sábado, 3 de setembro de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XXV)

Quarta Parte

Economia de transição para o trabalho assalariado (século XIX)

XXV. Nível de renda e ritmo de crescimento na segunda metade do século XIX


Voltei à leitura desse clássico de Celso Furtado após quase um mês lidando com outros afazeres que me impediram de sentar alguns minutos para ler com reflexão essa obra.

Neste capítulo, Furtado apresenta dados do crescimento da população brasileira por regiões do país na segunda metade do século 19. Também fala do desenvolvimento econômico em cada região e avalia as rendas per capita de cada uma delas. Conclui que o crescimento econômico no século não foi pequeno ao considerar o último período, ruins foram os 3/4 iniciais do século, com estagnação.

Vamos ver alguns excertos:

"Para fins de análise do comportamento da renda real, no período que estamos considerando, convém dividir a economia brasileira em três setores principais. O primeiro, constituído pela economia do açúcar e do algodão e pela vasta zona de economia de subsistência a ela ligada, se bem que por vínculos cada vez mais débeis. O segundo, formado pela economia principalmente de subsistência do sul do país. O terceiro, tendo como centro a economia cafeeira." (p. 148)

Dessas regiões, a que teria tido taxa de crescimento da renda per capita negativa seria a do Nordeste (8 Estados menos a Bahia), com -0,6%, conforme a nota 134. A região Sudeste (Centro, segundo Furtado) era a região cafeeira.

"Duas regiões de importância econômica permaneceram fora dos três sistemas a que fizemos referência. São elas o Estado da Bahia, que compreendia em 1872 treze por cento do total da população do país, e a Amazônia, à qual correspondiam 3 por cento da população na mesma época." (p. 151)

COMPARAÇÃO ENTRE BRASIL E EUA NO SÉCULO XIX

"Dessas suposições se deriva que, no meio século referido, a renda real do Brasil se teria multiplicado por 5,4, o que representa uma taxa de crescimento per capita de 1,5 por cento. Essa taxa de crescimento é elevada, com respeito ao desenvolvimento da economia mundial no século XIX. Durante a mesma época a renda real dos EUA se multiplicou por 5,7, mas, dado o crescimento mais intenso de sua população, a taxa per capita é algo menor que a indicada para o Brasil. A diferença fundamental está em que, enquanto os EUA na segunda metade do século XIX mantiveram um ritmo de crescimento que vinha do último quartel do século anterior, o Brasil iniciou uma etapa de crescimento após três quartos de século de estagnação e provavelmente de retrocesso em sua renda per capita." (p. 153)

E Furtado conclui, então:

"Esse atraso tem sua causa não no ritmo de desenvolvimento dos últimos cem anos, o qual parece haver sido razoavelmente intenso, mas no retrocesso ocorrido nos três quartos de século anterior. Não conseguindo o Brasil integrar-se nas correntes em expansão do comércio mundial durante essa etapa de rápida transformação das estruturas econômicas dos países mais avançados, criaram-se profundas dissimilitudes entre seu sistema econômico e os daqueles países." (p. 153/4)

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COMENTÁRIO:

Daqui algumas semanas o povo brasileiro vai às urnas em 2 de outubro de 2022 para decidir que Brasil teremos para os próximos anos. Estamos vivendo um dos períodos de maiores retrocessos em nossos cinco séculos como colônia de exploração dos países do imperialismo do Norte. 

Poucas vezes tivemos alguma autonomia e soberania como país independente nos últimos 200 anos, a exemplo do período governado pelo Partido dos Trabalhadores, entre 2003 e 2015, quando tivemos uma política "ativa e altiva" com os demais países do mundo. 

Esperemos que a maioria do povo tenha juízo e amor-próprio e escolha Lula para presidente e uma grande bancada de parlamentares do campo da esquerda, espectro político que representa os legítimos interesses do povão brasileiro.

William


Clique aqui para ler comentários do capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


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