terça-feira, 10 de março de 2020

Estou sendo monitorado? Por quê? Por quem?



23 mil acessos em um dia num blog
sem postagens novas, e fuçando
em centenas de postagens?

Em tempos sombrios, tempos de chumbo ou cor de chumbo como escrevi dias atrás (ler aqui), enfim, em tempo de tons acinzentados, coisas muito atípicas e fora do comum podem nos chamar a atenção e devemos ficar atentos.

Por quase duas décadas fui militante político e dirigente sindical da categoria bancária, um representante da classe trabalhadora. Como sempre me balizei pela transparência de minhas ações e opiniões, criei dois blogs onde partilhei minhas agendas, informações e produção de conhecimento.

No Categoria Bancária prestava contas dos mandatos e dialogava com as lideranças e os trabalhadores. Acho difícil que algum representante eleito tenha tido uma vida tão pública e publicada como a minha. Só no mandato na Cassi foram mais de 600 postagens. No Refeitório Cultural compartilho cultura, política e amenidades.

Se, por um lado, durante minha vida política cheguei a ter centenas e milhares de acessos nas postagens dos dois blogs porque criamos um público leitor, por outro, desde que deixei de atuar no movimento não tenho mais que algumas dezenas de leitores usuais. 


O mesmo se deu no Refeitório Cultural,
cujo acesso normal é de cem entradas.

No entanto, de ontem para hoje o blog Categoria Bancária sofreu uma varredura intensa, foram mais de 23 mil acessos e ao que parece em centenas de postagens. Todas as origens foram de algum IP vindo de fora, dos Estados Unidos. O mesmo aconteceu com o Refeitório Cultural, foram quase 4 mil acessos também com IP dos Estados Unidos.

Eu não tenho mais mandatos, não sou mais influenciador de nada, e talvez o que me caracterizaria mais no momento seria o fato de ser um cidadão que não compartilha das ideias do novo regime. 

Na verdade, eu defendo todos os sonhos e objetivos perseguidos para chegarmos a uma sociedade comunista e que, em geral, são os princípios do espectro mais à esquerda na sociedade: defendo a liberdade, direitos humanos, democracia, distribuição de rendas e políticas afirmativas, Estado com patrimônio público, direitos sociais, políticos e civis, igualdade etc, afinal de contas, sou um cidadão de esquerda. 

Enfim, fiquei pensando o que fazer a respeito. Como não estou mais em contato com os movimentos sociais e vejo com preocupação esse monitoramento, decidi compartilhar essa informação aqui com amig@s e companheir@s que conquistamos ao longo da vida de lutas coletivas em prol dos trabalhadores e do povo brasileiro.

COMO REPRESENTANTE DOS TRABALHADORES, ENTENDO QUE FIZEMOS O QUE TINHA QUE SER FEITO, POIS CADA UM TEM UM PAPEL A DESEMPENHAR

Os últimos seis anos de mandatos eletivos foram muito intensos e aguerridos. Como coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, na Contraf-CUT, atuei com postura muito firme perante a direção do banco e do governo e apesar de ser leal e ético no desempenho de meu papel, devo ter chateado alguns membros da cúpula à época e isso pode ter gerado certa birra em relação a mim durante meu último mandato.

Como dirigente eleito da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, também atuei de forma bastante rígida no que diz respeito à defesa dos direitos dos associados da ativa e aposentados e na defesa da autogestão e de seu modelo assistencial. Minha atuação trouxe consequências desgastantes para minha pessoa no final do mandato (lawfare), mas se tivesse que fazer tudo de novo na defesa da Cassi e dos associados, eu faria.

Não é necessário detalhar o que fizeram contra mim para influenciar as eleições que ocorreriam em 2018 e para me enfraquecer no momento de embates decisivos nos rumos da autogestão, mas uma coisa eu posso dizer: ter a minha prestação de contas e a agenda de diretor absolutamente pública ao longo dos 4 anos foi de importância capital na minha defesa contra invenções e maledicências.

Os embates que tivemos durante os mandatos foram ossos do ofício do próprio mandato de representação. Isso é passado. É história, enquanto a história não for apagada. Hoje não tenho mais embates com nenhum segmento na comunidade onde atuei. O que me preocupa é o cenário nacional e internacional, é o embate entre a civilidade e a barbárie, estamos num momento decisivo na história humana.

Sigo sonhando com um mundo mais justo e igualitário, democrático e inclusivo, baseado no amor, na ética, na dignidade humana e na tolerância entre as pessoas.

William Mendes

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