Refeição Cultural
Osasco, 6 de julho de 2024. Sábado.
GUERRA CIVIL ESPANHOLA - PRELÚDIO DA TRAGÉDIA
Estou me dedicando a conhecer os materiais de conhecimentos gerais que acumulei ao longo da vida e para os quais nunca pude me dedicar integralmente, ou seja, ler as dezenas de livros, ver as coleções de mídias, ler recortes e materiais impressos sobre temas variados que guardei durante os dias de venda de minha força de trabalho.
A Coleção História Viva com doze DVDs é extraordinária! Hoje assisti ao 4º episódio dessa série "Grandes dias do século XX". Esse documentário sobre a Guerra Civil Espanhola eu já havia visto antes. Revendo ele agora fico mais admirado ainda em relação à primeira vez.
Uma característica da época contribuiu muito para poder ver os eventos que mudaram o mundo como nós o conhecíamos durante séculos: havia uma estética dos movimentos da primeira metade do século XX e muita coisa foi filmada. Os filmes, as imagens e sons, foram amplamente usados como meios de manipulação de massas.
Repito o que disse nas postagens anteriores: as imagens de época, das batalhas e dos combatentes, são impressionantes.
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Sinopse:
Em fevereiro de 1936, a Frente Popular, uma coalização de esquerda, ganha as eleições na Espanha. A oposição conservadora se organiza em torno da Falange, graças ao ímpeto do jovem Primo de Rivera. Em 18 de julho daquele mesmo ano, o general Francisco Franco lidera um levante militar que lança o país em uma sangrenta guerra civil. A Espanha fica dividida por três anos. As democracias ocidentais permanecem passivas, mas os nazistas alemães e os fascistas italianos apoiam Franco incondicionalmente, em um ensaio do que viria a ser a Segunda Guerra Mundial.
O episódio se divide nos seguintes capítulos: "A destruição da Espanha", "No pasarán!", "A nova Espanha" e "Espanha como exemplo".
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BOMBARDEAR CIDADES E MATAR CIVIS, A NOVA FORMA DE GUERRA
Num determinado momento da guerra civil, após os nacionalistas conquistarem praticamente todo o território espanhol, o general Franco decide que vai bombardear a cidade de Madri, e que se danem os civis que morrerão lá.
Antes, os aviões alemães nazistas haviam bombardeado a cidade de Guernica. A Espanha serviu de experimento para o novo formato de guerra que passaria a vigorar dali adiante: guerras que fariam mais vítimas civis que militares. É assim até hoje. Vejam o que os sionistas do Estado de Israel estão fazendo com os palestinos na Faixa de Gaza.
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AS NARRATIVAS E INVENÇÕES PARA JUSTIFICAR A ELIMINAÇÃO DO OUTRO
Na Espanha dos anos trinta, tínhamos de um lado os nacionalistas, que eram os monarquistas, os carlistas e os falangistas e o apoio da igreja católica e do outro o governo eleito, os republicanos. Do lado dos republicanos, durante o conflito, tínhamos socialistas, comunistas, anarquistas e os republicanos mesmo, e as brigadas internacionais, já durante a guerra.
A narrativa ideológica do lado dos nacionalistas era um discurso que resgatava as cruzadas da idade média, quando os cristãos expulsaram os mouros infiéis do país. Nos anos trinta, igreja, burguesia e militares se juntaram para combater os infiéis comunistas, rebeldes ateus republicanos.
O ÓDIO era o principal combustível para todos os grupos que se digladiavam, ódio e intolerância, o ódio como catalisador das violências extremadas que levaram o povo espanhol a se matar uns aos outros.
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LIÇÕES QUE NÃO APRENDEMOS COM A HISTÓRIA
Sempre que estudo a Guerra Civil Espanhola fico com os neurônios em choque, com cargas elétricas indo e voltando e o cérebro quase pegando fogo. Não aprendemos nada com a história.
O mesmo ódio que foi instrumento daqueles dias que abalaram o mundo é o ódio que serve hoje de ferramenta para unir toda a direita e extrema-direita, conservadores e reacionários, os capitalistas e manipuladores da fé alheia, os donos dos meios de comunicação de massa - essa gente toda - contra nós, os "comunistas", os "infiéis", os lulistas e ou petistas, a esquerda toda dividida (como sempre) e cancelando uns aos outros por divergências de táticas e estratégias e até de objetivos como se digladiaram na Espanha dos anos trinta republicanos, socialistas, comunistas e anarquistas. No final, venceu o autoritarismo nazifascista, que une o capital, o exército e a igreja. Lá, foram 40 anos de franquismo...
É ou não é foda?
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El Alcázar, foto de William Mendes. |
EL ALCÁZAR, EM TOLEDO
Estive na Espanha em 2009, fui a trabalho. Por uma semana, conheci pontos turísticos e históricos em Madri. Um dos locais que visitei e que me impressionaram muito foi a cidade de Toledo.
A fortaleza El Alcázar foi palco de uma luta violenta entre republicanos e nacionalistas. Quando vi aquela maravilha arquitetônica, eu não tinha ideia que ela havia sido cenário de batalha na guerra. Para ler mais a respeito, clique aqui.
Outro momento ímpar em minha vida, foi estar diante do quadro Guernica, de Pablo Picasso, no Museu Reina Sofia. Foi uma catarse.
Sigamos estudando e compartilhando os conhecimentos.
William
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