Lula,
Nesta segunda-feira 26 assisti pela internet a Live Brasil da Esperança, evento político e cultural realizado no Anhembi em São Paulo para marcar a semana decisiva de campanha para as eleições brasileiras no domingo, 2 de outubro. Me emocionei várias vezes ao longo da programação. Durante o evento, me lembrei de várias passagens de minha vida como dirigente da classe trabalhadora e concluí mais uma vez que Lula sempre foi uma referência para mim, sempre.
Lula é tolerante e democrata
Quando eu cheguei eleito ao Sindicato dos Bancários tive a oportunidade de participar da campanha eleitoral brasileira de 2002. Eu sempre havia sido uma pessoa intolerante. Era algo meio comum no mundo no qual eu vivia. A primeira lição ao me engajar na campanha para eleger Lula presidente era mudar minha postura e me tornar uma pessoa mais tolerante, mais aberta ao outro e a ideias diferentes das minhas, ouvir mais, prestar atenção nas pessoas, dialogar, conciliar ideias e opiniões. Mudar quando necessário.
A corrente política na qual militei no movimento sindical - Articulação Sindical da CUT -, a mesma de Lula, tinha concepções e práticas democráticas no fazer sindical. Construir coletivamente com as bases sociais propostas e soluções para as coisas do mundo do trabalho era nossa prática. A referência para a forma como atuei e vivi por quase duas décadas de representação foi Lula e a militância da CUT e do PT. Que bom! Avalio que a referência e a convivência no movimento me fizeram uma pessoa melhor do que era antes da militância política.
Lula é pertencimento de classe
Outra coisa que aprendi com Lula e nossos companheiros e companheiras é a questão do pertencimento de classe. Quem somos, de onde viemos, o que queremos, para onde queremos ir, qual o nosso papel de classe. Em nome de quem falamos quando temos um mandato de representação eletivo? Isso é uma questão basilar na política e na luta de classes. E ao longo de toda a minha vida de dirigente, estudei como se dão essas coisas na política e busquei praticar esses princípios que nos dão pertencimento às causas e à classe trabalhadora.
Quando me vi representando milhares de colegas do BB nas campanhas salariais senti o que era pertencimento de classe; quando me vi representando os colegas e as entidades sindicais nos fóruns nacionais de negociações coletivas senti o que era a responsabilidade de construir as melhores propostas dentro daqueles contextos e correlações de forças; quando me vi representando o conjunto dos associados da maior autogestão em saúde do país e apoiado pelas entidades representativas parceiras do mandato senti a responsabilidade que tinha e sabia que não podia errar e não podia deixar de lembrar quem eu era e o que eu representava, como Lula sempre disse e fez e diz e faz.
Lula é honesto, tem ética e tem lado
Honestidade e ética são características fundamentais em Lula e isso é algo que ninguém jamais vai tirar dele. Ao refletir sobre a vida no alto de meus 53 anos, consigo compreender perfeitamente por que Lula sofre armações há cinco décadas tentando macular seu nome, sua ética e sua história: é porque os inimigos sabem que uma das formas fascistas de manipular pessoas é imputando à vítima das mentiras as acusações mais absurdas e contrárias ao seu caráter e comportamento. Preconceito, ódio e medo são estratégicos para a extrema-direita manipular o povo pobre, explorado, humilhado e desalentado.
Nenhum cidadão do mundo foi mais investigado na história das sociedades modernas do que Lula. Anos setenta, oitenta, noventa, e as duas décadas dos anos dois mil sendo investigado diuturnamente pelos mais diversos órgãos de Estado, nacionais e internacionais, públicos e privados, e nada, absolutamente nada encontraram de irregular ou ilegal na vida do cidadão Lula. Por isso a estratégia de inventar, mentir, manipular informações de forma tendenciosa e canalha, condená-lo com processos sem provas, sem pé nem cabeça, com prazos rápidos para tirá-lo dos processos democráticos que o elegeriam para governar o país. Lula sempre foi minha referência!
Em meus 16 anos de representação soube o que é sofrer acusações inventadas, cínicas e feitas de forma estratégica para manchar reputações e histórias na representação dos trabalhadores. Sofri na pele um milésimo do que Lula sofreu e foi duro pra cacete ser acusado de coisas que não fiz para me ferir, me tirar a atenção e a energia de enfrentar o patrão, para espalhar mentiras contra mim em processos eleitorais. Quase enlouqueci de ser acusado injustamente em processo mequetrefe sem pé nem cabeça, malfeito e sórdido, só para tentarem me destruir. Tento imaginar o que Lula passou injustamente e não consigo, é impossível imaginar a dor dos outros, a gente só tenta. E devemos respeitar a dor dos outros.
Lula nos ensinou o que é ter lado e ser fiel ao seu lado da classe, a classe trabalhadora, mesmo quando busca conciliar interesses entre antagônicos. O esforço que fiz por anos a fio nas negociações e representações foi no sentido de conciliar interesses sem abrir mão daquilo que eu defendia e representava de meu lado da classe. Lula, você é uma referência!
Lula é amor e acolhimento
Por fim, mesmo podendo ficar horas falando sobre as referências de Lula para mim e acredito que para uma infinidade de lutadores e lutadoras de nosso lado da classe, digo sem medo de errar que Lula é amor, Lula é o oposto do ódio e do que o ódio significa e do que o ódio gera na gente. E eu sei o que é o ódio porque já odiei muito nessa vida. E o ódio me fez escravo do inimigo que odiava, como nos ensina tão bem o jagunço Riobaldo Tatarana do magnífico Grande Sertão: veredas, de Guimarães Rosa.
O ódio nos aprisiona e nos faz reféns, escravos. E isso é uma tragédia. Neste exato momento em que escrevo, pessoas que amo e que prezo e que admiro estão capturadas pelo ódio trabalhado anos a fio em cada um de nós, injetado em nós como um veneno diuturnamente por um sistema de comunicação dos donos do poder que sabiam que não seria fácil tirar do poder político nossos representantes de classe porque as melhorias para nós fariam com que a casa-grande não tivesse seus representantes eleitos por aqueles que maltratavam e humilhavam, o povo brasileiro.
O amor de Lula é acolhedor, é algo impressionante. Eu não consigo amar como Lula, mas alguma coisa aprendi desse amor e só o que aprendi me fez transitar por espaços de ódio e intolerância por um longo tempo de representação, e cada vez que me via em espaços hostis tinha uma referência no coração e na minha ideologia para seguir firme defendendo minhas ideias e ouvindo as ideias dos adversários, trabalhando para conciliar interesses comuns.
Enfim, é suficiente o que está escrito no momento.
Espero que nestas eleições vença o amor acolhedor de Lula e do projeto de pacificação do país que Lula representa neste momento de nossa história.
#LulaNoPrimeiroTurno
Veja aqui o vídeo que fiz sobre esse artigo.
William Mendes
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