quinta-feira, 30 de maio de 2024

5 de 100 dias



5. O que fazer numa centena de dias quando se está percebendo o mundo em processo progressivo de desfazimento? Hoje, entendo Drummond quando seus eu-líricos diziam que viver é uma ordem, viver apenas, sem mistificação. Compreendo o poeta. Viver para mim é uma necessidade (e não por mim)!

Eu posso parar as guerras em andamento? Posso interromper o extermínio do povo palestino executado pelos sionistas de Israel? Posso ajudar meus irmãos e irmãs cubanos vivendo carências materiais essenciais sob um bloqueio criminoso por parte do país mais terrorista do mundo, os Estados Unidos? 

Eu posso interromper as humilhações que os inimigos do povo e da classe trabalhadora brasileira e do país estão impondo ao presidente Lula através daquele parlamento com 400 bárbaros comprados com o dinheiro das poucas famílias bilionárias, o 1%, e comprados com o orçamento (inclusive o secreto) do país capturado por aqueles canalhas?

O que está ao meu alcance fazer para frear as injustiças e violências e ignorâncias do mundo no qual estou inserido como um dos participantes da sociedade humana? O que fazer?

Eu não sei.

Nos últimos dias, o que fiz foi me sentar com pessoas com as quais trabalhei e convivi por muito tempo e que considero como amigas para comermos uma pizza e conversarmos. 

Também estou passando uns dias com a família e com amigos na colônia dos professores do Sinpro SP na Praia Grande. Estou conversando com pessoas com as quais se pode conversar ainda. Isso é bom.

Em relação às leituras e textos em andamento, sobre a ideia de ser mais "acabativo", terminei mais um dos volumes do Gen Pés Descalços, História em Quadrinhos de Keiji Nakazawa, um mangá extraordinário que conta ao mundo a tragédia vivida pelo povo de Hiroshima, comunidade humana vítima da bomba atômica lançada pelos Estados Unidos, o país mais terrorista do mundo. Li o volume sete, agora faltam três. (comentário aqui)

Enfim, não estou numa função social atualmente que me permita ou que me facilite a condição para mudar a realidade injusta e perversa da sociedade humana. Isso não é uma desculpa para não fazer nada para mudar a realidade ruim, não é. Mas ainda não me vejo pertencente a um movimento desses muda-mundo.

Se for avaliar criticamente e honestamente, diria até mesmo que os movimentos aos quais participei por um bom tempo em minha vida profissional, movimento sindical e partidário, que já tiveram força para mudar realidades da classe trabalhadora, hoje têm dificuldade para apontar um horizonte e utopias para o povo trabalhador e sem posses.

Se o Partido dos Trabalhadores não for enfático em alguma bandeira que o diferencie dos demais partidos tradicionais, dizendo aos seus filiados, militância e simpatizantes qual sua posição em relação ao capitalismo, por exemplo, terá cada dia mais dificuldade de mudar a realidade do povo trabalhador e sem posses.

É a minha opinião.

Muitas lideranças do PT querem "humanizar" o capitalismo, ao invés de deixar claro que temos que superar esse sistema destrutivo do mundo e do ser humano.

Acho isso foda! Francamente!

Bom, como a vida de todos nós está muito instável, não sabemos se as guerras tomarão conta de tudo e nosso cotidiano será invadido por uma delas, talvez seja bom estar com mais pessoas queridas nessa centena de dias que estou por aí, vivendo, sem mistificações. Conversar com amigas e amigos é bom.

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Ah, sobre a "condenação" do bárbaro Trump, que tomou conta das notícias das mídias no dia de hoje... para mim é nuvem. Nuvem. Não muda nada nos Estados Unidos e não muda nada para os palestinos, para os cubanos, para os venezuelanos, para os chineses, não muda nada em relação ao que a extrema-direita e o 1% estão organizando para inviabilizar qualquer desejo de Lula de desfazer alguns dos crimes de lesa-pátria e lesa-humanidade praticados pelos bárbaros no poder político até 2022: bolsonaristas et caterva da laia deles. Não muda nada. O que vão fazer com Lula e conosco já está traçado pelos 400 bárbaros do Parlamento. O problema é o nosso lado da classe, as nossas lideranças sindicais e partidárias. Nosso lado não está sendo organizado para reagir, resistir e lutar pela nossa ideia de mundo. Nada a ver com o merda do Trump ou o merda do Biden. Nada!

William


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