Refeição Cultural
Gen Pés Descalços
Volume 7
Dos volumes que já li de Gen Pés Descalços, talvez o sétimo seja o que tenha mais arcos ou pequenas histórias dentro da narrativa sobre a vida da família Nakaoka e do povo japonês no período posterior à derrota na guerra e após as duas bombas atômicas que mataram centenas de milhares de pessoas.
Já no início da história, Gen e Ryuta interrompem a busca de soluções para imprimir o livro "Fim de um verão" de Matsukichi Hirayama, contando ao mundo sobre as consequências da bomba atômica para o povo japonês. Eles precisam ajudar Noro, garoto que fugiu do reformatório com Ryuta e que queria se vingar do tio que roubou toda a herança de sua família, sendo responsável pela morte da irmã de Noro e prisão dele.
Esse arco foi resolvido graças à generosidade de Gen, um pacifista assim como toda a sua família. Da solução da história de Noro, os meninos foram atrás da impressão do livro do senhor Hirayama. Para isso, Gen procurou o senhor Bok, um coreano amigo da família Nakaoka desde antes da guerra.
O senhor Bok ajuda Gen e vemos no mangá a história dos coreanos subjugados pelos japoneses naquele período da guerra.
Neste momento da leitura, tomamos conhecimento de mais algumas informações relevantes para a história. O único que sabe ler no grupo de crianças vítimas da guerra, os amigos e protegidos de Gen, é ele mesmo, que deve estar com uns nove ou dez anos. Começa um arco aí, a leitura da história do senhor Hirayama, no livro "Fim de um verão".
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"O porto de Hiroshima, por exemplo, vivia repleto de soldados que só aguardavam o momento de serem enviados aos campos de batalha do Sul.", Gen leu no livro para os amigos. E continuou:
"Hiroshima era a cidade que sediava as divisões do exército japonês. Um lugar que prosperou como capital militar do país."
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Parte duríssima da história. Revemos toda a história e cenário do volume dois, o lançamento da bomba e as consequências dela. Cenas duras! O desenho de Nakazawa é impressionante!
Da distribuição do livro, começa um novo arco, porque era proibido aos japoneses falarem sobre a guerra e suas consequências. Os leitores vão conhecer agora os norte-americanos atuando no Japão como donos do mundo, os mesmos que ensinarão métodos de tortura aos ditadores sul-americanos nas décadas seguintes.
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NONSENSE que funciona bem com Nakazawa
Nakazawa tem uma forma muito peculiar de contar a história de seu povo, ele mescla na História em Quadrinhos violência extrema com humor, e a gente acaba entendendo o motivo de sua técnica. Neste volume, no arco dos agentes norte-americanos, os garotos em cativeiro "treinam" em si mesmos resistência às torturas que imaginaram que sofreriam em seguida. É algo nonsense, mas que dá todo o sentido naquela parte da história.
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Desse arco do cativeiro, surge outro bem legal. É a revanche! Os garotos descobrem como destruir as máquinas do inimigo com docinhos de açúcar.
O último arco do volume é muito emotivo. A mãe de Gen volta para casa, pois estava internada com a doença da bomba. O irmão mais velho dele, Kouji, também volta depois de um bom tempo sem notícias. A família está reunida novamente.
Conhecemos a história do casamento dos pais de Gen e os duros tempos de guerra, quando o governo japonês torturava o próprio povo, quando alguém discordava da guerra e do imperador.
A mãe de Gen quer ir com a família a Kyoto e novamente vemos a humildade e determinação do garoto para conseguir os recursos para a viagem. Gen vai recolher fezes humanas para atingir seus objetivos.
Apesar do volume terminar de forma triste, vemos a determinação de Gen Nakaoka em querer falar com o chefão dos invasores norte-americanos e com o imperador do Japão sobre os efeitos da guerra e da bomba atômica.
Vamos para o oitavo volume. Como vocês perceberam, procurei falar das temáticas dos arcos sem dar spoiler sobre o que de fato aconteceu. Só lendo o mangá para conhecer os detalhes. O comentário do primeiro volume pode ser lido aqui. Os seguintes estão ao final de cada texto.
O volume seguinte, o oitavo, pode ser lido aqui.
William
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