sexta-feira, 28 de junho de 2024

Natais - 1975



Refeição Cultural 

Estamos no final do primeiro semestre de 2024. Na próxima semana, estaremos no semestre do Natal. 

Neste momento, não sei onde vou passar a data, se em São Paulo ou em Uberlândia. A dificuldade será reunir as pessoas mais próximas de nosso núcleo familiar. A data tem essa simbologia de reunião e confraternização.

A sociedade humana está num momento complexo. Imaginar como o mundo estará daqui a seis meses tem se tornado um exercício mais de adivinhação e desejo do que uma leitura de cenário e conjuntura política e econômica como usávamos fazer em outras épocas da humanidade.

Peguemos como exemplo de distopia da sociedade humana as eleições dos Estados Unidos da América, a nação com mais de quatro mil ogivas nucleares e que se mantém como império devido às suas intervenções violentas nos duzentos países que existem no Planeta. Concorrem neste momento dois sujeitos amorais e senis, mentirosos, e provocadores de misérias a milhões de pessoas como presidentes daquele país.

No Brasil, temos uma figura humana extraordinária, o presidente Lula, que é uma voz solitária no globo terrestre falando em paz, em saciar a fome das pessoas, em distribuir riquezas de forma equânime e preocupado com a destruição do meio ambiente. Lula acredita no diálogo e na política, na democracia, num mundo onde a democracia acabou, um mundo onde não há mais espaço para a solução pacífica das controvérsias, como reza nossa Constituição Federal.

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come... já ouviram esse ditado popular? É assim que estamos neste momento no qual termina um semestre e começa o semestre do Natal.

A impressão que tenho é que 25 de dezembro será uma data um pouco triste em nossas vidas. Torço para que as coisas melhorem, mas esperanças sem ações concretas para que mudanças ocorram são esperanças vãs. 

Não vejo ações e movimentos em nossas vidas privadas e nas comunidades humanas em estágio falimentar que me permitam alimentar esperanças concretas de dias melhores nos próximos meses do mundo.

No entanto, sigo envidando esforços atomizados para que nossa família esteja reunida no Natal e para que eu possa contribuir de alguma forma para que as pessoas tenham oportunidade de adquirir conhecimento que incentive elas a melhorarem o mundo. Faço isso escrevendo.

Cada texto que faço penso nisso - compartilhar conhecimento de forma gratuita -, inclusive os textos de cunho pessoal como tenho feito no blog. Eu me exponho como um cidadão comum, com suas fragilidades e potências para humanizar a minha relação com leitoras e leitores.

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NATAL DE 1975

Como será que passamos a data em família? Não sei. 

No Brasil, o regime ditatorial havia transformado a vida do povo pobre e trabalhador num inferno. 

Naquele ano, uma das vítimas do regime foi o jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado nas dependências do DOI-CODI. A imprensa da casa-grande era, em sua maioria, parceira do regime. Simularam o suicídio de Vlado na cela. A cena ficou marcada para sempre, denunciando a podridão da ditadura. 

O ditador da vez era Geisel. 

Politizados ou não, a vida de meus pais e da família toda de tios, tias e avós deveria estar bem difícil por causa da carestia. 

Se eu não me engano, com essa idade a gente já tinha o Leique, o nosso cachorro pequinês. Foi o único cachorro que tive na vida. Ele morreria lá em Uberlândia nos anos 80, quando a gente morava na casa-barracão no terreno de minha avó. 

Me lembro que ele estava bem velhinho, poucos dentes e cego. Ele sofreu nos últimos dias. Tenho uma foto com ele sentado na escada do sobradinho em São Paulo (ver aqui).

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Na foto acima, estou na porta de casa, na Rua Dr. Sérgio Ruiz de Albuquerque. Lá no fim da rua é a padaria Cinco Quinas, que está lá até hoje, na Av. Rio Pequeno. O molequinho deve ter uns cinco anos, pouco mais ou menos.

William 


Post Scriptum: o texto anterior desta série pode ser lido aqui.


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