quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Natais - 1979



Refeição Cultural

Osasco, 5 de setembro de 2024. (60 anos depois...)


Hoje poderia ser um dia de festas, de comemorações, de confraternização. Meus pais estão vivos, fizeram aniversário nesta semana, e a vida deles é muito importante para mim. Meu pai completou 82 anos de idade. Minha mãe completou 78 anos de idade. Hoje faz 60 anos que eles se casaram em 5 de setembro de 1964.

Eu parabenizo minha mãe e meu pai pela data, por mais que não tenha surgido clima para comemorar a data, pois as relações humanas têm sido muito difíceis, e não só para eles, para todo mundo... repito: para todo mundo!

Fiquei vendo algumas fotos antigas, daquelas dos anos sessenta, setenta, oitenta. Uma família brasileira. Uma família brasileira a nossa. Uma família como milhões de famílias dessa comunidade humana tão contraditória, uma sociedade humana cuja origem é terrível, violenta, uma comunidade na qual a exploração de alguns homens sobre o conjunto das pessoas foi a marca de séculos de relações humanas. O Brasil.

Uma sociedade humana cuja história das relações entre homens e mulheres, entre pessoas de raças e origens tão diversas - brancos europeus, afrodescendentes, indígenas - nos primeiros séculos de constituição do povo brasileiro, eu sintetizaria com a leitura e reflexão de um conto do nosso maior escritor, Machado de Assis: "Pai contra Mãe", publicado pelo Mestre do Cosme Velho já em seus últimos anos de vida. Nós somos ainda hoje, um século depois, aquilo do conto no que diz respeito às relações humanas. 

Tenho refletido sobre a minha família nos últimos anos. Tenho me esforçado para olhar de forma fraterna para as mulheres e homens que compõem dezenas de anos daquilo que chamamos de família. Faz alguns anos que tenho me esforçado para pacificar meu coração de maneira que possa fazer a minha parte na tentativa de reaproximação com as pessoas que de uma forma ou outra, estamos unidos por laços sanguíneos e pelo passado comum. 

Eu sei que para além das futricagens seculares comuns às famílias e relações de convivência, nós todos fomos vítimas de experimentos com manipulação humana por parte dos donos dos meios produtivos, os donos do capital, as plataformas das big techs desgraçaram as relações humanas de forma proposital. Para nos dominar, nos dividiram. Eu estudo e reflito sobre isso já faz alguns anos. E como ser pensante, tento usar essa compreensão para me reaproximar das pessoas.

Já escrevi muito aqui no blog sobre essas conclusões que tenho tido após muita leitura e muita observação da realidade. As pessoas estão modificadas, estão diferentes, mas não porque ficaram mais velhas, porque a vida seguiu seu caminho, estão diferentes porque foram modificadas. Ninguém se escuta, ninguém se tolera, ninguém aguenta uma discordância. Não há família ou relação de amor e amizade que resista a esse sistema de modificação do comportamento humano. Não há!

Some-se a isso que descrevi acima, outras crises: a relação de altos e baixos entre pessoas que conviveram juntas uma vida toda, ou a metade da vida no tempo cronológico, ou ainda um pequeno tempo cronológico, mas com consequências para toda uma vida. As relações humanas nessa quadra da história da sociedade humana neste mundo em séria crise econômica, social, política, ambiental e existencial são desafios dos mais importantes para seguirmos a caminhada de nossa espécie sobre a superfície da Terra.

Enfim, com os olhos marejados, aqui em Osasco, centenas de quilômetros de distância da casa de meus pais, que completaram hoje 60 anos de convivência em comum, eu os parabenizo, eu os agradeço, pois eu só existo por causa dessa união. Eu só sobrevivi às fases mais duras da minha vida, quando nem viver queria, por causa deles também. Nosso pacto, mesmo sem ser expresso, sempre foi sobrevivermos uns pelos outros.

Parabéns e obrigado por vocês resistirem ao que o mundo vem fazendo com a gente. Somos vítimas, acreditem um pouco no que digo. Somos vítimas do sistema capitalista, dos meios concentrados na mão de poucos humanos que decidiram foder com tudo em prejuízo de nós todos e gozo de uns poucos fdp.

Como nesta série reflito sobre nossos natais, ainda não sei o que faremos no Natal deste ano. Não sei!

William, filho do casal que hoje completa "Bodas de Diamante" num mundo feito para que nada dure mais que algum tempo de meses ou poucos anos...

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NATAL DE 1979

Como terá sido o nosso Natal desse ano? Era o meu 11º Natal como criança. 

No colégio Adolfino, eu tinha feito o 4º ano primário: tirei 3 conceitos "A" naquelas matérias que citei do ano anterior (ler texto aqui). Já sabia ler e escrever; e já tinha tido contato com Estudos Sociais e Ciências. 

Me lembro que lia muito gibi nessa época, Turma da Mônica, Tio Patinhas, Pateta, Pato Donald etc. Eu desenhava também. Tenho alguns desenhos guardados dessa época, desenhei até uns 11 ou 12 anos. 

É impressionante imaginar que eu fiz aqueles desenhos sendo tão novo! Eu fazia cópia de super-heróis e personagens apenas olhando o desenho. 

No Brasil, assumiu a "Presidência" o ditador Figueiredo, aquele que não gostava de gente e preferia seus cavalos a humanos. O ditador assina a Lei da Anistia (6.683). O Mato Grosso do Sul passa a ser Estado nesse ano também. 

No Reino Unido, a senhora "Dama de Ferro" Margaret Thatcher se torna Primeira-ministra. A mulher seria grande inimiga da classe trabalhadora inglesa. 

Saddam Hussein assume a Presidência do Iraque. 

Em minhas guerrinhas infantis, pelas ruas e campinhos do bairro Rio Pequeno, me lembro de ter levado naquele período pedrada, latada e dentada na cabeça (3 cicatrizes), brincando com os amigos e guerreando com os "inimigos" do Morro Branco, o território do outro lado do córrego do Rio Pequeno (rsrs). 

Vale registrar que a banda inglesa Pink Floyd lançou o álbum "The Wall" no ano de 1979.

William Mendes

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