Quarta Parte
Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)
XXVI. O fluxo de renda na economia de trabalho assalariado
Importantes as explicações de Celso Furtado sobre os efeitos da distribuição de renda do trabalho entre a parte assalariada da sociedade, a classe trabalhadora, em relação aos donos do poder, que concentram renda e lucro.
"(...) A fim de simplificar a análise, dividiremos essa renda em dois grupos gerais: renda dos assalariados e renda dos proprietários. O comportamento desses dois grupos, no que respeita à utilização da renda, é sabidamente muito distinto. Os assalariados transformam a totalidade, ou quase totalidade, de sua renda em gastos de consumo. A classe proprietária, cujo nível de consumo é muito superior, retém parte de sua renda para aumentar seu capital, fonte dessa mesma renda." (p. 156)
O país e a sociedade como um todo ganha quando a renda é distribuída para o conjunto da população, isso desde quando o mundo é mundo. Mas os desgraçados donos do poder e dos recursos não querem nem saber disso.
Furtado explica que parte da mão de obra que já havia no Brasil e que estava ociosa ou subutilizada se deslocou para o setor cafeeiro quando este passou a se desenvolver mais entre o final do século 19 e começo do 20.
"Bastou que esse salário fosse, em termos absolutos, mais elevado do que aqueles pagos nos demais setores da economia, e que a produção se expandisse, para que a força de trabalho se deslocasse. Portanto, teve importância fundamental, no desenvolvimento do novo sistema econômico baseado no trabalho assalariado, a existência da massa de mão de obra relativamente amorfa que se fora formando no país nos séculos anteriores." (p. 157)
"EXÉRCITO DE RESERVA" AJUDOU A MANTER SALÁRIOS BAIXOS NO BRASIL
Mesmo com a vinda de mão de obra da Europa para as plantações de café, o salário se manteve baixo porque havia muita disponibilidade de mão de obra por aqui.
"Se a expansão da economia cafeeira houvesse dependido exclusivamente da mão de obra europeia imigrante, os salários ter-se-iam estabelecido a níveis mais altos, à semelhança do que ocorreu na Austrália e mesmo na Argentina. A mão de obra de recrutamento interno - utilizada principalmente nas obras de desflorestamento, construções e tarefas auxiliares - exerceu uma pressão permanente sobre o nível médio dos salários." (p. 157)
Não tem jeito, no capitalismo só os donos dos meios e do poder é que se dão bem, os explorados só se ferram.
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COMENTÁRIO
Mesmo que lentamente, vou lendo os ensinamentos do professor Celso Furtado. O livro é de meados do século passado, mas as explicações dos fatores econômicos são bastante atuais.
É isso. Estudar e compreender melhor por que as coisas são como são é melhor do que ficar por aí gastando as horas do dia da nossa única vida ouvindo e vendo as inutilidades dos atuais "influenciadores" comentando bobagens e dizendo bobagens para influenciar seus zilhões de seguidores numa retroalimentação da ignorância que vai nos levar ao fim de tudo.
Sem educação e ciências, caminhamos para o fim da humanidade.
William
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Bibliografia:
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.
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