Refeição Cultural - Indigestão total
Osasco, 2 de setembro de 2022. Sexta-feira, manhã de sol.
Ontem dormi com aquela imagem na cabeça... um brasileiro tentou assassinar a vice-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner. O sujeito se aproximou dela e deu um tiro a queima roupa, a um palmo de seu rosto. A arma falhou e só por esse acaso Cristina está viva.
Vivemos um momento difícil da história humana. Os seres humanos foram vítimas de experimentos e manipulações em seus comportamentos e as consequências ainda são incalculáveis para a sequência da existência de nossa espécie e do próprio ambiente onde vivemos. Estou pessimista com o presente e o futuro.
O uso do ódio, do medo e da mentira para manipular pessoas e segmentos sociais sempre existiu nas sociedades humanas, mas nunca existiram as ferramentas atuais para dar escala inimaginável à manipulação humana por poucas pessoas com poder incalculável. As tecnologias dos algoritmos e das redes sociais transformaram o mundo e não estamos sabendo como lidar com isso.
Aos 53 anos de idade e após as experiências que vivi ao longo dessa modesta existência humana sinto uma impotência enorme em relação à comunidade humana e ao planeta Terra.
Por um lado, sou grato por tudo que me aconteceu até aqui e me sinto um sujeito de sorte e um privilegiado ao sobreviver no Brasil, país de misérias indescritíveis impostas aos povos por uns poucos humanos detentores do poder de subjugar milhões pela força e pela ideologia como nos explica Jessé Souza em seus estudos e palestras.
Por outro lado, me sinto pusilânime para me envolver em novas lutas coletivas porque não acredito que vá fazer a diferença em qualquer coisa que participe. Não acredito mais na possibilidade de convivência em democracia (quero dizer que não acho que a democracia seja mais praticável, factível), não acredito mais na espécie humana, não acredito mais que seja possível mudar a tendência da destruição da sociabilidade humana e não vejo hoje chances de interromper a destruição do planeta Terra pelo capitalismo. Estou sem esperança.
Não lamento ter consciência política, ser politizado e não ser mais tão ignorante como era nas primeiras décadas de vida. Sigo consciente de minha ignorância em quase tudo. A disposição de estudar e aprender até o último dia segue existindo em mim. O que fui aprendendo no viver teve a sua importância nas relações sociais que empreendi como cidadão. Mas tenho a impressão que tudo mudou no mundo.
Acreditava que a educação, o conhecimento e as criações humanas (tecnologias e culturas) pudessem vencer as adversidades naturais ao viver da espécie e melhorar a existência humana de forma coletiva. Passados milhares de anos de existência do homo sapiens, venceu a força violenta e a ignorância nos dois sentidos, a ignorância do não-saber e a ignorância da intolerância.
Peguemos o caso da anomia brasileira após o golpe de Estado de 2016. Faz 6 anos que dizem que o Brasil vive num regime democrático, que há democracia... o caralho que há democracia nessa terra salgada pelos nossos inimigos para que aqui nunca nada progrida... (iria falar das "eleições", de Lula, dos ciristas, dos fascistas e criminosos candidatos, da mídia trabalhando para ter 2º turno e golpe e caos... mas tô sem saco, tô uma bosta... não vou escrever porra nenhuma)
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Não sinto mais pertencimento a nada... iria sozinho pra uma caverna, montanha ou pra natureza selvagem tranquilamente... mas sou ou virei um cuzão pra isso e o corpo também não responde mais aos pensamentos
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