segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Leitura: A Quinta-Coluna (1938) - Ernest Hemingway


Hemingway escreveu esta peça estando em Madri
sob bombardeio dos fascistas de Franco.

Refeição Cultural

De pouco em pouco, vou conhecendo as obras do grande escritor americano Ernest Hemingway. Acabei a leitura da única peça de teatro feita por ele, em 1938, no auge da Guerra Civil Espanhola. E ele nos diz em que condições a escreveu: se encontrava no cenário da guerra, a cidade de Madri, que estava sob ataque das forças franquistas.

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"Todos os dias éramos bombardeados pelos canhões postados à retaguarda de Leganés, nos contrafortes das colinas de Garabitas, e o hotel Flórida, onde vivíamos e trabalhávamos, foi atingido por mais de trinta e oito projéteis de grande poder explosivo..." (Prefácio)
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Até o ano passado (2016), eu conhecia duas obras de Hemingway, que acabei relendo antes de começar as leituras de novos trabalhos: O velho e o mar (1952) e O sol também se levanta (1926). Neste ano, já li Adeus às armas (1929) e Por quem os sinos dobram (1940).

As postagens no Blog sobre Hemingway podem ser lidas clicando AQUI.

Muitas pessoas não sabem o que quer dizer "quinta-coluna". Eu conheci o significado quando entrei para o movimento sindical.

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"(...) A história conta que quatro colunas das forças golpistas avançaram sobre Madri e a mantiveram sob ataque. Havia, no entanto, uma força agindo dentro da cidade, transmitindo informações - indicando alvos para os bombardeios -, realizando atos de sabotagem e assassinatos. Era a chamada Quinta-Coluna, termo que passou a designar grupos ou indivíduos que atuam subrepticiamente, num país, ou num partido, a serviço de seus inimigos..." (Apresentação)
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Dias atrás, ouvi a expressão em uma declaração do Senador da República, Roberto Requião (PR), quando ele disse o que pensa do sujeito que preside a nossa Petrobras após o Golpe de Estado que o Brasil sofreu em 2016. O sujeito é um lesa-pátria e está destruindo a capacidade operacional e de investimento da empresa e está vendendo a preço vil nossas reservas de petróleo e o nosso patrimônio nacional. Requião diz que ele ou é um idiota ou um Quinta-Coluna, um infiltrado da CIA para entregar a nossa soberania nacional na área.

A edição que tenho, da Bertrand Brasil, traz dois textos de apresentação. Um de Ênio Silveira, o tradutor, e outro de Luiz Antonio Aguiar. O Prefácio do próprio Hemingway fala sobre o contexto em que ele escreveu a obra.

Guerra é guerra. Eu sempre disse minha opinião a respeito de preferir a valorização da Política em relação à guerra, para a solução das grandes questões das organizações sociais. A direita e os grandes donos do capital atuam para que a política seja enfraquecida e para que o povo seja alienado politicamente, de maneira que seja mais fácil a operação de manipulação das massas através dos aparelhos ideológicos de comunicação e cultura.

Hemingway nos lembra, em seu prefácio, da violência existente no contexto de guerra, de não-política.

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"As forças inimigas que avançavam sobre Madri não tinham o hábito de poupar seus prisioneiros. Da mesma forma, os membros da quinta-coluna que fossem apanhados dentro da cidade nas semanas iniciais da Guerra Civil eram também eliminados sumariamente. Com o correr do tempo, passaram a ser submetidos à Justiça e condenados a trabalhos forçados ou à morte, dependendo da gravidade dos crimes que houvessem cometido contra a República. Nos primeiros dias, entretanto, eram sempre fuzilados. Mereciam isso, pelas regras de luta, e por certo o esperavam." (Hemingway)
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Enfim, tenho me identificado muito com as obras deste grande autor do século 20. A leitura é recomendável para os amantes da literatura universal.

Abraços aos amig@s leitores.

William

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