domingo, 7 de dezembro de 2025

O sentido da vida (15)


Letras - USP


Compartilhar conhecimento de forma gratuita


Ainda antes de ser sindicalista, havia conhecido o prazer da cultura ao assistir aulas de literatura na USP como ouvinte. 

O convite veio de seu amigo Sérgio, quando trabalharam juntos no Banco do Brasil. 

O prazer daquele alimento espiritual o marcou para sempre. As salas de aulas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas eram verdadeiros refeitórios culturais. 

Anos depois, virou aluno da FFLCH-USP, da Letras. E criou um blog para compartilhar de forma gratuita tudo que aprendesse com os mestres das Letras e com seus estudos e vivências políticas e sindicais. 

Talvez esse seja o seu propósito de vida, o sentido de sua vivência única: partilhar a cultura que teve oportunidade de adquirir.

Agora quer sistematizar seus textos na forma de livros e compartilhar esses registros. De forma gratuita! 

Sua intenção é jamais receber um tostão que seja por seus textos. As veredas que trilhou na vida lhe permitiram viver com seu benefício de fundo de pensão. 

Andou pensando numa forma de arrecadar alimentos para grupos sociais em dificuldades ou medicamentos para o povo cubano com seus livros, mas precisa burilar melhor a forma de fazer isso.

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sábado, 6 de dezembro de 2025

Instantes (12h56)



Refeição Cultural

LEITURAS 

"E assim é o caminho da vida, não é o que a gente planejou... [eu trabalhar] na Belgo Mineira." (p. 38)

João Paulo Pires de Vasconcelos: metalúrgico sindicalista e deputado constituinte por MG

Ao ler a entrevista do companheiro João Paulo fiquei pensando muitas coisas sobre a vida da classe trabalhadora. 

Já no início, refleti sobre a citação acima: sobre os caminhos da vida, muitas vezes sem planejamento. 

Quando vi, estava no Banco do Brasil da era FHC, quando vi estava brigando ao lado dos colegas contra as desgraças das demissões, assédios, suicídios. Quando vi era sindicalista cutista...

A entrevista é esclarecedora sobre o que somos, nós militantes da maior central sindical das Américas, a CUT. 

As contradições sobre diversos temas são naturais e o debate é sempre necessário para se definir a melhor estratégia para a classe trabalhadora. 

João Paulo nos conta sobre as difíceis decisões sobre defender ou ser contra a CLT, ser contra ou a favor de imposto sindical e outras grandes questões no mundo do trabalho. 

"Eu falei: 'escuta aqui, vocês de São Paulo estão em uma realidade diferente. Vocês não podem enxergar só o próprio umbigo' (...) 'olha, lá em Monlevade, a empresa ameaça o trabalhador na hora da admissão dele dizendo que ele não pode se filiar ao sindicato...' (p. 45)

Como metalúrgico mineiro, a fala sobre nós de São Paulo foi na veia, me lembrei na hora de minhas tarefas de convencer companheir@s de outras bases - Nordeste, Sul, Centro Norte - sobre a campanha unificada entre bancários de bancos públicos e privados assim que Lula (PT) foi eleito em 2002.

Eu era do maior sindicato de bancários do país e com base hegemonizada por bancos privados e dialoguei com muitas lideranças defendendo que a campanha com mesa única e CCT para todos era o melhor para nós de bancos públicos federais.


Agradeço de coração a toda a equipe do projeto de entrevistas que gerou o livro "A geração que criou a CUT" (2023). Esses registros são a nossa história que precisa ser preservada e estudada.

O companheiro João Paulo faleceu no ano passado, aos 92 anos de idade. 

Por causa do livro, pude conhecer a história que ele nos contou. 

William Mendes

06/12/25 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Instantes (12h23)



Refeição Cultural


LEITURAS 

"E a minha chapa, me botaram em uma chapa - quer dizer, me botaram em uma chapa, que eu nem sei porquê! - Mas acho que é porque eu era uma pessoa, digamos, não comprometida com nenhum grupo político, e a nossa chapa ganhou!" (A geração que criou a CUT. Enid Diva Marx Backes, p. 23)


Ao ler a entrevista da companheira Enid para o excelente livro "A geração que criou a CUT" (2023) fiquei pensando em várias coisas de nossa história de militância política. 

Eu virei sindicalista por acaso, no início dos anos dois mil. Isso é muito comum: quando menos se espera, a pessoa indignada com injustiças já é militante de alguma causa. 

Nos anos noventa, talvez por instinto de sobrevivência, eu era mais um entre os milhares de lutadores do BB que brigavam com os gestores do banco contra os absurdos da era FHC. Era o contato do Sindicato nos locais de trabalho. Um delegado sindical sem estabilidade alguma. 

Assim com nos conta Enid, eu não era militante orgânico de corrente política alguma. Era só um brigador, um indignado. Aliás, foi nessa condição que me reuni com umas quatro pessoas numa salinha da Letras, na FFLCH-USP em 2002, para decidirmos iniciar a maior greve da história da USP, greve de 104 dias com a conquista de quase uma centena de novos professores. 

Anos após ter entrado na direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região é que fui compreender as concepções e práticas sindicais da geração que criou a CUT. E juro a vocês, procurei seguir essas concepções e práticas enquanto representei meus colegas bancários e a classe trabalhadora. 

Reli no livro "Memórias de um trabalhador politizado pelos bancários da CUT" o capítulo 12, sobre a história da PLR na categoria e depois no BB, e senti uma leveza em minh'alma por ver que alguma coisa aprendi dessa geração fantástica que criou a nossa Central Única das e dos Trabalhadores. 

William Mendes 

04/12/25

domingo, 30 de novembro de 2025

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 30 de novembro de 2025. Domingo. 


NOVEMBRO 

O que poderia registrar sobre o mês de novembro? Quais fatos e acontecimentos marcaram o meu mês de novembro e o mundo onde habito?

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O MUNDO, MUNDO, VASTO MUNDO

Sobre o mundo eu não sinto vontade de registrar nada em especial. Posso tecer alguns comentários, entretanto.

Os Estados Unidos seguem ameaçando com guerras e mortes os países e governos que não se submetem a eles. Querem derrubar o governo de Maduro na Venezuela, estão f... a Ucrânia por não precisarem mais do país para suas guerras por procuração. Voltaram atrás em questões de tarifas contra o governo Lula porque a decisão estúpida estava f... o povo norte-americano: It’s the economy, stupid!

O meu governo, o 3º governo Lula, que ajudei a eleger, segue fazendo o possível para entregar ao povo brasileiro alguns dos compromissos que Lula assumiu ao colocar seu nome à disposição do Partido dos Trabalhadores nas eleições presidenciais em 2022, contra o genocida e corrupto que estava no poder. 

As correlações de forças não ajudam muito o governo Lula, pois a política foi destruída durante a longa noite de Temer e Bolsonaro.

Lula conseguiu a aprovação da isenção do Imposto de Renda para os trabalhadores que ganham até cinco mil reais por mês naquele Congresso Nacional corrupto e de lacaios da casa-grande. O presidente conseguiu beneficiar dezenas de milhões de pessoas das classes populares e com menos acessos aos direitos da cidadania. Grande feito melhorar a vida do povo!

O 3º governo Lula também está entregando realizações surpreendentes na área da saúde, com o trabalho do ministro Padilha: o SUS avança. Milhões de brasileiras e brasileiros estão passando a ter acesso a medicamentos e materiais médicos de forma gratuita através do programa Farmácia Popular, quase extinto no governo passado, do genocida que foi acusado na CPI da Pandemia de praticar nove crimes diferentes, inclusive contra os direitos humanos.

Um acontecimento marcou o mês de novembro de 2025: a condenação definitiva do ex-presidente Bolsonaro e de alguns militares de alta patente. O sujeito que estimulou o contágio por Covid-19 e zombou de pessoas que morreram por não conseguirem respirar durante a pandemia não foi condenado por essas mortes (ainda), e nem pelas acusações de roubo, mas começou a cumprir sua pena de 27 anos de prisão por tentativa de Golpe de Estado. Sujeito desprezível!

O Brasil sediou a COP30 em Belém do Pará e considero válido o esforço feito pelo governo Lula de tentar envolver os países do mundo em uma busca conjunta sobre as questões da emergência climática. 

Francamente, sem discutir o fim do capitalismo, do lucro, da mais-valia, da produção de mercadorias desnecessárias aos povos do mundo, do uso responsável dos recursos naturais como a água, não estaremos no planeta nas próximas décadas, não falo séculos, falo décadas. Porém, a culpa da questão climática não é do presidente Lula, esse político estadista é sincero em suas intenções de preservação dos biomas e da vida humana.

A imprensa comercial, o jornalismo venal dos donos do poder secular, nunca foi tão criminosa como na atualidade. Nunca! A violência contra as mulheres virou uma epidemia no Brasil e a mídia canalha em todos os seus meios aliena a população brasileira escondendo o motivo central da violência: a pregação dos líderes políticos que ela apoia, apoiou e mantém no poder, ou seja, a extrema-direita e a pequena elite do 1% de privilegiados. Essa é minha leitura e opinião. A mídia deu espaço a todo o lixo pregado por Bolsonaro e pelo bolsonarismo. Está aí o resultado!

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ESTE SER QUE HABITA O MUNDO


“That one last shot’s a permanent vacation
And how high can you fly with broken wings?
Life’s a journey, not a destination
And I just can’t tell just
What tomorrow brings, yeah

You have to learn to crawl
Before you learn to walk
But I just couldn’t listen
To all that righteous talk, oh yeah
Well, I was out on the street
Just tryin’ to survive
Scratchin’ to stay alive…”

(Amazing, Aerosmith)

Não tendo grandes buscas filosóficas como tive ao longo da vida, minha busca de sentidos hoje é diferente das etapas vencidas. Compreendi a vida, agora é achar sentidos para seguir vivendo.

Olhando para trás, poderia tranquilamente dizer que aprendi a rastejar antes de caminhar e hoje sei mais que nunca que a vida é uma jornada e não um destino. Nunca se sabe o que o amanhã nos trará...

Estando retirado das lutas sindicais que me formaram como pessoa e cidadão brasileiro durante minha vida de bancário e, principalmente, após os trinta anos de idade, quando virei sindicalista, hoje estou mais concentrado em sistematizar o percurso que percorri nessas quase três décadas após assumir uma representação política na categoria na qual trabalhei a maior parte da vida.

Escrevi durante a pandemia mundial de Covid, em meu blog sindical, memórias que depois foram reunidas em um livro chamado “Memórias de um trabalhador politizado pelos bancários da CUT”. O livro vem ganhando o mundo. Não é um livro comercial, é uma espécie de depoimento de alguém que acredita na educação e na formação política porque o autor é fruto dessa experiência.

Em novembro, consegui presentear mais algumas pessoas com o livro. Seguirei fazendo isso. Alguns textos ou temas tratados no livro podem não ter muito sentido para todos os tipos de públicos, mas alguns capítulos podem ser interessantes para qualquer tipo de público, seja dirigente sindical, seja militante de esquerda, seja trabalhador da categoria bancária. É também um livro para as pessoas que me conhecem hoje ou que já conviveram comigo.

As reflexões contidas nos textos do livro, todos independentes, descrevem as concepções e práticas políticas que me politizaram e isso se deu com a militância da Central Única dos Trabalhadores (CUT), principalmente através do Sindicato de minha base de trabalho e da corrente política que me influenciou como dirigente de centenas de milhares de bancários por cerca de duas décadas.

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SISTEMATIZAÇÃO DOS TEXTOS DOS BLOGS

O trabalho de leitura, diagramação e encadernação de milhares de textos escritos em meus blogs ao longo de duas décadas está em andamento e não sei quando vou conseguir terminar essa sistematização. Mas tenho que terminar esse trabalho.

O personagem que registrou todas aquelas histórias da categoria bancária, que viveu e sentiu tudo que está escrito nas páginas dos blogs de cultura e sindical é um brasileiro que escolheu fazer esses registros e compartilhar esses textos abrindo mão de outras coisas na vida. 

O material histórico pode não ter importância para muita gente deste momento do mundo, mas como estudioso da sociedade humana, sei que o material tem sua importância histórica.

Enfim, sigamos fazendo as coisas que entendo que devem ser feitas.

Entendo que partilhar o que sei é a minha função no mundo até que eu não exista mais ou até que minha essência, meu ser, não possa mais fazer isso.

Por fim, visitei meus familiares em Uberlândia neste mês, fiz o que pude por eles, li o que foi possível, e tive minha rotina alterada após a edição do livro, pois estou encontrando pessoas do mundo político neste período de distribuição de minhas memórias.

William Mendes


terça-feira, 25 de novembro de 2025

Instantes (23h52)



Refeição Cultural

Opinião


BOLSONARO E GENERAIS NA PRISÃO NÃO GARANTE UM AMANHÃ MELHOR PARA O POVO BRASILEIRO

Após minha sessão de exercícios na modesta academia do condomínio, andei por alguns minutos pelo estacionamento para apreciar as luzes diversas proporcionadas pelo pôr do sol e início da noite. Fiquei pensando a vida e o mundo sob a exuberância do céu.

Nesta terça-feira, 25 de novembro de 2025, começaram a cumprir pena de prisão após trânsito em julgado o ex-presidente da república Jair Messias Bolsonaro e alguns militares de alta patente - eles foram condenados por tentativa de golpe de Estado. Os caras tramaram até a morte do presidente eleito Lula, do vice-presidente Alckmin e do ministro do STF Moraes.

Do ponto de vista formal, hoje foi um dia que podemos considerar histórico para o Brasil por vermos pela primeira vez neste país militares de alta patente cumprirem pena por tramarem mais um golpe de Estado, coisa que fazem desde o nascimento do regime republicano por aqui, em 1889. A república foi instituída por um golpe de Estado contra o imperador.

Como cidadão brasileiro e militante político de esquerda formado no movimento sindical cutista e no Partido dos Trabalhadores tive o cuidado de tratar a condenação e prisão de Bolsonaro e dos militares com reserva e discrição. 

Algo em minha experiência de décadas como dirigente eleito da classe trabalhadora me instou a não seguir os impulsos naturais que clamaram por comemorações legítimas ao ver esses sujeitos condenados por todo o mal que fizeram ao Brasil e ao povo brasileiro.

Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão. O bolsonarismo é um fenômeno brasileiro que deve ser considerado ainda hoje como algo inédito e que merece toda a nossa atenção. O sujeito teve 58 milhões de votos em outubro de 2022, mesmo após tudo o que vimos e sabemos que ele fez. 

O líder da extrema-direita brasileira perdeu por 2 milhões de votos a eleição para o maior líder político de esquerda que o Brasil já teve, Luiz Inácio Lula da Silva: 50,9% a 49,1%. Por um milhão de votos a menos de um e a mais do outro, Lula perderia para Bolsonaro. Algo que eu consideraria incrível, mas o fato é esse. 

Não há ninguém no nosso campo político que não conheça alguém bolsonarista ou que odeie Lula ou a esquerda. Não há! O amanhã é absolutamente incerto e as pessoas estão muito mudadas. As big techs têm relação profunda com isso. Alteraram e seguem alterando o nosso comportamento e a nossa maneira de ver o mundo a cada minuto que passa.

Enfim, Bolsonaro e os generais estão presos. E o futuro segue absolutamente incerto, na minha modesta opinião. É bom que meus companheir@s e a parte progressista deste país tenham isso em mente.

O imponderável mora no amanhã. Nunca sabemos o que nossos inimigos vão fazer no dia seguinte. E o mundo está a beira de guerras imprevisíveis e a destruição do planeta segue e os psicopatas estão no poder das bombas e das moedas.

E ainda temos a natureza atuando em todos nós. Hoje estou aqui, respirando, refletindo e escrevendo. Amanhã posso não estar.

Se a esquerda tiver juízo, buscará unidade como nunca conseguiu antes. Vejam a história do Brasil... vejam a nossa história do movimento de esquerda brasileiro...

É uma ponderação em face dos acontecimentos.

William Mendes

25/11/25

Evocações



Refeição Cultural

Ontem, reli o capítulo 38 de meu livro de memórias sindicais, "Evocações". No texto está a essência de minha história e formação política. 

Aquelas lembranças foram inspiradas nas memórias de Aleida March, companheira de Ernesto Che Guevara. O livro dela me escolheu numa rua de Havana.

Nosso grupo de brasileiros estava andando por Havana Velha com o senhor Luis Caballero quando olhei o livro numa portinha de livros usados. Aquela foto de Aleida e Che me encantou.

No capítulo 38 de "Memórias de um trabalhador politizado pelos bancários da CUT" vou buscando as lembranças assim como fez Aleida depois de décadas de silêncio. O passado sendo tratado com ternura.

A vida humana é definida diariamente, independentemente dos planejamentos que as pessoas fazem em seus sonhos e utopias. Olho para trás e vejo isso claramente. E tudo bem!

As veredas, as veredas da vida. Veredas que definem caminhos, caminhos que determinam a vida vivida. E tudo bem se não rolou o que você queria. Se a vida foi vivida com uma ética humanista, valeu a pena.

As veredas são oportunidades incríveis... quando vi era dirigente sindical. Quando percebi estava mudando o mundo junto com meus companheiros e companheiras, o meu e o nosso mundo do trabalho à época. 

Quando vi, Aleida e Che me encantaram numa rua de Cuba. Do nada, me senta no assento ao lado no ano seguinte, num voo de volta a Cuba, a queridíssima Conceição Evaristo, e passamos horas conversando até Havana.

Falei a ela de Aleida March, disse que lhe daria o livro de presente. Achei agora a versão em português e quero entregar à nossa querida escritora das escrevivências as lembranças de Aleida March. E, modestamente, lhe presentear também com as memórias do bancário.

O capítulo 38 traz lembranças de um fazer sindical com uma ética toda aprendida com lideranças sindicais de grande valor, que me inspiraram e me fizeram ser a pessoa que fui, e que sou.

Espero entregar a Conceição Evaristo as evocações de Aleida March. Espero que minhas evocações testemunhem o efeito revolucionário da formação política e sindical, lições de vida que me trouxeram até aqui.

William 

25/11/25

sábado, 22 de novembro de 2025

Instantes (12h53)



Refeição Cultural

Opinião 


BOLSONARO NA PRISÃO E A DROGA ÁLCOOL EM AÇÃO

O dia promete muito consumo de bebida alcoólica, a droga que mais mata e destrói famílias no Brasil. Por esse motivo, temo por muitas pessoas que não poderiam beber uma gota sequer de álcool e talvez acabem bebendo pela motivação extra deste sábado: a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, que estava "preso" em sua mansão e hoje foi levado para a Polícia Federal. 

O que mais me incomoda é saber que esse sujeito não foi sequer indiciado e não está respondendo a processo penal pelo genocídio que praticou contra nossas irmãs e irmãos brasileiros quando ocupou de forma indevida a presidência do país. 

Na CPI sobre a Pandemia de Covid-19, Bolsonaro foi responsabilizado por 9 crimes, incluindo crimes contra a humanidade. Ele negou vacina ao povo brasileiro, incentivou a contaminação em massa e centenas de milhares de pessoas morreram por culpa dele.

Bolsonaro é uma espécie de Al Capone brasileiro, tanta morte e destruição causada por ele e não foi condenado por nada disso. O covarde foi condenado por tentativa de Golpe de Estado porque foi cuzão e arregou na hora H.

Enfim, fico feliz por ter errado em minha leitura de cenário na qual apontei que o genocida fugiria. 

Não comemoro sua prisão porque o álcool pode nos trazer no dia de hoje muitas infelicidades pessoais, invisíveis aos de fora das famílias com problemas de alcoolismo.

Post Scriptum: amig@s e leitores, se possível, bebam com moderação...

William 

22/11/25

sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Tecnologia em benefício de quem? (3)



Refeição Cultural

Opinião 


"O que há de errado em tudo isso? Marx já constatava, muito tempo atrás, que a tecnologia é trabalho acumulado. Suas modificações surgem das contradições sociais: de um lado, ela aumenta a riqueza social e o domínio sobre a natureza; de outro, aumenta a alienação do trabalhador e acresce de mais-valia o capital. 'A maquinaria é meio para produzir mais-valia'" (p. 11)


O livro "Tecnologia, Cultura e Formação... ainda Auschwitz" me chamou a atenção em 2017, quando vi meu sobrinho estudando nele as temáticas de autores como Adorno, Marcuse, Horkheimer e demais pensadores frankfurtianos clássicos.

Eu era gestor eleito de uma grande autogestão em saúde e lidava diariamente com as contradições éticas da questão da tecnologia no setor. 

Cansei de ver, à época, a questão técnica prevalecer de forma acrítica em situações nas quais o uso da tecnologia não beneficiava os seres humanos e as instituições. 

Como explica Marx, a maquinaria era usada para produzir mais-valia e não para beneficiar as pessoas. Pelo contrário, por meio da alienação, era usada para prejudicar as coletividades em benefício de alguns canalhas detentores de saberes técnicos. 

Amig@s leitores, isso vem piorando exponencialmente desde a época que cito aqui, menos de dez anos. 

Sigamos refletindo sobre a tecnologia e a ética em seu uso.

William Mendes 

21/11/25

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Quinta-feira, 20 de novembro de 2025


CONSCIÊNCIA NEGRA E LUTA ANTIRRACISTA

O dia 20 de novembro é feriado nacional no Brasil por causa da Lei 14.759/2023, assinada pelo presidente Lula. Antes, a presidenta Dilma Rousseff, em 2011, sancionou a Lei 12.519, que estabeleceu o "Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra".

Duas pessoas estiveram em minhas lembranças e reflexões nesta data: minha irmã Telma Lúcia e o deputado estadual pelo Paraná, Renato Freitas, nosso companheiro do Partido dos Trabalhadores. Sou eleitor do PT desde 1988, militante e filiado há décadas.

Minha irmã e eu crescemos no Brasil da ditadura civil-militar dos anos setenta e fomos adolescentes no país ainda governado pelos desgraçados fardados e por seus mantenedores nos anos oitenta. Os mesmos apoiadores que seguiram no poder após o fim oficial da ditadura. 

Encerrada a ditadura dos milicos de merda em 1985, os donos do dinheiro e do poder político seguiram barbarizando o povo como sempre fizeram antes e seguem até hoje fazendo a vida de quase todos nós um inferno na terra chamada Brasil.


O companheiro Renato Freitas sofreu ontem mais uma das frequentes agressões racistas que enfrenta desde que nasceu e cresceu nas veredas periféricas de um dos países mais violentos e assassinos do povo negro no mundo. Renato precisa de todo o nosso apoio porque querem calar sua voz e quebrar sua resistência de sobrevivente. Renato, estamos contigo, irmão e companheiro!

Durante a maior parte de minha vida, décadas eu diria, não tive a menor ideia do que deve ter sido a vida de minha irmã Telma. Um branco heterossexual e que conseguiu estudar até a graduação jamais saberá o que é ser negro ou negra no Brasil. Jamais! Não é possível sentir o que sente uma pessoa oprimida e perseguida por preconceito ou discriminação, qualquer que seja o ódio que ela sofra.

Cresci num país violento, machista, racista, desigual, misógino, um país que nasceu sendo uma colônia de exploração de invasores que chegaram aqui, mataram os povos que viviam na terra, destruíram os biomas, trouxeram milhões de seres humanos raptados do continente africano para trabalharem como escravizados. 

Durante séculos, as crianças que nasceram aqui eram fruto de estupro de mulheres indígenas e escravizadas africanas. E durante séculos, e até hoje, os homens desta terra, não todos, mas uma grande maioria, se valeram de diversos estratagemas para a manutenção de sua violência contra as mulheres. Até as religiões fizeram parte dessas ferramentas de poder.

Somos um povo de sobreviventes e quase todos nós temos em nosso passado o sangue de uma mulher violada ou abusada por homens que construíram instituições e leis para que os privilégios deles permanecessem para sempre, independente das lutas libertadoras e emancipatórias dos povos oprimidos que foram surgindo ao longo de séculos.

Só depois que tive a oportunidade de conhecer o movimento sindical brasileiro, depois que virei bancário, foi que passei a compreender melhor a vida social e política do povo trabalhador brasileiro. A convivência no movimento sindical cutista e os ensinamentos que vieram com o tempo me permitiram ser a pessoa que sou hoje, incompleta como ensina Paulo Freire, mas um pouco mais consciente.

Temos que lutar por uma sociedade humana onde não haja nenhuma forma de preconceito e discriminação e onde as pessoas vivam suas vidas em condições igualitárias, respeitando as diferenças que nos fazem humanos, seres diversos e únicos em nossas características.

Cresci numa sociedade que insistia em me fazer ter ódio e medo. Andei por caminhos sombrios e muitas vezes só o ódio me moveu. Encontrei luzes nos ensinamentos de minha mãe, de pessoas boas e em boas leituras. O ódio vive me tentando... ao ver um racista ou fascista, o ódio me tenta... mas devo resistir e pensar no amor, na humanidade.

Pensando em minha irmã Telma Lúcia, uma sobrevivente, e no companheiro Renato Freitas, um sobrevivente, penso em todas as pessoas que sofrem pelo racismo e pelos diversos tipos de preconceito e discriminação que depõem contra a sociedade humana.

A vida pode e deve ser boa e feliz para todas as pessoas. A vida humana pode ser vivida num ambiente terrestre que respeite as diversas formas de vida. Lutemos por isso.

William Mendes


Post Scriptum: sempre participo das atividades de rua em datas importantes. Hoje tinha prioridades com questões de saúde de minha família. Não estive na Av. Paulista, mas meu coração bateu forte pelas lutas e resistência do povo negro de nosso país.

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Tecnologia em benefício de quem? (2)


Matérias da página da Fórum


Refeição Cultural

Opinião 


A INTERNET CAIU (ERROR 500)

Em tese, não tenho nada contra tecnologia. O ser humano chegou até aqui no planeta Terra por ser inteligente e criar tecnologia para se adaptar ao meio, superar seus predadores naturais e criar coisas novas.

A vacina dolorosa e cara que tomei hoje contra Herpes Zoster é fruto da inovação tecnológica de nossa espécie animal. Vacinas e procedimentos cirúrgicos são tecnologias criadas em benefício dos seres humanos. 

No entanto, é urgente o debate sobre a ética na utilização da tecnologia na sociedade humana neste momento da história. Ela deve beneficiar a maioria das pessoas; nunca concentrar poder na mão de poucos.

As reflexões que farei sobre o tema terão como foco principal a sensibilização das pessoas em posição de poder na política, como eu mesmo estive nesta condição por quase duas décadas. Quem tem mandato e ou representatividade, tem poder de mudar a história. 

O que aconteceu hoje, um apagão em parte da internet brasileira e global vai se repetir. Pior que isso, vai escalar. A sociedade humana vai tomar um "delete" das big techs a qualquer momento e as tais "nuvens" e navegações on-line vão desaparecer. 

Em qualquer momento no futuro, que pode ser amanhã mesmo, ano que vem durante as eleições brasileiras, ou de forma pontual, ou seja, tal serviço, ou rede, ou grupo, ou local etc, enfim, nós vamos ter um apagão de nossas memórias (hoje "nuvens") como se acordássemos com Alzheimer da noite para o dia.

A tecnologia está na mão de meia dúzia de pilantras, psicopatas, empresas que cagam para as pessoas e o mundo, cagam! (Desculpem a franqueza).

Tirar esse poder da mão de alguns animais humanos egoístas e ególatras é uma questão ética!

Pensem nisso, lideranças políticas. 

William Mendes 

18/11/25

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Tecnologia em benefício de quem?



Refeição Cultural

Opinião 


Sempre me sensibilizo quando vejo minha mãe ou meu pai com dificuldades em fazer coisas básicas do cotidiano por causa da tecnologia. 

Eles não conseguem chamar um carro de aplicativo para irem sozinhos a algum lugar. Meu pai nem tem aparelho para isso. Minha mãe tem, mas não sabe utilizar essa ferramenta, esse aplicativo. 

Como meus pais, temos milhões de pessoas só no país no qual vivemos, ou no qual sobrevivemos, o Brasil.

As tecnologias deste momento da história humana não são feitas ou não são utilizadas para melhorar a vida do povo. Não são! Afirmo isso como opinião e debato com qualquer pessoa a respeito do tema.

Seria necessário estabelecermos uma discussão ética sobre o uso da tecnologia. Ela deve ser utilizada em benefício do conjunto da população e não por uma pequena parcela em prejuízo do todo.

Como não sou determinista e defendo um mundo melhor para todos os humanos e para os seres vivos, e acredito na formação política e na educação como forma de melhorar o mundo através das pessoas, entendo que devemos refletir mais sobre a tecnologia. 

Voltarei ao tema.

William Mendes 

17/11/25

domingo, 16 de novembro de 2025

Instantes (11h41)



Refeição Cultural


GUERRA

Enquanto concluo que o amor deve ser o foco na relação com as pessoas, instituições e o mundo natural, os Estados Unidos atuam para destruir as pessoas, as instituições e o mundo natural. 

A experiência adquirida por sobreviver nas últimas décadas vivendo no Brasil e sendo quem sou me faz perceber a realidade amarga da proximidade de uma nova longa noite de terror, na América Latina inteira. 

O imperialismo decadente do Ocidente vai barbarizar nossas vidas em todos os países das Américas para tentar manter a hegemonia global que está perdendo.

Dá pena perceber que o amor e seus corolários nas relações sociais tendem a sucumbir diante das armas letais dos EUA e seus apaniguados. E as tecnologias de manipulação de massas são quase impossíveis de se combater na atualidade histórica.

O deep state vai destruir a pouca paz que temos nos países do continente americano.

Talvez a unidade massiva das esquerdas e dos não entreguistas pudesse criar estratégias de resistência às guerras que nos serão impostas. 

No entanto, seja em vida seja estudando a história da esquerda, nunca vi unidade potente o suficiente para impedir que os inimigos donos do poder nos derrotem.

Tempos tenebrosos vêm por aqui.

William Mendes 

16/11/25

sábado, 15 de novembro de 2025

Instantes (18h00)


R. da Consolação, em frente
ao Belas Artes


Refeição Cultural

Opinião 

A maioria dos políticos não tem a menor consideração pelo povo da sua região de representação. Há exceções, mas políticos autênticos são a minoria. 

Vejam a questão do transporte público da maior cidade do país, São Paulo. O sujeito eleito prefeito em 2024, na verdade reeleito, não dá a mínima para o cidadão paulistano. 

Gastei horas para ir e voltar a um local, a Praça Roosevelt. Usei um aplicativo para ver o tempo e a hora que passaria o ônibus no Parque Continental. Não veio o ônibus.

Andei meia hora até a Avenida Corifeu, esperei mais quase meia hora para pegar o ônibus para o Anhangabaú. 

Um trânsito do inferno em pleno sábado me fez chegar ao destino duas horas depois que saí de casa.

Para voltar, o mesmo sacrifício. 

Fiquei observando no ponto de ônibus na Consolação... idosos, gente simples com cara de cansaço. Uma senhora comentou após a demora do ônibus: "- Por isso que todo mundo sai de carro...". Ela tem razão. O sistema é feito para cada um se virar como puder. 

É triste ver tanto descaso com o povo paulistano e brasileiro. É triste! Esses políticos que não respeitam as pessoas, as cidades e os mandatos eletivos deveriam ser banidos da vida pública. Que gente canalha!

Qualquer pessoa com um mandato político deveria ter a ética de fazer o possível e até o que seria quase impossível para melhorar a vida do povo e a polis.

Por isso voto no Partido dos Trabalhadores desde que tirei meu título de eleitor em 1987. Nunca me arrependi de dar meu voto à esquerda. 

A esquerda é, via de regra, o espectro político que busca melhorar a vida do povo. São Paulo foi melhor para o povo com Luiza Erundina, Marta Suplicy e Fernando Haddad. 

Pensem nisso, amig@s leitores. 

William 

15/11/25

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Livro: Garimpeiro do cotidiano - Francisco Ferreira Alexandre



Refeição Cultural


Crônicas de Francisco Alexandre

A leitura das crônicas do companheiro e amigo Francisco Alexandre foi uma atividade cultural bastante agradável. 

Conheço Alexandre há décadas, fomos funcionários do Banco do Brasil e militamos juntos no movimento sindical brasileiro. 

A leitura dos textos era como se eu estivesse vendo o Alexandre em uma de nossas reuniões políticas fazendo a defesa de suas posições sempre firmes e com bases sólidas. 

Os textos foram publicados em sua cidade natal, Bom Conselho, e alguns em Maceió. Estão dispostos em ordem cronológica e abrangem a vida política do país, de sua região e da cidade entre os anos de 1991 e 2018.

Cito como exemplo de texto excelente e reflexivo o artigo sobre "Pena de Morte", de 20/07/91. Esse tema foi um dos que mudei de opinião ao ser politizado pelo movimento sindical cutista. 

Antes, seguia o senso comum de uma parcela importante da sociedade que defendia a ideia ilusória e mentirosa de "justiça", de que se deveria adotar a partir do Estado a pena capital no país, abolida em 1855, segundo Alexandre no artigo. 

Os artigos reunidos em livro nos contam a história do Brasil e da cidade de Bom Conselho (PE). Ao ler cada texto, fui me lembrando daqueles episódios da vida brasileira, do governo Collor (1990/1992), do plebiscito sobre presidencialismo ou parlamentarimo (1993), até da greve dos caminhoneiros em 2018. 

Eu já havia lido outro livro de Alexandre, quando virei dirigente sindical bancário em 2002. Nosso amigo é um estudioso e sua obra "Fim da segurança do emprego no Banco de Brasil", descrevendo a reestruturação produtiva do governo FHC (1995/2002), foi fundamental para mim à época. Tive dados do processo de redução de 50 mil funcionários do banco para meu trabalho em defesa dos colegas.

Aliás, Alexandre foi um dos companheiros que me auxiliou durante o processo de lawfare que sofri em um mandato de representação em nossa autogestão em saúde. As acusações mentirosas foram arquivadas por falta de provas e sou grato a todos que contribuíram para encerrar aquela tentativa de assassinato político contra mim.

Enfim, estive ontem com Alexandre em uma reunião nacional e foi prazeroso vê-lo inscrito e defendendo suas posições como fez em cada crônica do livro. 

Sigamos lendo, estudando e aprendendo, afinal de contas somos seres incompletos como nos ensina o educador Paulo Freire.

William Mendes 

12/11/25

O sentido da vida (14)



Dar o testemunho que a formação política salva vidas


Ele sobreviveu ao ódio que sentia desde a infância e adolescência. Achava o mundo injusto e as pessoas do poder más. 

Durante muitos anos de sua vida, teve momentos que desejou morrer. Depressão talvez, e não frescura ou fraqueza. 

Olhava a vida de forma egoísta, não pensava no sofrimento das pessoas de sua relação, caso viesse a faltar. 

Teve uma visão determinista da vida até uns quarenta anos de idade. Talvez fruto do ambiente cultural de onde veio: a vida é assim mesmo; foi Deus que quis assim; isso nunca vai mudar...

Então veio a formação sindical e política a partir do mundo do trabalho. A miséria, o ódio, a tristeza e a injustiça social passaram a ser vistas com olhos politizados: não eram naturais.  

A formação política salvou a sua vida. Salvou a vida de outras pessoas. Mudou a realidade. 

Eis um sentido para a vida: testemunhar o resultado da educação libertadora na vida das pessoas e no mundo, um mundo compartilhado com novas mulheres e homens, seres mais conscientes. 

A educação pode mudar as pessoas, que podem mudar o mundo. A formação política salva vidas. 

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