sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

010121 - Diário e reflexões



Refeição Cultural

"1
É verdade, eu vivo em tempos negros.
Palavra inocente é tolice. Uma testa sem rugas
Indica insensibilidade. Aquele que ri
Apenas não recebeu ainda
A terrível notícia.

Que tempos são esses, em que
Falar de árvores é quase um crime
Pois implica silenciar sobre tantas barbaridades?
Aquele que atravessa a rua tranquilo
Não está mais ao alcance de seus amigos
Necessitados?
"

("Aos que vão nascer", Bertolt Brecht)


Primeiro dia do ano de 2021. Osasco, São Paulo.

Estou lendo Bertolt Brecht, um livro de poemas selecionados e traduzidos por Paulo César de Souza, publicado pela Editora 34. Ao ler a respeito do autor na "Cronologia da vida e da obra de Brecht", à página 345 da edição, fiquei surpreso. Que história; que vida! Que produção na dramaturgia! E eu sou um completo desconhecedor de sua obra. É uma confissão necessária.

Eu adquiri o livro entre o final de 2017 e início de 2018. Ao reler postagens do blog, vi que os poemas de Brecht foram escolhidos por mim para me acompanharem nas viagens pelo Brasil durante a campanha eleitoral da Cassi, a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, entre fevereiro e março daquele ano. Fiz duas postagens na época, ler aqui e aqui. Naquela oportunidade, li cerca de 150 páginas do livro. Agora, retomei para acabar a leitura.

Brecht nasceu na Alemanha em 1898 e morreu vítima de um enfarte em 1956, ou seja, morreu relativamente novo, aos 58 anos. Foi um dramaturgo e poeta que viveu as duas grandes guerras, a grande depressão econômica dos anos 30 e a Guerra Fria. Aos 26 anos, já tinha 3 filhos com 3 mulheres diferentes. Leu O Capital, de Karl Marx aos 28 anos. Leu Ulisses, de James Joyce, aos 30. Foi amigo de Walter Benjamin. Como refugiado, viveu em diversos países. Foi uma vida intensa e uma produção importante para nós que nos situamos na classe trabalhadora.

A leitura de seus poemas nos faz pensar muito, além de nos fazer sentir as emoções que a leitura de poesia nos faz.

Vamos ver se dedico esse período que se inicia hoje, o dificílimo ano de 2021 (com pandemia e sem vacina, com Bolsonaro e bolsonarismo, sem emprego e sem auxílio emergencial para o povo), com muita leitura, muitos estudos e com algum tipo de produção textual inovadora, que traga algo de novo para os leitores que acessarem o blog. A narrativa curta que produzi hoje tem esse intuito (ler aqui). Vamos ver se crio algo interessante no campo da ficção literária.

Temos que vencer o ódio e o medo, que nos cegam e imobilizam, e temos que vencer a divisão da classe trabalhadora. Só assim nascerá uma perspectiva de reverter a destruição do país e a miséria absoluta na qual o povo foi colocado após o golpe de Estado em 2016, o ano que ainda não terminou.

Abraços e boas leituras neste ano de 2021. Que eu e vocês encontremos amor, tolerância, resistência e imaginação.

William


Bibliografia:

BRECHT, Bertolt. Poemas 1913-1956. Seleção e tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Editora 34, 2012 (7ª edição).


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