quinta-feira, 27 de junho de 2024

33 de 100 dias



33. Nos anos oitenta e depois nos noventa, queria aprender línguas estrangeiras. 

Voltei a São Paulo com dezessete anos disposto a "vencer na vida", depois dos anos que passei em Uberlândia. Que faria? Trabalhar onde? Não se tinha muitas opções de emprego.

O inglês foi o idioma que decidi aprender por ser a língua que dominava o mundo e que daria as melhores oportunidades de trabalho. Era o que eu imaginava. 

Nos primeiros anos em São Paulo, eu estava disposto a fazer qualquer trabalho, topava até sair do país para trabalhar fora. Pensei nos Estados Unidos, Inglaterra, no Japão como dekasségui ou até no Iraque.

Enfim, a vida seguiu seu curso. Trabalhei em depósito de palmito, lanchonete, escola de idiomas e só depois virei bancário. 

Aprendi um pouco da língua inglesa. Me comuniquei em inglês em situações que precisaram, inclusive quando estive duas vezes nos Estados Unidos, após os quarenta anos de idade, já estabelecido na vida como trabalhador da categoria bancária. 

Agora me pergunto, olhando o monte de materiais de inglês das mais variadas épocas e didáticas diversas: o que essas coisas dos anos oitenta e noventa estão fazendo na minha casa até hoje? O quê? Qual a utilidade de materiais de inglês de tudo quanto é tipo de conteúdo na atual quadra da minha vida?

Três décadas depois, tudo no mundo é instantâneo e virtual. Meu apego a coisas velhas é uma mania que precisa ser mudada. 

Estou nesse momento banal e pouco útil da existência. Após fazer coisas grandes e importantes coletivamente na minha vida adulta como membro da classe trabalhadora, hoje não consigo ser prático nas coisas domésticas, na desorganização da vida privada.

Não desisto. Sigo buscando mudanças e sentidos. 

William 


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