quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Ulysses - Ítaca (A Casa)



Refeição Cultural

E então começamos o penúltimo capítulo do livro Ulysses, de James Joyce, a epopeia de Leopold Bloom pela Dublin de um dia comum de junho de 1904, uma quinta-feira, dia 16. De Bloom e de Stephen Dedalus. E também, de Molly Bloom, que aparece mais na primeira parte da obra e que fecha a epopeia de Bloom num monólogo interior surpreendente (isso não é um spoiler, seria se eu dissesse a vocês o que ela pensa durante 70 páginas rsrs).

Já estamos na madrugada de 17 de junho. Bloom está em casa na companhia de Stephen. Nessa parte, um narrador descreve as cenas para nós, leitores. Muito interessante! O narrador faz perguntas e ele mesmo as responde.

"Que cursos paralelos seguiram Bloom e Stephen ao voltar?" (p. 942)

"Sobre o que deliberou o duunvirato durante seu itinerário? (p. 943)

Bloom esqueceu a chave de casa no bolso da outra calça... e o narrador nos conta isso. É muito engraçado! Bloom teria ficado puto da vida porque ele pensou duas vezes que não podia esquecer a chave e esqueceu a chave. Acabou pulando o muro para entrar.

E as perguntas do narrador e as respectivas respostas seguem:

"O que Bloom viu no fogão?" (p. 949)

" O que Bloom fez no fogão?" (Bloom pegou a chaleira e foi até a torneira para pegar água. Na pergunta e resposta seguinte por parte do narrador, ficamos sabendo que o período é de estiagem e que há racionamento de água)

"E fluiu?

Sim. Do Reservatório Roundwood (...) ainda que devido à prolongada estiagem de verão e a um suprimento diário de 47,3 milhões de litros a água houvesse caído abaixo da linha do vertedouro de transbordamento razão pela qual o responsável pela municipalidade e engenheiro de saneamento, senhor Spencer Harty, C. E., sob instruções do comitê de saneamento, proibira o uso de água do município para propósitos outros que não os de consumo (vislumbrando a possibilidade de se ter de recorrer à água impotável dos canais Grand e Royal como em 1893)..." (p. 949)

COMENTÁRIO: um século atrás já era sabido por autoridades públicas de cidades e países do mundo que é necessário regrar o uso de água em períodos de estiagem. MENOS NO BRASIL DE TEMER E BOLSONARO! Não teremos água e luz porque não há planejamento algum focado na população do país. Enquanto as águas secam nos reservatórios, vemos o prédio ao lado gastando o resto da água potável lavando o chão e o parquinho da área comum...

AS PROPRIEDADES DA ÁGUA

Uma das partes mais legais até agora no capítulo, é a descrição das propriedades da água, nas páginas 950 e 951 da edição que estou lendo. Como no Ulysses tudo é muito grande, não dá para colocar o excerto aqui, só citar as páginas.

Aliás, o capítulo no qual estou tem cem páginas, é um livro!

Vejam só o começo:

"O que na água Bloom, aguamante, extrator de água, aguatransportante, retornando ao fogão, admirava?

Sua universalidade: sua equanimidade democrática e constância e sua natureza ao buscar seu próprio nível (...) sua preponderância de 3 para 1 sobre a terra firme do globo (...) sua violência em maremotos, trombasdágua, poços artesianos, erupções, torrentes, redemoinhos, inundações, enchentes, tsunamis, divisores de água, diques, gêiseres, cataratas, turbilhões, maelstroms, alagamentos, dilúvios, clataclismos..." (p. 950/951)

9 MESES SEM BANHO

Fecho a postagem com uma curiosidade sobre o jovem Stephen Dedalus. O rapaz não toma um banho desde outubro do ano anterior. Ele é hidrófobo, nos diz o narrador. Aff... cada lugar do mundo com seus costumes!

"Que razão Stephen forneceu para declinar da oferta de Bloom?

Ser ele hidrófobo, odiando o contato parcial por imersão ou total por submersão em água fria (tendo seu último banho tido lugar no mês de outubro do ano anterior), opondo-se às substâncias aquosas do vidro e do cristal, desconfiando de aquosidades de pensamento e de linguagem." (p. 952)

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É isso! Seguimos lendo os diversos livros produzidos pelas diversas culturas da sociedade humana. 

William

Post ScriptumA última postagem pode ser acessada clicando aqui.


Bibliografia:

JOYCE, James. Ulysses. Tradução de Caetano W. Galindo. 1ª ed. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2012.

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