Quinta Parte
Economia de transição para um sistema industrial (século XX)
XXXIV. Reajustamento do coeficiente de importações
Neste antepenúltimo capítulo do livro, Furtado nos conta que o governo Vargas - ele não cita quem governa mas o período no qual ele está analisando é o Brasil da era Vargas - tomou decisões políticas, econômicas e fiscais que contribuíram para o desenvolvimento do setor industrial brasileiro.
Com o fim da guerra, aumentaram as demandas por produtos de consumo importados... a economia iria ter os desequilíbrios de sempre na balança de pagamentos... mas o governo interveio na economia e na taxa de câmbio ao longo da década posterior à 2ª GM.
"Para corrigir esse desequilíbrio, as soluções que se apresentavam eram estas: desvalorizar substancialmente a moeda, ou introduzir uma série de controles seletivos das importações. A decisão de adotar a segunda dessas soluções teve profunda significação para o futuro imediato, se bem que foi tomada com aparente desconhecimento de seu verdadeiro alcance." (p. 229)
Aprendemos durante os capítulos anteriores do livro sobre os efeitos das mudanças das taxas cambiais para mais ou para menos e a influência disso na economia como um todo e na distribuição da renda monetária ou na acumulação da riqueza.
Lá no século 19, cada vez que os governos desvalorizavam a moeda nacional, os caras do agro "pop" (cafeeiros) eram beneficiados e o povão sentia o efeito inflacionário no consumo popular por causa da necessidade de importados nas coisas do dia a dia.
As soluções econômicas tiveram outra dinâmica após a crise de 1929 e após a 2ª Guerra Mundial. Houve foco na indústria e produção nacionais:
"Ao aumentar a produtividade, as indústrias transferiram parte do fruto dessa melhora para o conjunto da população, por meio de uma baixa relativa de preços. Assim, entre 1945 e 1953, a elevação dos preços dos produtos industriais de produção interna foi de cerca de 60 por cento enquanto o nível geral de preços da economia aumentava mais de 130 por cento..." (p. 231)
Em meados do século 20, o governo resolveu controlar mais a taxa de câmbio e fazer um controle seletivo das importações, facilitando a entrada de bens de capital e matéria prima para fortalecer as indústrias nacionais e o consumo interno do país. Por outro lado, dificultou a entrada de bens de consumo, também favorecendo a indústria nacional e o consumo das famílias.
Enfim, o capítulo termina mostrando que o setor de indústrias foi fortalecido e o consumo interno também.
"A política cambial, baixando relativamente os preços dos equipamentos e assegurando proteção contra concorrentes externos, criou a possibilidade de que esse enorme aumento de produtividade econômica fosse em grande parte capitalizado no setor industrial. Dessa forma a taxa de capitalização pôde elevar-se sem que com isso se impedisse um crescimento substancial do consumo..." (p. 234)
A leitura desse livro de Furtado foi uma aula para mim. Eu havia me esquecido de diversos conceitos de micro e macroeconomia e lendo aos poucos o esboço da Formação Econômica do Brasil pude entender bem melhor o porquê de as coisas serem como são no Brasil de hoje, a pior distribuição de renda do planeta.
Para termos mais chances de decisões econômicas favorecerem o povo em geral, afirmo sem dúvida que temos que eleger Lula presidente no próximo dia 30 de outubro.
#LulaPresidente!
Bibliografia:
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.
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