9. Baseado no que tenho refletido recentemente sobre minha vida pessoal, ainda não tenho claro o que estou perseguindo como objetivo por uma centena de dias. O que sei é que preciso lidar com sentimentos que limitam minhas potencialidades em relação ao que ainda poderia realizar enquanto sou e estou no mundo. Guardadas algumas exceções, avalio que ainda poderia ser e fazer muitas coisas, tanto para mim mesmo quanto para a coletividade humana.
E pelas condições gerais do meu existir, escrever seria talvez a coisa mais útil que eu puderia fazer para a comunidade à qual pertenço, mesmo estando neste momento com um sentimento de não pertencimento a quase nada. Querendo ou não, se parar para pensar friamente, eu pertenço a algumas abstrações mentais dessas criadas pelos animais homo sapiens.
Pertenço a uma determinada família, porque os seres humanos criaram esses conceitos nas relações sociais humanas.
Pertenço a algumas comunidades determinadas por algo em comum, por exemplo, dos brasileiros e brasileiras. Eu pertenço àquela parte pequena dos brasileiros que trabalhou durante a vida na empresa pública Banco do Brasil e dessa "comunidade imaginada" - para usar o conceito de Benedict Anderson -, sou afiliado a diversas associações criadas pelas pessoas da comunidade de bancários do Banco do Brasil: Cassi, Previ, sindicato, associações de aposentados e atléticas etc.
Outro suposto pertencimento imaginado por mim seria ao segmento de pessoas no mundo que se entendem como pessoas de esquerda, que se identificam com supostos valores relacionados com princípios e objetivos da esquerda na sociedade humana. Os problemas dessas abstrações humanas já começam por aí: o que seria ser de esquerda hoje, tanto no Brasil quanto no mundo? Ao ver o comportamento e as proposições daqueles que entendia serem de esquerda, já não entendo mais nada... (ou entendo)
Enfim, o que poderia vislumbrar para uma centena de dias de existência em relação ao meu cotidiano e aos meus objetivos? Não posso enganar a mim mesmo nesta altura de minha vida. São necessários parcimônia e pés no chão para definir o que poderia perseguir como objetivo e depois avaliar o que rolou em minha vida nas próximas semanas, ou seja, em uma centena de dias, de 26 de maio a 2 de setembro.
Ver impresso o livro de memórias que estou editando? (e o que faria com isso?)
Ter sido "acabativo" em alguma empreitada de leitura e estudos e trilha de conhecimento?
Ter descoberto os motivos de minha perda de condição de saúde e, não sendo nada fatal, estar em processo de mudança e recuperação de alguma parte de minha saúde?
Ter avançado em algum projeto de estudo mais focado?
Ter avançado em algum projeto de escrita no qual possa estar contribuindo com o compartilhamento gratuito de algo que sei?
Sei lá!
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Fiz algo nos últimos dias pouco comum em meu cotidiano: estive com pessoas que me fizeram rir e vi mídias de cultura que me fizeram rir e chorar. Isso é bom!
William Mendes
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