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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A praga do bacharelismo!!


Fortaleza dos Reis Magos, Natal (RN), fev/10

Refeição Cultural

Leitura de Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda 

Capitulo 6 - NOVOS TEMPOS 

- Finis operantis 
- O sentido do bacharelismo 
- Como se pode explicar o bom êxito dos positivistas 
- As origens da democracia no Brasil: um mal-entendido 
- Etos e eros. Nossos românticos 
- Apego bizantino aos livros 
- A miragem da alfabetização 
- O desencanto da realidade 

Algumas palavras-chave escolhidas por mim no início do texto: 

- "Aptidão para o social" (?): aqui é diferente de ordem coletiva 
- apego ao personalismo 
- somos avessos às atividades motoras e monótonas 
- nossos "intelectuais" sustentam convicções díspares 
- apego a palavras bonitas e argumentos sedutores (só!) 

A PRAGA DO BACHARELISMO!! 

É fácil compreender o preconceito contra o presidente da república do Brasil (Lula) - um torneiro mecânico de origem - quando se lê o capítulo "Novos Tempos" de Raízes do Brasil

Nele, Sérgio Buarque nos explica a "Praga do bacharelismo", que também impera por aqui (ele cita os EUA em relação ao tema). 

Aliás, a tese também explica um pouco do porquê de as pessoas se formarem, pegarem o canudo e nunca exercerem a profissão. 

"Ainda hoje (1936) são raros, no Brasil, os médicos, advogados, engenheiros, jornalistas, professores, funcionários que se limitem a ser homens de sua profissão". Esses profissionais não buscam a realização do trabalho em si senão a satisfação pessoal: finis operantis ao invés de finis operis." 

"Ocupar cinco ou seis cargos ao mesmo tempo e não exercer nenhum é coisa nada rara". 

As citações parecem feitas hoje (2010), mas são de uma obra de 1936. Veja outro caso abaixo: 

"As nossas academias diplomam todos os anos centenas de novos bacharéis, que só excepcionalmente farão uso, na vida prática, dos ensinamentos recebidos durante o curso". 

Sérgio Buarque fala um pouco da questão de Max Weber e a ética protestante. Compara a visão católica do trabalho - castigo divino e razão de sustento - com a visão protestante. Nesta, o trabalho tem uma função de "chamado" e "vocação" (Calling, beruf) e também uma função ascética mesmo para os bem posicionados na sociedade. 

No caso das colônias, a questão do prestígio do "bacharéu", mesmo que fosse de qualquer coisa, já era vício na Corte portuguesa. Uma carta de bacharéu era o caminho para o alto cargo público. 

Nesta praga do bacharelismo está também a questão do "personalismo": tão nosso, tão brasileiro. 

"De qualquer modo, ainda no vício do bacharelismo ostenta-se também nossa tendência para exaltar acima de tudo a personalidade individual como valor próprio, superior às contingências (...) O que importa salientar aqui é que a origem da sedução exercida pelas carreiras liberais vincula-se estreitamente ao nosso apego quase exclusivo aos valores da personalidade". (atualíssimo!!) 

O APEGO À FRASE PRONTA, LAPIDAR 

"O prestígio da palavra escrita, da frase lapidar, do pensamento inflexível, o horror ao vago, ao hesitante, ao fluido, que obrigam à colaboração, ao esforço e, por conseguinte, a certa dependência e mesmo abdicação da personalidade, têm determinado assiduamente nossa formação espiritual". 


Bibliografia: 

HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. Companhia das Letras, 26ª edição, 27ª reimpressão 2007.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Artigo - Reflexões sobre a vitória de Kassab, direita, darwinismo...



Refeição Cultural

Fiz a seguinte reflexão a respeito da vitória do candidato da direita em São Paulo, Gilberto Kassab:

ENOJADO PELA OPÇÃO À DIREITA DO PAULISTANO

Quando termina uma eleição e o resultado é a favor da direita, dos conservadores e reacionários, aflora em mim uma leitura mais darwiniana da evolução das espécies.

Ao ver a maioria, que é de pobres e remediados, votar na ideologia da classe dominante e nos seus algozes, tendo a achar que o que vale é a lei do mais forte, mais esperto e melhor adaptado. Caberia às massas ficarem como caças e presas da natureza implacável, onde tudo é alimento de tudo.

Em poucas palavras, diria que é a velha teoria de Quincas Borba, o HUMANITISMO.

Concordo que amanheci rancoroso e enojado em ter que sair de minha moradia em Osasco e vir trabalhar na Capital Paulista, que reelegeu o Gilberto Kassab, do partido oriundo da ditadura militar (DEM, ex-PFL, ex-PDS, ex-ARENA), para governar e administrar por mais 4 anos a cidade.

Talvez a razão mais lógica seja aquela dita por meu amigo Plínio Pavão, secretário de saúde da Contraf-CUT, que me deu uma aula de Max Weber achando razões baseadas na obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo e que também fez referência a Marx quando diz que "A ideologia dominante é a ideologia da classe dominante".

Mas gastarei alguns dias para deixar de querer que o povo paulistano se lasque e lutar para organizá-lo e lutar para mudar o status quo que ele próprio alimenta.

LEITURAS, NÃO-LEITURAS E SEGUIR SENDO NADA

Bom, achei em casa o livro do Max Weber. O problema é lê-lo, pois como fiz todas as opções erradas na minha vida (não todas, a maioria) tenho que ler e estudar sobre Morfologia e Filologia em vez de ler o que quero e a hora que quero (e isso já quase chegando aos 40 anos).

O pior é que ao fim de mais essa faculdade de Letras, não serei cousa nenhuma de novo. Assim como não fui contador; assim como não terminei a faculdade de Educação Física; assim como não terminei o curso técnico de eletrônica...