sábado, 13 de março de 2021

Moby Dick - Uma aula sobre baleias (em 1851)



Refeição Cultural

Ufa! O sábado 13 de março está terminando. Hoje foi o 6º dia de leitura do clássico do escritor norte-americano Herman Melville. Não li pela manhã como ocorreu entre segunda e sexta-feira. Tive uma agenda cultural diferente (agenda de quarentena de pandemia mundial de Covid-19). 

Pela manhã, assisti ao filme de Francis Ford Coppola, O poderoso chefão, de 1972. Foram mais de 3 horas de filme. Havia relido o livro semanas atrás (ver comentário aqui). Agora vou ver os três filmes baseados no clássico de Mario Puzo. Eu não gosto de ver filmes antes de ler ou reler os livros nos quais eles foram baseados.

A leitura de hoje de Moby Dick foi um pouco cansativa, talvez porque eu estivesse cansado. Para se ter uma ideia, li umas dez páginas e vi que não estava bom o meu entendimento e acabei relendo tudo. Entendo que minha fase de leitor me exige um pouco isso, ser um leitor atento. Enfim, vou até descansar da viagem pelos mares no domingo e ler outra coisa.

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MOBY DICK

"Entretanto, se passarmos em revista todas as alusões sobre o Leviatã feitas pelos grandes poetas da antiguidade, ficareis convencidos de que a baleia da Groelândia era para eles o monarca sem rival dos mares. Chegou porém o tempo de se fazer nova proclamação. Aqui é Charing Cross! Ouvi todos, bom povo: a baleia da Groelândia foi deposta. Reina agora o grande cachalote!" (p. 166)


Li 6 capítulos neste sábado. Conheci Acab, o capitão principal do baleeiro Pequod. Ele perdeu uma perna em uma de suas pescas de baleia. Tem uma perna postiça.

"mal notei que não pouco da sua fealdade predominante era devido àquela perna branca, exótica, sobre a qual ele se mantinha. Antes de mais nada, já me ocorrera a ideia de que aquela perna de marfim fora fabricada com o osso polido da mandíbula de um cachalote." (p. 155)

O papel do narrador na estória é muito importante, ele é um narrador personagem. Ismael é membro da tripulação do Pequod. Ele nos lembra também da importância de alguns membros do navio. Abaixo, ele está falando dos três pilotos:

"Na verdade, dificilmente se poderiam encontrar melhores tripulantes e oficiais, cada qual à sua maneira, e todos três eram americanos: um natural de Nantucket, outro de Vineyard e o terceiro do cabo Cod." (p. 154)

O capítulo "Cetologia" é magistral! Eu fiquei impressionado com as descrições científicas sobre peixes e baleias com direito a citações da época, atualizadas até o ano anterior ao lançamento da obra, 1851. 

Claro que a obra é literatura de ficção, mas a qualidade da técnica ficcional chama a atenção do leitor, auxilia na economia da obra e dá verossimilhança à narrativa. Li até um trecho para meu filho que estuda Biologia para ele ver que legal.

"Não pretendo dar uma descrição anatômica minuciosa das várias espécies ou - pelo menos aqui - apresentar uma longa descrição. Meu objetivo é simplesmente traçar o esquema de uma sistematização da cetologia. Sou arquiteto e não construtor." (p. 167)

O narrador descreve um conceito da época:

"em alguns setores debate-se ainda a questão de saber se a baleia é ou não um peixe. No seu Sistema da natureza, 1776 da era cristã, Lineu declara: 'Portanto, separo as baleias dos peixes'. Mas pelo que sei, até o presente ano de 1850, os tubarões, os sáveis e os arenques, contra o decreto de Lineu, dividem ainda a posse dos mares com o Leviatã." (p. 167)

Logo abaixo, o narrador manda sua opinião e segue adiante com sua narrativa.

"Deve-se dizer, evitando toda polêmica, que adoto a antiga tese de que a baleia é um peixe e recorro ao santo Jonas para me apoiar." (p. 167)

Bem, vamos respeitar porque a narrativa é dele e não nossa (rsrs).

Enfim, serão páginas e páginas de descrição de baleias, segundo o conceito adotado pelo narrador.

Encerro a postagem e vamos descansar um pouco de Moby Dick. A leitura não é leve como foram alguns dos livros que li recentemente. Sei que estou superando uma lacuna cultural importante, uma ficção referencial na linguagem contemporânea.

Abraços aos leitores amig@s. Caso haja interesse em ver postagens anteriores, é só começar por esta aqui, que vai da mais recente até a primeira, em retrospectiva. Para ler na ordem cronológica, é só acessa o blog por plataformas que mostrem a página inteira.

William


Bibliografia:

MELVILLE, Herman. Moby Dick. Tradução de Berenice Xavier. São Paulo: Publifolha, 1998.


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