Refeição Cultural
Osasco, 12 de junho de 2024. Quarta-feira.
Nos últimos dias, tenho trabalhado em casa a organização de minha coleção de mídias, uma quantidade de materiais que fui adquirindo ao longo de décadas de vida. São livros, revistas, apostilas, mídias audiovisuais, papéis e mais papéis.
Cada documento é um encanto maior que o anterior. Ao assistir a alguns vídeos e documentários sobre a luta da classe trabalhadora brasileira, sinto um espírito de pertencimento que emociona a gente ao relembrar toda aquela luta da qual fui semente e participei nos meus trinta anos de categoria bancária.
Hoje, estou com o sentimento disperso, não tenho conseguido sentir pertencimento como senti ao longo de minha vida de trabalhador da categoria bancária. Avalio que são diversos os motivos que me fazem estar em busca de sentidos e motivações enquanto militante que viveu de forma intensa e por dentro as principais lutas da classe trabalhadora dos anos noventa para cá.
AUGUSTO CAMPOS
A riqueza do material que tenho é grande! Nesses últimos dias, li entrevistas de grandes figuras da nossa categoria bancária que participaram da criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Partido dos Trabalhadores (PT). Li depoimentos de Gilmar Carneiro, Olívio Dutra, Jacy Afonso e Luiz Azevedo. Que histórias incríveis! (ver comentário aqui)
Uma figura foi central no depoimento de todos eles: Augusto Campos.
Hoje, ao ver um documentário de 2014, com entrevistas realizadas em outubro daquele ano com o companheiro Augusto Campos, um material excepcional feito pelo pessoal do Crivelli Advogados Associados em parceria com o Sindicato, senti emoções profundas ao ouvir uma de nossas referências e ver que o que fui durante a representação sindical e o que sou como pessoa traz na essência as ideias e conceitos de figuras humanas como o Augustão. (diria que só não sou tão pacifista quanto ele foi)
O fazer sindical junto às bases, a forma democrática de organizar a classe trabalhadora, a clareza da necessidade de organizar o povo de forma ampla, não só olhando para o seu grupo, e uma das concepções que marcaram a criação da CUT, a de que as proposições das direções sindicais precisam ter ressonância na massa, a representatividade de uma liderança se dá quando a massa compartilha das ideias dessa liderança, acredita ser possível conquistar aquilo pelo qual estão lutando.
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OS TEMPOS DUROS DEVEM SER ENFRENTADOS COM UNIDADE, CRIATIVIDADE E SOLIDARIEDADE DE CLASSE
Essa geração do Augusto Campos, Gushiken, Lula, Olívio Dutra, Genoino, José Dirceu, Dilma Rousseff, Marisa Letícia, e tantas companheiras e companheiros que nos legaram o Brasil da Constituição Federal de 1988 enfrentaram a violência dos donos do poder econômico em todas as suas formas mais perversas e nos garantiram direitos e esperanças de uma vida melhor desde meados do século passado.
Ao ver o cenário atual, brasileiro e mundial, vejo semelhanças com os cenários dos tempos mais complexos que a humanidade vivenciou no século vinte: as duas guerras mundiais, as diversas formas de totalitarismo como o nazismo, o fascismo, o macarthismo e os erros do comunismo real, as guerras e ditaduras coloniais patrocinadas pelo imperialismo e os inúmeros conflitos que causaram extermínio e miséria de populações. Por trás de todos eles, todos, o capitalismo.
Tempos duros! Tempos duros!
E todos nós que temos formação política, que somos de esquerda, que fomos forjados na ideologia de lideranças como as que citei aqui, todos nós, sabemos que a vida é luta, que a vida é um bem precioso, sabemos que a humanidade precisa ser educada e ter acesso aos conhecimentos e culturas diversas para poder se libertar das opressões e das ignorâncias e manipulações dos donos do poder econômico, sabemos que não há chances para a humanidade sob a hegemonia do capitalismo. Só com a derrota do capitalismo poderemos salvar a vida no planeta Terra.
William Mendes
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