segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Diário e reflexões - 260218 (Com Brecht, pensando a vida)




Refeição Cultural


"Não desperdicem um só pensamento

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Não desperdicem um só pensamento
Com o que não pode mudar!
Não levantem um dedo
Para o que não pode ser melhorado!
Com o que não pode ser salvo.
Não vertam uma lágrima! Mas
O que existe distribuam aos famintos
Façam realizar-se o possível e esmaguem
Esmaguem o patife egoísta que lhes atrapalha 
                             [os movimentos
Quando retiram do poço seu irmão, com as cordas 
                            [que existem em abundância.
Não desperdicem um só pensamento com o que 
                           [não muda!
Mas retirem toda a humanidade sofredora do poço
Com as cordas que existem em abundância!

(...)"

(Bertolt Brecht, Poemas 1913-1956, Editora 34)


Já é madrugada de segunda-feira, 26 de fevereiro. Estou em João Pessoa, Paraíba. 

Saí de Brasília, onde mal parei no sábado à noite, para dormir. Passei o dia na estrada, indo e voltando a Goiânia, onde fui falar sobre a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) e nossas propostas para ela. Estamos em processo eleitoral.

A semana foi de muito esforço físico e mental e pouco dormir. Não me alimentei adequadamente também. Visitei e conversei com centenas de bancários do Ceará, Piauí, Brasília, Goiás, Tocantins. Serão umas quatro semanas assim.

Isso que relatei da agenda e da rotina, eu levo de boa. Estou acostumado a atuar assim na minha vida de lutas em defesa dos direitos dos trabalhadores. Vejam cada palavra do poema de Brecht acima: eu luto e ponho meu pensamento naquilo que acredito que pode ser mudado, melhorado.

O triste é ver a degeneração dos valores humanos nos últimos anos, tanto no Brasil sob golpe de Estado, como no mundo todo. O triste é ver a destruição de meu país e das oportunidades de melhoria de vida para o povo brasileiro que amo e respeito.

Após o golpe é nítido como o país foi destruído em dois anos e a volta da miséria para o povo ao qual pertenço, o povo da classe trabalhadora, me entristece profundamente. Me dá raiva!

Algo tem que ser feito contra os poucos que destruíram os avanços, as oportunidades e as perspectivas de dias melhores para o povo brasileiro que depende do trabalho e dos direitos sociais, que precisa de um Estado forte e acolhedor para o povo.

Eu estou triste e revoltado com o que vejo. O que me coloca no centro do equilíbrio ainda é ter uma causa pela qual venho dedicando minha vida no último período. Sou movido por causas a defender. Nos últimos anos, foram os direitos dos trabalhadores bancários e as melhorias do país para o povo.

Vamos dormir um pouco e conversar com os trabalhadores nesta semana em algumas regiões do país. A causa que representei neste período que se encerra, direitos em saúde, abrange quase um milhão de vidas. Eu estou me colocando à disposição dos associados da entidade que defendi neste período.

Vim para a Paraíba lendo no voo os poemas de Bertolt Brecht. Nesta fase em que estou de sua obra, os poemas entre 1926-1933, encontrei diversos poemas que refletem fortemente a realidade e o momento por que passam o mundo, o Brasil, o povo brasileiro, o Banco do Brasil, a Cassi, nossas famílias (todos nós ainda temos as dificuldades e tristezas na família).

O poeta e dramaturgo é muito bom. Está valendo a pena conhecer sua obra.

Vamos dormir...

William

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