romances de José J. Veiga, um dos maiores escritores brasileiros de contos fantásticos: os enredos de Veiga e de Bacurau têm a seguinte estratégia narrativa: de repente, tudo muda numa comunidade pacata e tradicional por causa de acontecimentos externos. Bom filme!

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É isso!

William


Post Scriptum: aqui está o comentário anterior sobre filmes que vi.


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