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sábado, 8 de outubro de 2022

47. Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado



Refeição Cultural - Cem clássicos

Terminei a leitura de Formação Econômica do Brasil, de Celso Furtado. O "esboço do processo histórico da formação da economia brasileira", como o autor nos diz na introdução do livro foi escrito em 1957. 

A edição que li faz parte de uma coleção de livros organizada pela Folha de São Paulo no ano 2000 - Grandes nomes do pensamento brasileiro - e repousa em minha estante há duas décadas. Só agora pude terminar uma leitura que tentei fazer há muito tempo.

A coleção de pensadores brasileiros que tenho é composta por 13 livros e li Furtado num momento muito especial da vida nacional. Temos que eleger Lula 13 para presidente no dia 30 de outubro e salvar o Brasil da completa barbárie e destruição que já vivemos desde que o crime organizado chegou ao poder após o golpe de 2016.

CONTEXTO DE LEITURA DA OBRA

Li quase a metade do livro em 2009 quando fui eleito secretário de formação da confederação dos bancários. Naquela época, quis ler e estudar tudo que me ajudasse a compreender o Brasil e o que somos. Acho que a metade que li foi muito útil para o meu exercício de representação dos colegas trabalhadores. Estudei o máximo que pude na época.

Como eu tinha uma formação na área de administração, contabilidade e economia, sempre tive facilidade com a temática que Furtado nos descreve de forma simples e para leigos como ele diz na introdução. Além de ser formado em Ciências Contábeis, fiz curso de extensão em economia pelo Cesit da Unicamp em 2004 e nos anos noventa estudei muito economia para concursos públicos.

A leitura neste momento pessoal e da história do Brasil e do mundo tem uma característica bem distinta das leituras daquela época de militância política e representação de classe. Sigo com desejo de novos conhecimentos como sempre tive desde muito jovem. Sem educação, formação e cultura não vamos a lugar algum na sociedade humana e na busca pessoal por compreender a vida humana.

FURTADO DESCREVE A ECONOMIA COMO UMA SÉRIE DE STREAMING

A leitura desse clássico em seu gênero foi feita de uma forma muito especial por mim, foi feita como se eu assistisse a uma série em canais de streaming. Li os 36 capítulos em 36 dias de leitura da obra. Cada dia lia somente um capítulo e comentava alguma coisa simplória no blog. Foi bem interessante. Li entre os dias 9 de junho e ontem 7 de outubro.

Durante minha vida de representação da classe trabalhadora, busquei atuar de uma forma que diariamente e ao longo do tempo pudesse politizar as pessoas que representava com mandatos eletivos. Ao observar que os trabalhadores têm pouco tempo para estudos, formação e cultura, cabe a um dirigente da classe pensar formas de informar e formar seus pares. 

Passei 16 anos fazendo esse esforço na base na qual atuei, a categoria bancária. Sempre tentei passar noções das coisas aos meus colegas, noções. Quem quisesse se aprofundar nos temas, que estudasse mais.

Da leitura e dos comentários que fiz ao longo desses meses ficam as noções sobre economia e sobre os efeitos das decisões econômicas na vida das pessoas em uma sociedade. A economia é muito importante em nossas vidas. Não deixem que destruam sua vida com os efeitos econômicos que poucos tomam. Isso é política!

Comecei a reler os comentários que fui fazendo desde o capítulo um e achei bem legais para relembrar a ideia central do que Furtado descreveu em cada uma das 5 partes nas quais o livro se divide:

1. Fundamentos econômicos da ocupação territorial

2. Economia escravista de agricultura tropical (século XVI e XVII)

3. Economia escravista mineira (século XVIII)

4. Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)

5. Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

Para os leitores e leitoras que tiverem interesse na leitura e nos comentários sobre essa obra fundamental de Celso Furtado, comentários bem descontraídos, com algum palavrão às vezes (dá muita raiva conhecer a nossa história de exploração), é só ler as postagens no blog. Estou revisando elas e colocando o link de uma para a outra para a pessoa ler o primeiro e ter o link para a seguinte.

NOÇÕES DE ECONOMIA NOS LEMBRAM DO DIA 30 DE OUTUBRO: CIVILIZAÇÃO OU BARBÁRIE?

Digo a vocês o quanto a leitura de Furtado me trouxe de volta as lembranças dos efeitos econômicos e políticos na nossa vida comum e cotidiana das decisões que alguns caras da elite e seus apaniguados tomam na calada da noite nos governos das mais diversas formas de organização - monarquia, república etc.

Furtado nos ensina bastante sobre os efeitos nocivos das alterações nas taxas cambiais em favor das elites e para dividir os prejuízos da casa-grande quando alguma coisa dá merda pra eles. Salva-se o patrimônio e o negócio dos ricos e o povão sofre as consequências. Inflação, desemprego, carência de direitos sociais e violência de uns contra os outros são algumas das consequências de decisões econômicas de governos.

Pergunto: é algo diferente do que está acontecendo neste exato momento de nossas vidas aqui no Brasil dominado por uma elite racista, lesa-pátria, criminosa e genocida?

Enfim, mais um clássico lido. Deixo aqui o link da primeira postagem da leitura do livro de Furtado. As seguintes estarão disponíveis. 

No momento em que publico este texto ainda não coloquei link nas 36 postagens, mas vou colocar em todas elas. Dá trabalho a releitura e a diagramação no blog. Faço o possível para que o blog seja agradável para ler, já que aqui tem muitas letras e palavras... (como critica o genocida no poder sobre textos didáticos e educacionais).

Leiam e estudem! Os tempos são de elogios à ignorância. Vocês podem não acreditar, mas tem estratégia por trás da ignorância coletiva. Os poucos que detêm o poder econômico e político no mundo têm método e têm estratégia por trás da pregação da ignorância coletiva. Busquem a formação, a cultura e a ciência.

William


Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXXVI)

Quinta Parte

Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

XXXVI. Perspectivas dos próximos decênios


"Essa disparidade de níveis de vida, que se acentua atualmente entre os principais grupos de população do país, poderá dar origem a sérias tensões regionais..." (Furtado)


Visionário, não?

Neste último capítulo, Furtado recupera em linhas gerais o que desenvolveu ao longo do livro e deixa algumas perspectivas do que poderia ocorrer no Brasil em seguida. Ele foi certeiro em algumas previsões.

"Se se prolonga a contração da procura externa, tem início um processo de desagregação e a consequente reversão a formas de economia  de subsistência. Esse tipo de interdependência entre o estímulo externo e o desenvolvimento interno existiu plenamente na economia brasileira até a Primeira Guerra Mundial, e de forma atenuada até fins do terceiro decênio deste milênio," (p. 245)

Na etapa seguinte, após a 1ª GM e os anos trinta, tem-se maiores investimentos no setor industrial e serviços conexos. Governo controla importações (foco em bens de capital e matéria prima) para fortalecer a indústria nascente e o mercado interno de consumo de produtos nacionais.

Furtado discorre sobre as relações comerciais entre as regiões do país, o Sudeste com o Sul e com o Nordeste, principalmente. A industrialização quase toda na região Sudeste vai beneficiar a população local em relação à renda per capita (ver epígrafe que cito no início do texto).

SUL - "Esse processo de articulação começou, conforme já indicamos, com a região sul do país. Por uma feliz circunstância a região rio-grandense - culturalmente a mais dissímil das demais zonas de povoamento - foi a primeira a beneficiar-se da expansão do mercado interno induzida pelo desenvolvimento cafeeiro." (p. 248)

NORDESTE - "A articulação com a região nordestina se faz por intermédio da própria economia açucareira. Nesse caso, a luta pelo mercado em expansão da região cafeeira não se realiza contra concorrentes externos, e sim contra produtores locais. A partir da segunda metade dos anos vinte, o sul do país passa a representar um mercado mais importante para o Nordeste (não incluída a Bahia) que o exterior." 

AMAZÔNIA - "Por último, a Amazônia se incluiu entre os beneficiários da grande expansão da região cafeeira-industrial. O mercado desta passa a absorver a totalidade da produção de borracha e permite a abertura de novas linhas de produção na região, como foi o caso da juta." 

INDUSTRIALIZAÇÃO CONCENTRADA EM UMA REGIÃO É PROBLEMA

Furtado diz que a industrialização começou no Brasil concomitantemente em quase todas as regiões, mas isso foi mudando ao longo do tempo por diversos fatores. As manufaturas têxteis, por exemplo, começaram no Nordeste a partir de 1844 (p. 249)

"(...) Com efeito, a participação de São Paulo no produto industrial passou de 39,6 para 45,3 por cento, entre 1948 e 1955. Durante o mesmo período a participação do Nordeste (incluída a Bahia) desceu de 16,3 para 9,6 por cento. A consequência tem sido uma disparidade crescente nos níveis de renda per capita. Em 1955, São Paulo com uma população de 10.330.000 habitantes, desfrutou de um produto 2,3 vezes maior que o do Nordeste, cuja população no mesmo ano alcançou 20.100.000. A renda per capita na região paulista era, por conseguinte, 4,7 vezes mais alta que a da região nordestina. Essa disparidade de níveis de vida, que se acentua atualmente entre os principais grupos de população do país, poderá dar origem a sérias tensões regionais. Assim como na interdependência econômica - à medida que se articulavam as distintas regiões em torno do centro cafeeiro-industrial em rápida expansão - na segunda poderá aguçar-se o temor de que o crescimento intenso de uma região é necessariamente a contrapartida da estagnação de outras." (p. 249-50)

Furtado explica no capítulo alguns motivos pelos quais a região Nordeste tem uma renda per capita menor do que a região Sudeste. 

Uma explicação do economista sobre o quanto a monocultura é complexa quanto aos efeitos bons ou ruins para a coletividade, vale a pena citar meio século depois de publicado por Furtado, por causa da condição em que se encontra o Brasil neste ano de 2022, após o golpe de Estado em 2016 e a transformação do país num fazendão exportador do agro "pop".

"O sistema de monocultura é, por natureza, antagônico a todo processo de industrialização. Mesmo que, em casos especiais, constituam uma forma racional (do ponto de vista econômico) de utilização de recursos de terra, a monocultura só é compatível com um alto nível de renda per capita quando a densidade demográfica é relativamente baixa. Ali onde é elevada essa densidade - o que ocorre na faixa úmida do Nordeste - a monocultura possibilita alcançar formas superiores de organização da produção. Com efeito, nas regiões densamente povoadas uma elevada densidade de capital por homem - condição básica para o aumento de produtividade - só se consegue com a industrialização." (p. 251-52)

E assim, cheguei ao fim da leitura do livro de Celso Furtado. Após fazer breves comentários em 36 postagens dos capítulos, farei uma postagem final de registro da leitura de mais um clássico lido em meus roteiros de busca de conhecimento pessoal. 

William


Leia aqui comentário sobre a leitura de mais um clássico da literatura brasileira e mundial, neste caso na área das ciências econômicas.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXXV)

Quinta Parte

Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

XXXV. Os dois lados do processo inflacionário


"Vejamos agora alguns dos aspectos básicos do problema da elevação do nível de preços. Assinalamos, em capítulo anterior, a tendência histórica da economia brasileira para elevar o seu nível de preços, tendência essa que refletia o processo pelo qual o setor exportador transferia para o conjunto da coletividade as suas perdas nas baixas cíclicas ou nas etapas de superprodução. Indicamos, demais, como esse mecanismo tendente a fazer subir permanentemente o nível dos preços dificultava o funcionamento do sistema do padrão-ouro..." (p. 237)


Penúltimo capítulo do "esboço" de Celso Furtado. Neste capítulo, o professor nos explica um pouco sobre os processos inflacionários. Que aula! O livro é dos anos cinquenta (escreveu em 1957). Eu fui jovem trabalhador nos anos oitenta. Me lembro da inflação alta, de dois dígitos ou mais.

Comecei a ler este livro entre 2008 e 2009, queria na época me aprofundar em economia, já que era secretário de formação da categoria bancária. Como quase tudo que li naquele período, fui até a metade do livro e deixei de acabar a leitura por outros afazeres.

Ler agora, retirado do movimento e dos mandatos eletivos, tem sua validade pelo puro prazer de estudar e ler e adquirir conhecimento. Que aula de Furtado ao longo de vários capítulos! Relembrei e aprendi noções sobre câmbio, efeitos micro e macroeconômicos de decisões políticas de governo, como o mercado se movimenta de uma ou outra forma etc.

Até a metade do livro, eu achava que ele tinha a mesma pegada do livro de Galeano - As veias abertas da América Latina - que fala das etapas de exploração dos recursos dos povos sul-americanos, mas depois que passei da metade do livro de Furtado vi que as temáticas são diferentes, neste muito mais focado em fundamentos de economia mesmo.

O QUE É INFLAÇÃO? 

Alguns excertos do capítulo nos abrem as portas para o entendimento do que seria inflação. Vale a pena a pessoa ler o capítulo inteiro. Mas duas citações ajudam a iniciar a análise.

"As observações feitas no parágrafo anterior põem a descoberto certas articulações básicas do mecanismo da inflação no Brasil. A inflação é o processo pelo qual a economia tenta absorver um excedente de procura monetária. Essa absorção faz-se por meio da elevação do nível de preços, e tem como principal consequência a redistribuição da renda real. O estudo do processo inflacionário focaliza sempre esses dois problemas: a elevação do nível de preços e a redistribuição da renda..." (p. 238)

Outra citação interessante reforça essa acima. Inflação é luta entre grupos sociais pela redistribuição da renda real.

"As observações que vimos de fazer põem a claro que a inflação é fundamentalmente uma luta entre grupos pela redistribuição da renda real e que a elevação do nível de preços é apenas uma manifestação exterior desse fenômeno." (p. 240)

Eu vivi a vida laboral e de representação sabendo que na inflação quem se ferra é o povo, mas nunca tinha visto um conceito com essa referência na luta pela redistribuição que Furtado explica. Legal!

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CHANCES DE MUDANÇAS PARA O POVO À VISTA...

Como inflação afeta o povo e o povo tá sofrendo com o governo colocado no poder pelas elites e pelos poderosos da casa-grande (através de golpe em 2016 e 2018) neste momento histórico do Brasil, vamos mudar esse cenário no próximo dia 30 de outubro, elegendo o candidato da esperança, Lula.

#LulaPresidente

#HaddadGovernador

William


Clique aqui para ler comentários sobre o capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


terça-feira, 4 de outubro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXXIV)

Quinta Parte

Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

XXXIV. Reajustamento do coeficiente de importações


Neste antepenúltimo capítulo do livro, Furtado nos conta que o governo Vargas - ele não cita quem governa mas o período no qual ele está analisando é o Brasil da era Vargas - tomou decisões políticas, econômicas e fiscais que contribuíram para o desenvolvimento do setor industrial brasileiro.

Com o fim da guerra, aumentaram as demandas por produtos de consumo importados... a economia iria ter os desequilíbrios de sempre na balança de pagamentos... mas o governo interveio na economia e na taxa de câmbio ao longo da década posterior à 2ª GM.

"Para corrigir esse desequilíbrio, as soluções que se apresentavam eram estas: desvalorizar substancialmente a moeda, ou introduzir uma série de controles seletivos das importações. A decisão de adotar a segunda dessas soluções teve profunda significação para o futuro imediato, se bem que foi tomada com aparente desconhecimento de seu verdadeiro alcance." (p. 229)

Aprendemos durante os capítulos anteriores do livro sobre os efeitos das mudanças das taxas cambiais para mais ou para menos e a influência disso na economia como um todo e na distribuição da renda monetária ou na acumulação da riqueza.

Lá no século 19, cada vez que os governos desvalorizavam a moeda nacional, os caras do agro "pop" (cafeeiros) eram beneficiados e o povão sentia o efeito inflacionário no consumo popular por causa da necessidade de importados nas coisas do dia a dia.

As soluções econômicas tiveram outra dinâmica após a crise de 1929 e após a 2ª Guerra Mundial. Houve foco na indústria e produção nacionais:

"Ao aumentar a produtividade, as indústrias transferiram parte do fruto dessa melhora para o conjunto da população, por meio de uma baixa relativa de preços. Assim, entre 1945 e 1953, a elevação dos preços dos produtos industriais de produção interna foi de cerca de 60 por cento enquanto o nível geral de preços da economia aumentava mais de 130 por cento..." (p. 231)

Em meados do século 20, o governo resolveu controlar mais a taxa de câmbio e fazer um controle seletivo das importações, facilitando a entrada de bens de capital e matéria prima para fortalecer as indústrias nacionais e o consumo interno do país. Por outro lado, dificultou a entrada de bens de consumo, também favorecendo a indústria nacional e o consumo das famílias.

Enfim, o capítulo termina mostrando que o setor de indústrias foi fortalecido e o consumo interno também.

"A política cambial, baixando relativamente os preços dos equipamentos e assegurando proteção contra concorrentes externos, criou a possibilidade de que esse enorme aumento de produtividade econômica fosse em grande parte capitalizado no setor industrial. Dessa forma a taxa de capitalização pôde elevar-se sem que com isso se impedisse um crescimento substancial do consumo..." (p. 234)

A leitura desse livro de Furtado foi uma aula para mim. Eu havia me esquecido de diversos conceitos de micro e macroeconomia e lendo aos poucos o esboço da Formação Econômica do Brasil pude entender bem melhor o porquê de as coisas serem como são no Brasil de hoje, a pior distribuição de renda do planeta.

Para termos mais chances de decisões econômicas favorecerem o povo em geral, afirmo sem dúvida que temos que eleger Lula presidente no próximo dia 30 de outubro.

#LulaPresidente!

William


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Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


domingo, 2 de outubro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXXIII)

Quinta Parte

Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

XXXIII. O desequilíbrio externo e sua propagação


Celso Furtado começa o capítulo relembrando que a baixa dos preços dos produtos confeccionados no Brasil na década de trinta (1931-40) permitiu certo desenvolvimento industrial neste país periférico. Desvalorização de nossa moeda faz com que as importações fiquem inviáveis ou diminuam.

O capítulo é grande e Furtado explica várias movimentações ocorridas no Brasil e no mundo no período posterior ao crash da bolsa de Nova Iorque e durante a década da 2ª Guerra Mundial. Ele está terminando o livro, pois está avaliando os fatos e dados até meados dos anos cinquenta, quando escreve.

A leitura do capítulo se deu num contexto no qual a minha cabeça está toda centrada nas eleições deste domingo, 2 de outubro, e nos resultados que virão no final do dia, se Lula será eleito ou não em 1º turno e os resultados importantíssimos nas eleições parlamentares, além dos governadores.

Se fosse para citar alguns trechos do capítulo, o que é algo trabalhoso porque é só um registro de leitura pouco acessado e mais para minha própria fixação de leitura, teria que citar várias passagens, que falam das questões na taxa de câmbio, na inviabilidade do padrão-ouro em economias exportadoras de matérias primas (p. 218) etc.

Não vou fazer isso. Tá feito o registro de que li mais um capítulo do Furtado e a formação de nossa economia. Se precisar, recorro aos meus rabiscos no livro físico.

Espero que tudo dê certo nas eleições de hoje e que a gente consiga se libertar dessa desgraça que se abateu sobre nós desde o golpe de Estado em 2016. 

Torço para que o verme no poder e sua família e parte de seus apoiadores sejam varridos da política e da história. O bolsonarismo seguirá, mas quem sabe não comecemos a julgar esses assassinos e criminosos.

William


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Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXXII)

Quinta Parte

Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

XXXII. Deslocamento do centro dinâmico


"Desta forma, a política de fomento da renda, implícita na defesa dos interesses cafeeiros, era igualmente responsável por um desequilíbrio externo que tendia a aprofundar-se. A correção desse desequilíbrio se fazia, evidentemente, à custa de forte baixa no poder aquisitivo externo da moeda. Essa baixa se traduzia numa elevação dos preços dos artigos importados, o que automaticamente comprimia o coeficiente de importações." (p. 209)

O ajuste nas contas nacionais se dava no Brasil sempre em função de beneficiar os caras do agro "pop". A depreciação do câmbio aumentava o preço interno dos produtos. O equilíbrio se dava por diminuição do consumo de produtos importados.

Essa consequência de aumento dos preços das coisas importadas acabou melhorando o mercado interno para se produzir aqui algumas coisas.

"O crescimento da procura de bens de capital, reflexo da expansão da produção para o mercado interno, e a forte elevação dos preços de importação desses bens, acarretada pela depreciação cambial, criaram condições propícias à instalação no país de uma indústria de bens de capital." (p. 210/11)

Não é comum em países periféricos às metrópoles imperialistas ter-se oportunidade para o desenvolvimento de um setor industrial. O papel desses países é ser pasto e exportador de commodities. 

Furtado nos conta que nos anos trinta do século vinte essa lógica de terceiro mundo acabou não ocorrendo aqui e o Brasil conseguiu desenvolver uma indústria nacional muito em função da economia interna.

"(...) Ora, as condições que se criaram no Brasil nos anos trinta quebraram este círculo. A procura de bens de capital cresceu exatamente numa etapa em que as possibilidades de importação eram as mais precárias possíveis." (p. 211)

Enfim, o consumo interno foi uma das soluções para a crise de 1929 e a grande depressão.

"(...) É evidente, portanto, que a economia não somente havia encontrado estímulo dentro dela mesma para anular os efeitos depressivos vindos de fora e continuar crescendo, mas também havia conseguido fabricar parte dos materiais necessários à manutenção e expansão de sua capacidade produtiva." 

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BRASIL DE LULA (PT) APOSTOU NA ECONOMIA INTERNA NA CRISE DO SUBPRIME E SE SAIU BEM EM FAVOR DO POVO

Neste século 21 vimos a crise do subprime afundar economias mundo afora a partir de 2008.

O Brasil do governo Lula (PT) conseguiu se sair muito melhor que a maioria dos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos com políticas anticíclicas e forte atuação dos bancos públicos.

Mesmo assim, anos depois, viria o golpe de Estado contra os governos do PT e contra o povo brasileiro. Afundamos a partir de 2016 numa fossa de merda com o crime organizado se apoderando do Estado e destruindo tudo.

Enfim, estou terminando a leitura do livro clássico de Celso Furtado.

Espero estarmos também caminhando para o fim do caos e destruição do Brasil elegendo Lula no domingo 2 de outubro e encerrando o período nefasto da máfia no poder.

É isso!

#LulaNo1ºTurno

William


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Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


domingo, 25 de setembro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXXI)

Quinta Parte

Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

XXXI. Os mecanismos de defesa e a crise de 1929


Este capítulo foi bem interessante. Furtado explica como sucedeu no Brasil a questão da crise da bolsa de Nova Iorque e nos surpreende ao final com algo que eu não tinha ideia. Explicando efeitos macroeconômicos das mutretas feitas para proteger os cafeicultores do agro "pop", ocorreu no Brasil de forma "inconsciente" como ele diz, os efeitos das políticas keynesianas tomadas anos depois para recuperar níveis de emprego e renda em tempos de crise. Que coisa, heim?

No início, Furtado repete a explicação de como o Brasil protegia os caras do agro depreciando o câmbio quando baixavam os preços do café lá fora. Isso mantinha o lucro dos caras da casa-grande e ferrava o povo gerando inflação nos produtos de consumo que tinham insumos importados. Isso foi explicado em capítulos anteriores.

"Como a depreciação da moeda era menor que a baixa de preços, pois também estava influenciada por outros fatores, era claro que se chegaria a um ponto em que o prejuízo acarretado aos produtores de café seria suficientemente grande para que estes abandonassem as plantações. Somente então se restabeleceria o equilíbrio entre a oferta e a procura do produto." (p. 201)

DEVE-SE DESTRUIR O CAFÉ EXCEDENTE... E AÍ, DEIXA APODRECER NO PÉ OU COLHE E QUEIMA?

Na página 204 tem uma tabela citando exemplos com o multiplicador de desemprego (multiplicador 3, no caso). Nela, se mostra o efeito na renda total da coletividade conforme situações diferentes.

"O caso (c) reflete aproximadamente a experiência brasileira dos anos da depressão, quando os preços pagos ao produtor de café foram reduzidos à metade, permitindo-se, entretanto, que crescesse a quantidade produzida. A redução da renda monetária, no Brasil, entre 1929 e o ponto mais baixo da crise, se situa entre 25 e 30 por cento, sendo, portanto, relativamente pequena se se compara com a de outros países. Nos EUA, por exemplo, essa redução excedeu a 50 por cento, não obstante os índices de preços por atacado, desse país, tenham sofrido quedas muito inferiores às do preço do café no comércio internacional. A diferença está em que nos EUA a baixa de preços acarretava enorme desemprego, ao contrário do que se estava ocorrendo no Brasil, onde se mantinha o nível de emprego se bem que se tivesse de destruir o fruto da produção. O que importa ter em conta é que o valor do produto que se destruía era muito inferior ao montante da renda que se criava. Estávamos, em verdade, construindo as famosas pirâmides que anos depois preconizaria Keynes." (p. 204/5)

Ou seja, sob a ótica da macroeconomia, era melhor mandar os trabalhadores colherem o café e depois tocar fogo no produto. Como explico em textos meus, no capitalismo alimento não é alimento, é mercadoria... 

E Furtado segue com a lógica de sua interpretação:

"Dessa forma, a política de defesa do setor cafeeiro nos anos da grande depressão concretiza-se num verdadeiro programa de fomento da renda nacional. Praticou-se no Brasil, inconscientemente, uma política anticíclica de maior amplitude que a que se tenha sequer preconizado em qualquer dos países industrializados." (p. 205)

COMENTÁRIO: atenção, isso não serve para qualquer comparação com os dias atuais (2022) com os desgraçados do agro "pop" apoiadores do regime fascista no poder. Uma coisa era os anos trinta do século passado com uso intensivo de mão de obra no setor agro e outra coisa é 2022 onde praticamente não se usa mão de obra no setor agro. É tudo máquina e poucas mãos humanas... o lucro é todo enfiado no rabo dos caras da casa-grande. É minha leitura sobre a questão!

Voltando a Furtado, ele conclui o capítulo reforçando que a solução para a crise se deu internamente e de forma inconsciente.

"É, portanto, perfeitamente claro que a recuperação da economia brasileira, que se manifesta a partir de 1933, não se deve a nenhum fator externo e sim à política de fomento seguida inconscientemente no país e que era um subproduto da defesa dos interesses cafeeiros." (p. 205-6)

É isso, vivendo e aprendendo. É melhor ler do que não ler os clássicos, já dizia Italo Calvino, e Celso Furtado é sem dúvidas um clássico em sua área de conhecimento. 

William


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Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


terça-feira, 20 de setembro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXX)

Quinta Parte

Economia de transição para um sistema industrial (século XX)

XXX. A crise da economia cafeeira


"(...) Ao comprovar-se a primeira crise de superprodução, nos anos iniciais deste século, os empresários brasileiros logo perceberam que se encontravam em situação privilegiada, entre os produtores de artigos primários, para defender-se contra a baixa de preços. Tudo o de que necessitavam eram recursos financeiros para reter parte da produção fora do mercado, isto é, para contrair artificialmente a oferta." (p. 192)

Este capítulo foi um reforço no aprendizado de noções de economia. Furtado nos faz perceber o quanto são drásticos os efeitos das políticas governamentais ao se mexer no valor do câmbio.

"(...) Se os efeitos da crise de 1893 puderam ser absorvidos por meio de depreciação externa da moeda, a situação de extrema pressão sobre a massa de consumidores urbanos, que já existia em 1897, tornou impraticável insistir em novas depreciações. Já assinalamos que essa excessiva pressão levou a uma crescente intranquilidade social e finalmente à adoção de uma política tendente à recuperação da taxa de câmbio." (p. 192)

Ao depreciar o câmbio, aumentando o valor da moeda estrangeira em relação à nossa, alguns setores se dão bem e outros se ferram. Basicamente, aqueles que exportam se dão bem (tipo o agro "pop"), aqueles que dependem de importação se ferram (com a inflação, por exemplo).

O capítulo é dedicado a demonstrar a crise de superprodução de café nos primeiros 3 decênios do século 20, o Brasil detinha 3/4 do mercado mundial. Quem mandava na 1ª república eram os cafeicultores (política do café... "com leite" eu não sei se é fato).

Ao se manterem os lucros dos caras do agro "pop" (cafeicultores) com preços artificiais no mercado (controlando estoque, a oferta), o Brasil foi empurrando com a barriga a merda que daria lá na frente, na crise de 1929.

A putaria foi tão grande que inventaram uma tal política de "valorização" que consistia no fato de o governo comprar os estoques excedentes do agro "pop" pagando com empréstimos tomados no exterior. Ou seja, enche-se as burras dos caras de dinheiro e a gente paga a conta.

"A retenção da oferta possibilitava a manutenção de elevados preços no mercado internacional. Esses preços elevados se traduziam numa alta taxa de lucratividade para os produtores, e estes continuavam a intervir em novas plantações." (p. 195)

Apesar de todo o conluio do agro "pop" com o governo e em prejuízo do povo, a crise de superprodução de café era algo incontornável e acabou dando merda.

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EM UMA ATIVIDADE ECONÔMICA DE NATUREZA TIPICAMENTE COLONIAL...

"O equilíbrio entre oferta e procura dos produtos coloniais obtinha-se, do lado desta última, quando se atingia a saturação do mercado, e do lado da oferta quando se ocupavam todos os fatores de produção - mão de obra e terras - disponíveis para produzir o artigo em questão. Em tais condições era inevitável que os produtos coloniais apresentassem uma tendência, a longo prazo, à baixa de seus preços." (p. 196)

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Leitores, o capítulo é uma aula do que acontece ainda hoje no governo fascista apoiado por parte do agro "pop" da casa-grande lesa-pátria. Uma aula!

As eleições brasileiras estão aí, faltam poucos dias até 2 de outubro de 2022. 

Vamos votar #Lula13Presidente e nos dar uma chance de mudar toda essa tragédia econômica, política, social e ambiental que vivemos desde o golpe de Estado em 2016.

William


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Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXIX)

Quarta Parte

Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)

XXIX. A descentralização republicana e a formação de novos grupos de pressão


Como vimos no capítulo anterior, a depreciação do câmbio para beneficiar os exportadores brasileiros era um procedimento que só beneficiava os caras da casa-grande. O governo se ferrava na arrecadação e a população se ferrava para adquirir as coisas essenciais do viver: roupa, comida, utensílios.

Além do que já citamos no capítulo anterior (ver aqui), ainda tem os empréstimos externos para manter esse sistema de concentração de riqueza na casa-grande e a inflação para piorar a vida do povão...

"A forma de operar do sistema fiscal merece particular atenção, pois, se por um lado contribuía para reduzir o impacto das flutuações externas, por outro agravava o processo de transferência regressiva da renda nas etapas de depressão. O fato de que se reduzisse a carga fiscal ao depreciar-se a moeda - isto é, nas etapas em que os preços dos produtos exportados baixavam no mercado internacional - operava evidentemente como um fator compensatório da pressão deflacionária externa. Sem embargo, a redução da carga fiscal se fazia principalmente em benefício dos grupos sociais de rendas elevadas. Por outro lado, a cobertura dos déficits com emissões de papel-moeda criava uma pressão inflacionária, cujos efeitos imediatos se sentiam mais fortemente nas zonas urbanas. Dessa forma, a depressão externa (redução dos preços das exportações) transformava-se internamente em um processo inflacionário." (p. 174)

Furtado nos explica os conflitos de interesses que começam a ficar evidentes nos dois últimos decênios do século 19, o último imperial e o decênio que começa com a república.

O último parágrafo do capítulo resume o que viria a ocorrer nos próximos decênios com as divisões políticas estabelecidas com o novo regime republicano.

"Se a descentralização republicana deu maior flexibilidade político-administrativa ao governo no campo econômico, em benefício dos grandes interesses agrícola-exportadores, por outro lado a ascensão política de novos grupos sociais, de rendas não derivadas da propriedade - facilitada pelo regime republicano - veio reduzir substancialmente o controle que antes exerciam aqueles grupos agrícola-exportadores sobre o governo central. Tem início assim um período de tensões entre os dois níveis de governo - estadual e federal - que se prolongará pelos primeiros decênios do século atual." (p. 177)

E assim, vamos agora para a última parte do esboço de Furtado. Pouco a pouco, vou avançando no clássico Formação Econômica do Brasil.

William


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Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXVIII)

Quarta Parte

Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)

XXVIII. A defesa do nível de emprego e a concentração da renda


Nesses últimos capítulos dessa quarta parte do esboço de Furtado sobre a formação econômica do Brasil vê-se claramente como chegamos aonde chegamos no Brasil da pior distribuição de renda do planeta. É impressionante como as coisas se explicam.

Furtado explica a manobra feita no câmbio para beneficiar os coronéis do agro "pop" de um século atrás para foder a população toda. É um repeteco até chato de como o povo paga a conta das merdas feitas na economia em benefício de uns filhos da puta da casa-grande.

No início do capítulo, Furtado explica que havia dois fatores abundantes por aqui para a produção de café: mão de obra e terras disponíveis. Por isso não era necessário investir capital para aumentar a produtividade "física" do produto de exportação. Ganhava-se mais ou menos de acordo com o preço do produto lá fora.

"As condições econômicas em que se desenvolvia a cultura do café não criavam, portanto, nenhum estímulo ao empresário para aumentar a produtividade física, seja da terra seja da mão de obra por ele utilizadas." (p. 166)

Pelas regras do liberalismo e do capitalismo, os empresários acumulariam mais lucros ou menos de acordo com os preços e as demandas do mercado internacional pra suas commodities... mas aqui é Brasil, né!

"A redução do valor externo da moeda significava, demais, um prêmio a todos os que vendiam divisas estrangeiras, isto é, aos exportadores. Para aclarar esse mecanismo, vejamos um exemplo. Suponhamos que, na situação imediatamente anterior à crise, o exportador de café estivesse vendendo a saca a 25 dólares e transformando esses dólares em 200 cruzeiros, isto é, ao câmbio de 8 cruzeiros por dólar. Desencadeada a crise, ocorreria uma redução, digamos, de 40 por cento do preço de venda da saca de café, a qual passava a ser cotada a 15 dólares. Se a economia funcionasse num regime de estabilidade cambial tal perda de dez dólares se traduziria, pelas razões já indicadas, em uma redução equivalente dos lucros do empresário. Entretanto, como o reajustamento vinha através da taxa cambial, as consequências eram outras. Admitamos que, ao deflagrar a crise, o valor do dólar subisse de 8 para 12 cruzeiros. Os 15 dólares a que o nosso empresário estava vendendo agora a saca do café já não valiam 120 cruzeiros mas sim 180. Dessa forma, a perda do empresário, que em moeda estrangeira havia sido de 40 por cento, em moeda nacional passava a ser de 10 por cento." (p. 169)

Como diz o ministro canalha do inominável no poder atual, dólar alto não seria só para parar com essa festa de empregada doméstica viajar pra Disney, é uma questão de livrar a cara dos exportadores e foder o resto do povo nos preços das coisas que dependem de importação nos insumos.

Furtado segue:

"O processo de correção do desequilíbrio externo significava, em última instância, uma transferência de renda daqueles que pagavam as importações para aqueles que vendiam as exportações. Como as importações eram pagas pela coletividade em seu conjunto, os empresários exportadores estavam na realidade logrando socializar as perdas que os mecanismos econômicos tendiam a concentrar em seus lucros." 

Por mais que a casa-grande dos exportadores também consumisse produtos importados, era a grande massa da sociedade que se ferrava.

"Bastaria atentar na composição das importações brasileiras no fim do século passado e começo deste, 50 por cento das quais eram constituídas por alimentos e tecidos, para dar-se conta do vulto dessa transferência..."

CONCENTRAÇÃO DE RENDA É POLÍTICA DE GOVERNO NO BRASIL, ONTEM E HOJE

"Em síntese, os aumentos de produtividade econômica alcançados na alta cíclica eram retidos pelo empresário, dadas as condições que prevaleciam de abundância de terras e de mão de obra. Havia, portanto, uma tendência à concentração da renda nas etapas de prosperidade. Crescendo os lucros mais intensamente que os salários, ou crescendo aqueles enquanto estes permaneciam estáveis, é evidente que a participação dos lucros no total da renda territorial tendia a aumentar. Na etapa de declínio cíclico, havia uma forte baixa na produtividade econômica do setor exportador. Pelas mesmas razões por que na alta cíclica os frutos desse aumento de produtividade eram retidos pela classe empresarial, na depressão os prejuízos da baixa de preços tenderiam a concentrar-se nos lucros dos empresários do setor exportador. Não obstante, o mecanismo pelo qual a economia corrigia o desequilíbrio externo - o reajustamento da taxa cambial - possibilitava a transferência do prejuízo para a grande massa consumidora. Destarte, o processo de concentração de riqueza, que caracterizava a prosperidade, não encontrava um movimento compensatório na etapa de contração da renda." (p. 169/170)

Legal, né?

Um século depois, tudo segue igual e até pior. Viva o agro "pop"! Viva o preço alto do combustível para encher o cu de dinheiro dos acionistas da Petrobras, que agora não é mais nossa! Viva!

William


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Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


domingo, 11 de setembro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXVII)

Quarta Parte

Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)

XXVII. A tendência ao desequilíbrio externo


Neste capítulo, Furtado vai discorrer sobre fundamentos econômicos, o texto é até meio chato, mas necessário para se compreender causas e efeitos de modelos econômicos.

"Numa economia do tipo da brasileira do século XIX, o coeficiente de importações era particularmente elevado, se se tem em conta apenas o setor monetário, ao qual se limitavam praticamente as transações externas. Por outro lado, os desequilíbrios na balança de pagamentos eram relativamente muito mais amplos, pois refletiam as bruscas quedas de preços das matérias-primas no mercado mundial. Por último, caberia ter em conta as inter-relações entre o comércio exterior e as finanças públicas, pois o imposto às importações era a principal fonte de renda do governo central." (p. 160/161)

AS IDEIAS FORA DO LUGAR

Furtado vai explicar o quanto foi equivocado os economistas e os agentes públicos quererem simplesmente aplicarem aqui as teorias econômicas e de sistemas de pagamentos que funcionavam bem nos países centrais. O padrão-ouro não dava certo em economias como a brasileira, que não era industrializada e com pouca circulação de moedas na economia interna.

"(...) Em tais condições, é fácil prever as imensas reservas metálicas que exigiria o pleno funcionamento do padrão-ouro numa economia como a do apogeu do café no Brasil. À medida que a economia escravista-exportadora era substituída por um novo sistema, com base no trabalho assalariado, tornava-se mais difícil o funcionamento do padrão-ouro." (p. 163)

Como disse, o capítulo é até meio chato. Pra ficar claro os motivos da não adequação do padrão-ouro aqui, seria necessário eu citar muita coisa na postagem. 

Pra mim, o essencial é a questão de ser bem antiga essa coisa de querer aplicar aqui ou nos países com origens distintas dos países imperialistas e colonizadores as teorias econômicas deles pra nós. Um século depois, o FMI e as demais agências internacionais seguem fazendo a mesma merda...

É isso.

William


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Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


sábado, 10 de setembro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXVI)

Quarta Parte

Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)

XXVI. O fluxo de renda na economia de trabalho assalariado


Importantes as explicações de Celso Furtado sobre os efeitos da distribuição de renda do trabalho entre a parte assalariada da sociedade, a classe trabalhadora, em relação aos donos do poder, que concentram renda e lucro.

"(...) A fim de simplificar a análise, dividiremos essa renda em dois grupos gerais: renda dos assalariados e renda dos proprietários. O comportamento desses dois grupos, no que respeita à utilização da renda, é sabidamente muito distinto. Os assalariados transformam a totalidade, ou quase totalidade, de sua renda em gastos de consumo. A classe proprietária, cujo nível de consumo é muito superior, retém parte de sua renda para aumentar seu capital, fonte dessa mesma renda." (p. 156)

O país e a sociedade como um todo ganha quando a renda é distribuída para o conjunto da população, isso desde quando o mundo é mundo. Mas os desgraçados donos do poder e dos recursos não querem nem saber disso.

Furtado explica que parte da mão de obra que já havia no Brasil e que estava ociosa ou subutilizada se deslocou para o setor cafeeiro quando este passou a se desenvolver mais entre o final do século 19 e começo do 20.

"Bastou que esse salário fosse, em termos absolutos, mais elevado do que aqueles pagos nos demais setores da economia, e que a produção se expandisse, para que a força de trabalho se deslocasse. Portanto, teve importância fundamental, no desenvolvimento do novo sistema econômico baseado no trabalho assalariado, a existência da massa de mão de obra relativamente amorfa que se fora formando no país nos séculos anteriores." (p. 157)

"EXÉRCITO DE RESERVA" AJUDOU A MANTER SALÁRIOS BAIXOS NO BRASIL

Mesmo com a vinda de mão de obra da Europa para as plantações de café, o salário se manteve baixo porque havia muita disponibilidade de mão de obra por aqui.

"Se a expansão da economia cafeeira houvesse dependido exclusivamente da mão de obra europeia imigrante, os salários ter-se-iam estabelecido a níveis mais altos, à semelhança do que ocorreu na Austrália e mesmo na Argentina. A mão de obra de recrutamento interno - utilizada principalmente nas obras de desflorestamento, construções e tarefas auxiliares - exerceu uma pressão permanente sobre o nível médio dos salários." (p. 157)

Não tem jeito, no capitalismo só os donos dos meios e do poder é que se dão bem, os explorados só se ferram.

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COMENTÁRIO

Mesmo que lentamente, vou lendo os ensinamentos do professor Celso Furtado. O livro é de meados do século passado, mas as explicações dos fatores econômicos são bastante atuais.

É isso. Estudar e compreender melhor por que as coisas são como são é melhor do que ficar por aí gastando as horas do dia da nossa única vida ouvindo e vendo as inutilidades dos atuais "influenciadores" comentando bobagens e dizendo bobagens para influenciar seus zilhões de seguidores numa retroalimentação da ignorância que vai nos levar ao fim de tudo.

Sem educação e ciências, caminhamos para o fim da humanidade.

William


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Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


sábado, 3 de setembro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXV)

Quarta Parte

Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)

XXV. Nível de renda e ritmo de crescimento na segunda metade do século XIX


Voltei à leitura desse clássico de Celso Furtado após quase um mês lidando com outros afazeres que me impediram de sentar alguns minutos para ler com reflexão essa obra.

Neste capítulo, Furtado apresenta dados do crescimento da população brasileira por regiões do país na segunda metade do século 19. Também fala do desenvolvimento econômico em cada região e avalia as rendas per capita de cada uma delas. Conclui que o crescimento econômico no século não foi pequeno ao considerar o último período, ruins foram os 3/4 iniciais do século, com estagnação.

Vamos ver alguns excertos:

"Para fins de análise do comportamento da renda real, no período que estamos considerando, convém dividir a economia brasileira em três setores principais. O primeiro, constituído pela economia do açúcar e do algodão e pela vasta zona de economia de subsistência a ela ligada, se bem que por vínculos cada vez mais débeis. O segundo, formado pela economia principalmente de subsistência do sul do país. O terceiro, tendo como centro a economia cafeeira." (p. 148)

Dessas regiões, a que teria tido taxa de crescimento da renda per capita negativa seria a do Nordeste (8 Estados menos a Bahia), com -0,6%, conforme a nota 134. A região Sudeste (Centro, segundo Furtado) era a região cafeeira.

"Duas regiões de importância econômica permaneceram fora dos três sistemas a que fizemos referência. São elas o Estado da Bahia, que compreendia em 1872 treze por cento do total da população do país, e a Amazônia, à qual correspondiam 3 por cento da população na mesma época." (p. 151)

COMPARAÇÃO ENTRE BRASIL E EUA NO SÉCULO XIX

"Dessas suposições se deriva que, no meio século referido, a renda real do Brasil se teria multiplicado por 5,4, o que representa uma taxa de crescimento per capita de 1,5 por cento. Essa taxa de crescimento é elevada, com respeito ao desenvolvimento da economia mundial no século XIX. Durante a mesma época a renda real dos EUA se multiplicou por 5,7, mas, dado o crescimento mais intenso de sua população, a taxa per capita é algo menor que a indicada para o Brasil. A diferença fundamental está em que, enquanto os EUA na segunda metade do século XIX mantiveram um ritmo de crescimento que vinha do último quartel do século anterior, o Brasil iniciou uma etapa de crescimento após três quartos de século de estagnação e provavelmente de retrocesso em sua renda per capita." (p. 153)

E Furtado conclui, então:

"Esse atraso tem sua causa não no ritmo de desenvolvimento dos últimos cem anos, o qual parece haver sido razoavelmente intenso, mas no retrocesso ocorrido nos três quartos de século anterior. Não conseguindo o Brasil integrar-se nas correntes em expansão do comércio mundial durante essa etapa de rápida transformação das estruturas econômicas dos países mais avançados, criaram-se profundas dissimilitudes entre seu sistema econômico e os daqueles países." (p. 153/4)

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COMENTÁRIO:

Daqui algumas semanas o povo brasileiro vai às urnas em 2 de outubro de 2022 para decidir que Brasil teremos para os próximos anos. Estamos vivendo um dos períodos de maiores retrocessos em nossos cinco séculos como colônia de exploração dos países do imperialismo do Norte. 

Poucas vezes tivemos alguma autonomia e soberania como país independente nos últimos 200 anos, a exemplo do período governado pelo Partido dos Trabalhadores, entre 2003 e 2015, quando tivemos uma política "ativa e altiva" com os demais países do mundo. 

Esperemos que a maioria do povo tenha juízo e amor-próprio e escolha Lula para presidente e uma grande bancada de parlamentares do campo da esquerda, espectro político que representa os legítimos interesses do povão brasileiro.

William


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Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


terça-feira, 9 de agosto de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXIV)

Quarta Parte

Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)

XXIV. O problema da mão de obra

IV. Eliminação do trabalho escravo


"O caso da ilha de Antígua é apresentado na literatura especializada inglesa como demonstrativo do caráter puramente formal da abolição da escravatura ali onde as terras estavam monopolizadas por uma classe social. A assembleia dessa ilha dispensou os escravos das obrigações criadas pelo Apprenticeship System, introduzido pelo parlamento britânico como medida de transição na abolição da escravatura. Esse sistema obrigava os escravos maiores de 6 anos a trabalhar 6 anos para os seus amos durante uma jornada de 7 1/2 horas diárias, mediante alimentação, roupa e alojamento. Ao escravo ficava a possibilidade de trabalhar pelo menos duas horas e meia diárias mais, mediante salário. Concedendo de imediato a liberdade total, os latifundistas de Antígua se concertaram para fixar um salário de subsistência extremamente baixo. A consequência foi que os ex-escravos, em vez de trabalhar 7 1/2 horas para cobrir os gastos de subsistência, como ocorreria se se aplicasse o Apprenticeship System, tiveram de trabalhar dez horas diárias para alcançar o mesmo fim. Não existindo possibilidade prática de encontrar ocupação fora das plantações, nem de emigrar, os antigos escravos tiveram de submeter-se. Com razão se pôde afirmar no Parlamento britânico, nessa época, que os milhões de libras de indenização pagos pelo governo da Grã-Bretanha aos senhores de escravos antilhanos constituíram um simples presente, sem consequências práticas para a vida das populações trabalhadoras. Em outras palavras, a abolição da escravatura só trouxe benefícios aos escravistas. Para uma análise completa do caso de Antígua veja-se LAW MATHIESON, British Slavery and Its Abolition 1823-1838, Londres, 1926." (Nota 124, p. 183)


A leitura desse capítulo me deixou numa bad danada. Vi nele o mundo ao meu redor neste momento, dia 9 de agosto de 2022 do século 21. É o tal materialismo histórico que a gente nem lembra que existe. Estamos num clima tão infestado de mitos e mentiras e sofistas aproveitadores da ignorância alheia que acabamos por ser fisgados nessa lavagem cínica que empesta o nosso dia.

Que bad!

"Prevalecia então a ideia de que um escravo era uma 'riqueza' e que a abolição da escravatura acarretaria o empobrecimento do setor da população que era responsável pela criação de riqueza no país." (p. 141)

COMENTÁRIO - Que o diga o senhor José de Alencar, escritor famoso e aclamado, defensor da manutenção da escravidão no Brasil (ler a respeito aqui).

"Propriedade da força de trabalho"

Furtado comenta um pouco no capítulo a questão da disputa por quem detém a "propriedade da força de trabalho" assim como a questão da reforma agrária e a propriedade da terra; fatores de produção.

COMENTÁRIO - Fizeram a formalidade da abolição da escravidão em 1888 e no dia seguinte como ficaram as coisas? Leia a citação acima, da nota 124. Até hoje, seguimos com a "propriedade da força de trabalho" e sem propriedade de mais nada... e as máquinas fazem agora o que boa parte da humanidade fazia... e os lucros não são distribuídos ao povo nem sequer com a redução da jornada de trabalho. Pelo contrário, os novos escravos não trabalham mais 10 horas como na referência aos escravos de Antígua para sua subsistência... trabalham 24 horas...

Que bad!

"Se bem não existam estudos específicos sobre a matéria, seria difícil admitir que as condições materiais de vida dos antigos escravos se hajam modificado sensivelmente, após a abolição, sendo pouco provável que esta última haja provocado uma redistribuição de renda de real significado." (p. 143)

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"necessidades" diferentes de acordo com o desenvolvimento mental

Essa parte final do capítulo me deixou muito incomodado. Talvez pela forma como Furtado abordou o tema, talvez porque eu concorde com ele ao ver o mundo ao meu redor.

Ao explicar que os escravos libertos na região central do país, a região do café, preferiam trabalhar só alguns dias porque isso era o suficiente para a subsistência deles, Furtado diz:

"O homem formado dentro desse sistema social está totalmente desaparelhado para responder aos estímulos econômicos. Quase não possuindo hábitos de vida familiar, a ideia de acumulação de riqueza é praticamente estranha. Demais, seu rudimentar desenvolvimento mental limita extremamente suas 'necessidades'. Sendo o trabalho para o escravo uma maldição e o ócio o bem inalcançável, a elevação de seu salário acima de suas necessidades - que estão definidas pelo nível de subsistência de um escravo - determina de imediato uma forte preferência pelo ócio." (p. 144)

Na hora, escrevi no canto do livro: "Caraca! Pensei nos novos escravos hoje... qual o nível de necessidades deles?"

Mas logo em seguida, me lembrei do quanto as ideologias da classe dominante atuaram para nos convencer de que nós das classes subalternas somos "preguiçosos" e não queremos "subir na vida" e merdas do tipo... que foda! Foram séculos de ideólogos da elite do atraso enfiando isso em nossas cabeças... (até chegarem na sofismática palavra "meritocracia")

Mais adiante, Furtado diz:

"(...) Podendo satisfazer seus gastos de subsistência com dois ou três dias de trabalho por semana, ao antigo escravo parecia muito mais atrativo 'comprar' o ócio que seguir trabalhando quando já tinha o suficiente 'para viver'..." (p. 144/145)

E eu anotei no livro: "Me lembrei das discussões que tinha com os gerentes do banco sobre não aceitar vender meus dias de férias...".

Uma vez, achei tão fdp o gerente me pressionando para vender minhas férias que disse pra ele que se eu tivesse dinheiro, eu era caixa executivo, eu aceitaria comprar dias de férias dele ao invés de vender os meus dias.

E Furtado termina esse 4º capítulo abordando a transição do trabalho escravo para o assalariado demonstrando que a forma como a abolição foi feita traria consequências profundas para a sociedade brasileira em relação ao desenvolvimento econômico do país, principalmente para a parcela "libertada" daquela forma.

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Que bad!

Neste momento da história do Brasil, o genocida no poder central está usando o orçamento do país para comprar votos durante os meses de eleição e os sofistas pregadores profissionais dos mitos manipulam zilhões de pessoas miseráveis para manterem o sistema de máfia no poder por mais tempo... 

Aff! Que bad!

William


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Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.