segunda-feira, 7 de julho de 2025

Livro: Nada mais será como antes - Miguel Nicolelis



Refeição Cultural

"(...) Contra todas as predições feitas pelos evangelistas fanáticos da inteligência artificial, que não seria de fato capaz de reproduzir como o cérebro humano funciona e, mesmo a longo prazo, não poderia nos substituir como sistemas digitais, o uso de IA causou danos tremendos e devastadores para o nosso modo natural de vida, obliterando as características puramente analógicas do nosso cérebro, como a inteligência, criatividade, intuição e o pensamento inovador fora da caixa. Neste processo, a imersão digital em tempo integral transformou quase a humanidade numa massa amorfa e semiconsciente, sem nenhuma perspectiva futura de se livrar dos grilhões desta escravidão digital." (p. 469)


Ao finalizar a leitura de mais um grande livro, a primeira reflexão que me vem à mente é aquela sobre a caminhada ser mais importante que a chegada. 

Quando comecei a ler a ficção do neurocientista escritor Miguel Nicolelis já sabia que a leitura seria demorada (ler aqui). 

Por acompanhar as entrevistas e postagens do professor, tinha noção do que seria tema no enredo do romance: as questões de IA e big techs etc. Então, curti a jornada sem a pressa da chegada.

Ao longo das 500 páginas do romance, fiquei reflexivo inúmeras vezes ao me deparar com o cenário daquele mundo de 2036. São muito provocativas as situações apresentadas na sociedade dos humanos autointitulados "homens sábios".

Desemprego global na casa dos 80%, por exemplo. A ideia não é de todo absurda de se imaginar num mundo onde as máquinas fazem tudo em benefício de aumentar a acumulação de riqueza na mão de pouquíssimos humanos. 

Não cito outros cenários da ficção para não dar spoiler de nada. Sugiro a leitura deste e de outros livros de Nicolelis. A obra científica "O verdadeiro criador de tudo", de 2020 (ler comentário aqui), impactou minha visão de mundo para sempre. 

Ao longo da leitura, fiz quinze postagens pequenas com comentários sobre algo que me instigou uma reflexão. No link da primeira postagem (aqui), pode-se ler as seguintes.

O final do romance é bem ficção científica mesmo (risos). Interessante!

Nada mais será como antes...

William


Bibliografia:

NICOLELIS, Miguel. Nada mais será como antes. São Paulo: Planeta do Brasil, 2024.


domingo, 6 de julho de 2025

Instantes (17h27)



Refeição Cultural

Hoje exerci parcialmente meu direito de votar no Partido dos Trabalhadores. Porém, a burocracia partidária tirou das eleições meus candidatos: Heber, Gabi e Matheus, do Coletivo JuntOz. Democracia incompleta quando impedem as pessoas de votarem e serem votadas.

Soube que fizeram isso também com a companheira Dandara, deputada federal de Uberlândia, cidade onde cresci. Todos perdem com isso, o partido e a democracia. 

Terminei a leitura do livro do neurocientista e professor Miguel Nicolelis - Nada mais será como antes (2024). Ficção científica com base nas tendências distópicas e disruptivas da realidade atual. O ser humano e a sociedade humana como existem hoje podem estar com os dias contados.

O tempo e a natureza seguem seu ritmo tic-tac, tic-tac, tic-tac. A morte de nós todos seres vivos está à espreita. Num instante estamos aqui vivos, no outro, não mais. 


Estou sentado vendo o pôr do sol numa tarde fria em Osasco. Acabei de fazer uma hora de musculação. Meu corpo cansou da jornada de dez anos a mil. Cansou. Minha razão está firme por consciência. Enquanto puder, farei minha parte para viver. Ainda tenho responsabilidades com pessoas queridas. 


Seguimos estudando, registrando, sendo útil de alguma forma e buscando aproveitar as oportunidades de estar vivo.

William 

06/07/25


Post Scriptum: hoje votei também no plebiscito popular dos movimentos sociais pelo fim da escala 6x1 e por isenção de imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais. 

sábado, 5 de julho de 2025

Livro: Fábulas (1922) - Monteiro Lobato



Refeição Cultural

"- Na minha opinião, as fábulas mostram só duas coisas: primeiro que o mundo é dos fortes; e segundo que o único meio de derrotar a força é a astúcia..." (Fala do Visconde de Sabugosa, p.173)


O livro "Fábulas" de Monteiro Lobato foi publicado em 1922. Foi o segundo da coleção Sítio do Picapau Amarelo, saiu após "O Saci" (1921).

Estou lendo a obra um século depois. Eu concordo com a avaliação acima do personagem Visconde de Sabugosa. Só a astúcia para derrotar a força. 

Em que mundo vivia o autor um século atrás? Em que mundo vivemos hoje? Num mundo no qual a força se impõe contra a diplomacia e os consensos; em mundos que não querem mais conciliar.

A Alemanha e a Itália das primeiras décadas do século passado, o Japão lá no Extremo Oriente, se impuseram pela força (seriam o Eixo na 2a GM). Os Estados Unidos de Trump e o "Estado" de Israel de Netanyahu estão se impondo pela força. O império da força sem limites diplomáticos... esses são os tempos. 

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O LOBO E O CORDEIRO

Outra fábula recontada por Monteiro Lobato um século atrás é mais atual que todas as outras: a do lobo e o cordeiro.

"Estava o cordeiro a beber num córrego, quando apareceu um lobo esfaimado, de horrendo aspecto.

- Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber?

(...)

O lobo furioso, vendo que com razões claras não vencia o pobrezinho, veio com uma razão de lobo faminto:

- Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô!

E - nhoc - sangrou-o no pescoço. 

     Contra a força não há argumentos." (p. 118/119)

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COMENTÁRIO FINAL 

O livro contém 74 fábulas, algumas ótimas, muitas interessantes, e outras ruins e sem sentido.

Algumas fábulas são atemporais, vêm de séculos e séculos atrás. E suas lições permanecem sábias até hoje.

Foi o 4° livro que li de Monteiro Lobato nas últimas semanas. 

Fico com o ensinamento de Italo Calvino: é melhor ler que não ler os clássicos!

Sigo lendo e aprendendo.

William 


Bibliografia:

LOBATO, Monteiro. Fábulas. Ilustrado por Jótah. São Paulo: Lafonte, 2019.


quinta-feira, 3 de julho de 2025

Instantes (15h53)



Refeição Cultural


"E é difícil amar

Há tanto para odiar

Apoiando-se numa esperança

Quando não há esperança para se falar a respeito

E os céus feridos entre nós

Dizem: Já é muito, muito tarde

Bem, talvez todos nós devêssemos estar rezando por tempo..." 

(Praying for Time, George Michael, letras.mus.br)


Com tanto para odiar, é difícil amar... George Michael descreveu nesta música de 1990 o tempo presente!

Somos prisioneiros do ódio, como nos explicou Riobaldo Tatarana, personagem do livro "Grande Sertão: Veredas" (1956), de Guimarães Rosa. 

Como nos libertarmos do ódio e restabelecermos o amor? Se trata de salvar o mundo e todas as formas de vida.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac... o tempo corre contra nós que estamos perdendo tempo com coisas supérfluas. Depois não adiantará rezar por mais tempo.

William

03/07/25

Black Mirror T1 - Questões para refletir



Refeição Cultural

T1.E1. Hino Nacional ("The National Anthem") - Dirigido por Otto Bathurst e escrito por Charlie Brooker. Exibido em 04/12/11.

Sinopse da Netflix: O primeiro-ministro Michael Callow enfrenta um chocante dilema quando a amada princesa Susannah é raptada.

Comentário:

As questões colocadas em evidência no episódio de lançamento da série Black Mirror são impactantes, não tem como não ficar pensando a respeito dos dilemas apresentados aos telespectadores. 

O episódio foi exibido há 14 anos e antecipou bastante o mundo das representações que só fez aumentar a cada ano. 

O que somos neste momento da sociedade humana? Somos de fato aquilo que conseguimos representar ao público de nossas bolhas virtuais? Eu existo caso não seja validado pelos outros?

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T1.E2. Quinze milhões de méritos ("Fifteen Million Merit") - Dirigido por Euros Lyn e escrito por Charlie Brooker e Kanak Huq. Exibido em 11/12/11.

Sinopse da Netflix: Após fracassar em um concurso como cantora, uma mulher tem que escolher entre praticar atos humilhantes ou voltar a viver praticamente como escrava.

Comentário: 

O episódio apresenta pessoas numa condição quase de escravidão. Todos os dias, cada pessoa precisa ficar o dia todo pedalando em bicicletas fixas, tipo ergométricas, para ganharem créditos (méritos) como nos jogos eletrônicos do tipo fliperama ou videogame. Quanto mais pedalam e fazem o que as máquinas pedem e pontuam por aquilo, mais acumulam "méritos" para adquirir de tudo, pois os "méritos" são o dinheiro daquele mundo. 

Mesmo quando não estão pedalando, os cubículos onde descansam e dormem são câmeras de paredes-televisores para se seguir pontuando ou gastando os méritos. 

É possível sair desse mundo e ser alguém mais que o avatar digital? Dá para se libertar e viver num mundo real? 

O final da trama é a única saída?

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T1.E3. Toda a sua história ("The Entire History of You") - Dirigido por Brian Welsh e escrito por Jesse Armstrong. Exibido em 18/12/11.

Sinopse da Netflix: No futuro, todos têm acesso a um implante de memória que grava tudo que os seres humanos fazem, veem e ouvem.

Comentário:

Difícil decidir qual episódio é mais provocador e causador de reflexões a respeito de nossas vidas e das tendências que podem vigorar na sociedade humana. 

Esse com a gravação digital de tudo que vivemos é chocante!

O que nos torna únicos no mundo? Nossa individualidade, história, desejos, nossos pensamentos e realizações. Nossos segredos!

De certa forma, o que o episódio lançou como ideia de memória individual gravada em ferramentas que outros podem ver já é realidade: as plataformas digitais. 

Boa parte da humanidade tem contas em plataformas digitais e nelas estão todos os nossos dados, até aquilo que esquecemos que fizemos, dissemos e vimos de forma compartilhada.

A realidade é pior do que a ideia do episódio. Um canalha qualquer está olhando a minha vida ou a sua atrás da tela da plataforma na qual temos perfis e contas.

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Há saídas para as situações apresentadas?

Uma linha unifica os três episódios de estreia de Black Mirror (2011): os dilemas enfrentados pelos personagens nos são apresentados como problemas sem saída, ou pior ainda, com uma saída: a não saída do sistema que os aprisiona.

Essa é a questão que me chamou a atenção. 

Há saídas para nós em relação à tendência de fim de mundo com a destruição causada pelo capitalismo, de fim da natureza por causa da emergência climática, de fim da sociabilidade humana por causa da ideologia do "todos contra todos"?

Como ser humano consciente, entendo que há saídas porque somos seres históricos e fazemos a nossa história humana tomando decisões diariamente. Podemos mudar o rumo das coisas que nós mesmos fizemos.

A hegemonia do capitalismo neoliberal, o individualismo estúpido de nossa sociedade humana e a forma destruidora da natureza na atual relação entre humanos e planeta Terra podem mudar, pois somos dotados de inteligência, ainda.

Mas... sempre tem um senão, mas temos que ter objetivos claros, estratégias, táticas, e unidade daqueles e daquelas que querem mudar a tendência de fim do mundo.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac. O relógio do fim do mundo segue correndo...

Uma das soluções passa pela educação. Paulo Freire nos ensina: só se educa gente!

William 

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Livro: O Saci (1921) - Monteiro Lobato

 


Refeição Cultural

"Dizem - respondeu o Saci - que, quando uma mulher tem sete filhos machos, o sétimo vira lobisomem na noite das sextas-feiras. Sai então pelos campos, invade os galinheiros (onde come um produto das galinhas que não é o ovo) e também assalta e devora os cães e as crianças que encontra pelo caminho..." (p. 79/80)


Ao pesquisar sobre a obra de Monteiro Lobato, vi que "O Saci" foi o primeiro volume da coleção Sítio do Picapau Amarelo, publicado em 1921.

Nesse primeiro livro, vemos personagens clássicas do folclore brasileiro como, por exemplo, a Mula Sem Cabeça, a Iara, o Lobisomem, o Negrinho do Pastoreio e o Boitatá. 

A Cuca e o Saci-Pererê são personagens que fizeram parte da infância das crianças brasileiras. A adaptação para exibição na TV se deu nos anos setenta, na Rede Globo em parceria com a TVE e o MEC (1977 e 1986). Quando pude ver alguma coisa sobre o Sítio, foram episódios dessa época.

Como disse nos comentários dos primeiros volumes que li dessa coleção (ler aqui), o leitor de hoje tem dificuldade com a linguagem de Monteiro Lobato em relação a diversas questões sensíveis como, por exemplo, a forma de tratamento a grupos sociais de nosso país.

No entanto, avalio que não é por isso que se deva desmerecer a importância inovadora da obra de Lobato nas primeiras décadas do século vinte no que diz respeito a uma literatura feita para crianças e adolescentes.

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PERSONAGENS

Nas adaptações das lendas feitas por Monteiro Lobato, ele não segue necessariamente a tradição que a maioria das pessoas conhece. 

Na lenda da Mula Sem Cabeça, por exemplo, é mais conhecida a história na qual ela é concubina de um sacerdote. No entanto, no livro ela é esposa de um rei e come cadáveres de crianças no cemitério local.

Algumas histórias de Lobato são bem assustadoras se pensarmos o público-alvo e a sociedade na qual seus livros circulavam, crianças e o Brasil do início do século vinte.

A lenda do Boitatá do livro tem semelhança com uma das vertentes que encontrei ao pesquisar sobre a personagem folclórica. O próprio Pedrinho fala ao Saci que ele conhece a história da cobra de fogo como sendo fogo-fátuo.

Ao ler sobre o Lobisomem foi inevitável pensar em qual dos filhos de minha avó Deolinda seria o lobisomem da família (risos). Minha avó teve nove filhos homens e o sétimo deve(ria) ter sido o bichão... não me lembro agora, mas se brincar é o meu pai... (os dois mais velhos já faleceram).

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É isso! Sigamos lendo Monteiro Lobato. Já li 3 livros dele e tenho mais 4 em casa para ler.

William


Bibliografia:

LOBATO, Monteiro. O Saci. Ilustrado por Jótah. São Paulo: Lafonte, 2019.


terça-feira, 1 de julho de 2025

Instantes (22h17)



Refeição Cultural

Pode ser só impressão do observador, mas me parece que estamos vivenciando o fim de um ciclo da sociedade humana, se não global, pelo menos desta a qual pertenço. 

Tudo está se degenerando, perdendo a qualidade, estragando. Ao ouvir o noticiário, dá vontade de mudar de mundo, mas só temos este. As pessoas... alteradas pelos donos do poder ideológico, degeneraram. As coisas das relações humanas, então, fodeu.

Como disse no primeiro parágrafo, pode ser somente o mundo ao qual pertenço essa degeneração, o fim dos tempos, o tempo escatológico. Pode ser que lá do outro lado da Terra, na Ásia, no Oriente, haja um mundo de esperança. 

Aqui no meu mundo, o Nunes e o Tarcísio estão vendendo tudo, tudo, tudo, todo dia, todo dia, tudo. Até rua agora é vendida pros parças. Tudo. Se ligar a TV, entrar na internet, olhar qualquer coisa como tv de elevador, lá estão eles, Nunes, Tarcísio, Bolsonaro, Motta... Trump, Netanyahu, os "coitados" dos sionistas... uma blitzkrieg comunicacional da extrema-direita dona do capital para pautar a agenda da massa alienada.

Degeneração da sociedade humana ("Ocidental"?).

É o que tenho visto com meus olhos míopes... essa blitzkrieg desarranja todo o organismo que nos mantém vivo...

Tá foda! Mas quero viver. Preciso viver. A vida é uma oportunidade diária. 

Will i am

01/07/25

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 30 de junho de 2025. Segunda-feira.


JUNHO

Desci para colocar o lixo nas lixeiras do condomínio. Hoje é dia de recolhimento pela limpeza urbana. As sacolas de lixo tiveram que ser colocadas na calçadinha da lixeira porque alguns moradores colocaram lixo atrás da porta impedindo a abertura dela, mesmo a lixeira estando mais da metade vazia. Para não ter o trabalho de colocar no fundo da lixeira, os primeiros que chegam põem os sacos próximos à porta e inviabilizam que outras pessoas coloquem o lixo na lixeira.

Um dos elevadores do bloco estava parado no 10º andar. As molas da porta estão com problema e toda vez que alguém desce naquele andar, o elevador fica inutilizado, pois ele não vai atender mais a chamado algum porque a porta não fecha direito e o bloco fica com um elevador a menos. Tem dia que eu vou 3 ou 4 vezes no andar para liberar o elevador para que outras pessoas o utilizem.

O referido andar com problema na mola da porta do elevador tem moradores nos quatro apartamentos, mas nenhum deles se dispõe a apertar o botão do térreo e segurar a porta para que o elevador não fique parado no andar. A pessoa já chegou em sua casa mesmo, então dane-se os outros 71 apartamentos que podem precisar do elevador funcionando.

Os seres humanos deste momento da história da sociedade humana estão assim. Chegamos até aqui na história de nossa espécie por sermos de alguma forma sociáveis e colaborativos, um ser humano não é nada sozinho, não consegue sequer se reproduzir e cuidar de um filhote até a independência dele sem a cooperação de outros de sua espécie. Mas o sistema político hegemônico está nos fazendo essa coisa que viramos.

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Tic-tac, tic-tac, tic-tac, o tempo segue acelerado para nós que temos a percepção da passagem do tempo, uma abstração da nossa espécie animal, o homo sapiens.

Acabou-se o mês de junho, acabou-se o primeiro semestre do ano. Estamos em mais um inverno no Hemisfério Sul.

Tudo está mudando como sempre foi na natureza. Estamos todos mudando o tempo todo. Estamos sendo mudados também por meio de ferramentas inventadas por nós mesmos. Observem ao seu redor. As pessoas que você achava que conhecia não são mais as mesmas. Estamos sendo modificados.

Tenho a impressão que estaremos cada vez mais sozinhos, mesmo em meio à multidão... alone in the crowd...

Para estar por aqui, tenho que fazer meu corpo seguir funcionando. Eu me esforço pra isso porque viver é uma oportunidade diária de novas descobertas. 

Ainda estou por aqui.

William

23h59

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 27 de junho de 2025. Sexta-feira.


Enquanto aqueles jovens avaliavam minha boca hoje pela manhã, eu fiquei pensando naqueles momentos do passado, quando estudava corpos humanos nas aulas de anatomia na graduação de Educação Física no Náutico Mogiano. Me lembrei de algo que queria à época e avaliei que até hoje seria uma ideia interessante: doar meu corpo para ser utilizado por estudantes de medicina. Por dois anos, tratei com muito respeito todos os corpos nos quais aprendi noções sobre o corpo humano.

Se devemos esperançar, nos jovens devemos depositar nossas esperanças. O presente da sociedade humana e do planeta Terra insiste em nos deixar sem esperança alguma porque "tá difícil" ter esperança num amanhã melhor! Mas estamos aqui, a humanidade ainda está aqui, e na humanidade tem muita gente correta, muita gente lutando por mudar a tendência de fim do mundo ou pelo menos estudando e aprendendo coisas novas diariamente, e ler e estudar já abre portas, já gera oportunidades de conscientização de pessoas. Paulo Freire nos lembra que "só se ensina gente!".

Minha passagem pela comunidade humana nessas décadas de existência me faz acreditar nas premissas que a esquerda e os segmentos progressistas afirmam ao longo da história social dos homo sapiens, que as oportunidades mudam a vida das pessoas. Olhando em retrospectiva as etapas de minha vida, vejo o quanto fizeram diferença as oportunidades que foram aparecendo nas veredas por onde caminhei. Ao ver jovens que estão em suas jornadas, me vejo em vários exemplos comuns de todos eles.

Trabalho infantil e desgastante, morar em casebres e lugares ruins, ambientes repletos de baratas e inadequados, ódio do mundo e da vida, humilhações impostas por pessoas em posição de poder, tudo que vejo no dia a dia de milhões de jovens e adultos em nosso país e no mundo fez parte de minha jornada pela sobrevivência até aqui. Por isso avalio que sou um homem de sorte, a Lucky Man.

Durante um período da vida, tive até a felicidade de ser útil coletivamente aos meus irmãos e irmãs da classe trabalhadora. Foi outra oportunidade que a vida me deu que me moldou decisivamente na pessoa que sou hoje e isso após quase três décadas de uma existência mais focada em mim mesmo e não na coletividade de nossa espécie. A Lucky Man.

O mundo tá foda, é verdade! No entanto, a inteligência humana e as possibilidades que a educação e a cultura criam em nossa espécie não me permitem desistir de acreditar na capacidade humana de mudar o mundo e de ainda construirmos uma sociedade global mais solidária e justa para todas as espécies que habitam o único planeta no universo com condições tão diversas de abrigar formas de vida. E os jovens podem nos ajudar a mudar o mundo.

A vida pode ser melhor coletivamente!

William Mendes

27/06/25 (13h51)

quarta-feira, 25 de junho de 2025

Vendo filmes (XXX)


Mães paralelas (2021)

Refeição Cultural

Ainda o universo de Pedro Almodóvar (IV)


"No hay historia muda. Por mucho que la quemen, por mucho que la rompan, por mucho que la mientan, la historia humana se niega a callarse la boca" (Eduardo Galeano)


As palavras de Galeano estão mais presentes que nunca nos dias atuais, dias de guerras e genocídio. Almodóvar citou essa sabedoria do escritor e pensador uruguaio no filme "Mães paralelas", pois o enredo nos traz as questões inconclusas da Guerra Civil Espanhola e seus milhares de desaparecidos até hoje.

Finalizei mais uma sequência de filmes do espanhol Pedro Almodóvar. Agora conheço 17 filmes do cineasta. Já me tornei um admirador da poética do diretor.

A sequência que vi desta vez inclui filmes mais recentes dele, incluindo "O quarto ao lado" (2024), filme tocante e que nos deixa reflexivos sobre vários aspectos tratados na estória como, por exemplo, amizade, morte e solidão.

O filme "Mães paralelas" (2021) é excepcional! Almodóvar tem grande talento em contar histórias de mulheres que enfrentam cotidianos dramáticos em suas vidas. Nos enredos do diretor, nos pegamos pensando o que faríamos se fôssemos as personagens.

Após ver uma parte da produção cultural do cineasta, o que afirmo é que ainda vou tentar ver os filmes dele que não conheço e rever os filmes que já vi, pois são muito bons.

No link aqui é possível ler uma das postagens anteriores sobre os filmes de Almodóvar. Nela se vai aos outros textos.

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FILMES


Pepi, Luci, Bom e outras garotas de montão (1980) - Direção e roteiro: Pedro Almodóvar. Com: Carmen Maura, Eva Siva e Olvido Gara.

SINOPSE (MUBI):

Na Madri contracultural dos anos 1980, três mulheres embarcam em loucas desventuras. Pepi (Carmen Maura), uma preguiçosa, torna-se um sucesso da noite para o dia no mundo da publicidade. Luci (Eva Siva), uma dona de casa, descobre seu lado masoquista oculto. Bom (Olvido Gara) é a lésbica punk que ensina Luci a encontrar prazer na dor.

COMENTÁRIO:

Achei o filme interessante. Compreende-se melhor as obras do diretor espanhol Pedro Almodóvar ao conhecermos o contexto no qual ele iniciou seus trabalhos autorais de longa-metragem, a Movida Madrileña, e sua proposta de subversão e contestação da antiga ordem estabelecida: o franquismo mancomunado com a igreja católica. Achei o filme divertido. Muito legal ver Carmen Maura no início de sua carreira de atriz.

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Ata-me (1990) - Direção: Pedro Almodóvar. Com Victoria Abril, Antonio Banderas, Julieta Serrano, Rossy de Palma...

SINOPSE (MUBI):

Recém-saído de um hospital psiquiátrico, Ricky tenta seduzir o amor de sua vida: Marina, uma atriz de filmes B. Diante da amnésia dela, Ricky toma medidas extremas e a ata para retomar o romance do passado. Ele está convencido de que é só uma questão de tempo até que sua amada retribua seu afeto.

COMENTÁRIO:

Outro grande filme de Almodóvar, na minha opinião. À medida em que vamos conhecendo a poética do diretor espanhol, vamos compreendendo melhor as estórias que seus filmes contam. Falo a respeito da "poética" de Almodóvar porque sim, as fotografias e cenários de seus filmes são obras de arte.

Nesta estória, Almodóvar nos apresenta um órfão em busca de uma família (como veremos depois em Carne Trêmula, 1997) e uma mulher que ainda não encontrou um porto seguro para ancorar, e vemos personagens que buscam a redenção.

O final surpreende o espectador, como surpreende Carne Trêmula, em relação à questão da redenção.

Gostei! Almodóvar nos faz querer conhecer toda a sua obra! Sigamos na jornada!

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Mães Paralelas (2021) - Direção: Pedro Almodóvar Com: Penélope Cruz, Milena Smit, Israel Elejalde, Rossy de Palma, Julieta Serrano... 

SINOPSE (NETFLIX): 

Pedro Almodóvar levou duas décadas para criar este drama emocionante, que combina um dilema moral, a solidão da maternidade e o passado sombrio de um país.

COMENTÁRIO:

O enredo do filme tem como pano de fundo as consequências da trágica Guerra Civil Espanhola. Janis Martinez (Penélope Cruz) procura ajuda para encontrar os restos mortais de seu bisavô, morto pelos falangistas de Franco. As feridas da guerra estão presentes até hoje na sociedade espanhola.

Janis conhece na maternidade Ana Manso Ferreras (Milena Smit), uma adolescente que divide o quarto com ela. Ambas têm as filhas no mesmo dia e após a saída do hospital acabam se tornando próximas uma da outra. A partir daí se desenvolve os dramas e dilemas que veremos na estória.

Eu já me tornei um fã dos filmes de Pedro Almodóvar, o cara é muito bom! A história de Janis e Ana é comovente, nos faz pensar e nos coloca no lugar delas em diversos momentos: o que faríamos se fôssemos Janis ou Ana?

As cenas finais do filme deixam a gente arrepiado por minutos... 

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Estranha forma de vida (2023) - Direção: Pedro Almodóvar. Com Ethan Hawke e Pedro Pascal.

SINOPSE (MUBI):

Após 25 anos separados, o fazendeiro Silva (Pedro Pascal) atravessa o deserto a cavalo para visitar uma antiga paixão, o xerife Jake (Ethan Hawke). Mas após uma noite de intimidade, recordações e reconciliação, a revelação de que ambos estão ligados a um crime local sugere que o reencontro não foi apenas para matar a saudade.

COMENTÁRIO:

O cenário do filme é espetacular! E adivinhem... Almodóvar rodou o faroeste no famoso Deserto de Tabernas, na Espanha. O local já foi cenário de grandes clássicos do faroeste de Sergio Leone e também é o local onde foi rodado Lawrence da Arábia (1962), Cleópatra (1963) e Conan, o bárbaro (1982). Essas informações são da Wikipedia.

Entre o primeiro filme de Almodóvar que vi, de 1980, e este são 43 anos de evolução na arte da direção por parte do cineasta espanhol. Ao maratonar mais de uma dúzia de filmes de Almodóvar, aprendi a gostar de sua técnica e sua poética. 

O diretor nos apresenta personagens e situações que, em geral, incomodam as sociedades estabelecidas e predominantes. Seus personagens são as maiorias tornadas minorias na questão dos direitos, as pessoas situadas fora da padronização estabelecida pelos donos dos poderes constituídos.

Viva Almodóvar, seus filmes e seus personagens!

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O quarto ao lado (2024) - Direção: Pedro Almodóvar - Elenco: Tilda Swinton, Julianne Moore, John Turturro.

SINOPSE (NETFLIX):

O diretor Pedro Almodóvar traz seu estilo sensível e único a esta história repleta de camadas sobre amizade, lembranças e mortalidade.

COMENTÁRIO:

Os filmes de Pedro Almodóvar se tornaram para mim filmes que me fazem refletir sobre as estórias que ele nos conta. Este não foi diferente. Fiquei pensando nas personagens Martha (Swinton) e Ingrid (Moore). Dois grandes seres humanos.

Enquanto refletia, fiquei tentando me colocar no lugar de Martha e depois no lugar de Ingrid. Difícil decidir o que fazer no lugar das duas. São mulheres de muita coragem, de muita ética e com uma cumplicidade com a outra pessoa fora de moda no mundo atual.

Martha se encontra em tratamento de câncer. Foi uma jornalista de sucesso, trabalhou na cobertura de guerras, repórter da linha de frente, do front onde a morte não permite poesia. Agora experimenta a solidão da doença e do rompimento com sua filha, Michelle.

Ingrid é escritora de sucesso. Trabalhou com Martha em uma revista no passado. É público que ela morre de medo da morte, já escreveu sobre isso. Soube durante o lançamento de seu livro que Martha está com câncer e vai rever a amiga depois de muito tempo sem se verem.

Do reencontro entre elas, vai se desenvolver o enredo do filme. 

Almodóvar mostrou mais uma vez seu talento em costurar histórias de pessoas comuns de uma forma única. Estou até agora pensando se teria a coragem de fazer o que Martha planeja; se teria a coragem de ser tão amigo de alguém num momento difícil como fez Ingrid. Que mulheres incríveis!

Martha gosta de James Joyce. Ela cita passagens do conto "Os mortos" e isso foi emocionante. Ela fala da neve caindo no cemitério. Eu me lembro da estória, pois já li várias vezes os contos de "Dublinenses" (1914).

Valeu, Pedro Almodóvar! Valeu Tilda Swinton e Julianne Moore!

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COMENTÁRIO FINAL

Sigamos vendo bons filmes e comentando algo que me tenha chamado a atenção ou me feito refletir.

A postagem anterior desta série pode ser lida aqui.

William Mendes


terça-feira, 24 de junho de 2025

Nada mais será como antes - Miguel Nicolelis (15)



Refeição Cultural

"(...) Cosmologia Cérebro-cêntrica. Em primeiro lugar, o nascimento da civilização dependeu da habilidade única do cérebro humano de gerar abstrações, coisas como religião, mitos, deuses, ideologias políticas, sistemas econômicos, arte, ciência, dinheiro, classes sociais, nações e suas fronteiras, ética, moral, leis, para citar alguns itens apenas. Tais abstrações se tornaram tão poderosas e influentes que, eventualmente, elas ficaram mais importantes do que o nosso instinto de sobrevivência coletivo..." (p. 412)


O capítulo 28 da ficção científica de Miguel Nicolelis "Nada mais será como antes" faz uma excelente síntese da teoria do Universo Humano desenvolvida pelo neurocientista em 40 anos de estudos e pesquisas. 

Por sermos animais com alta capacidade de criação de abstrações mentais, invenções imaginárias que unificam grupos de humanos através dessas abstrações (crenças), chegamos até aqui neste mundo natural desafiador: a Terra e o universo.

Mas sermos como somos tem consequências: as abstrações e crenças que inventamos são tão poderosas que podemos destruir o mundo por causa delas, elas superaram em muito nosso instinto de sobrevivência. 

É o que vejo muito melhor depois que passei a ler Miguel Nicolelis. Até o momento, o mundo tá fodido...

Sei que podemos reverter o caminho para o fim, porque somos inteligentes, mas sei que está difícil reverter a tendência do fim. Nos faltam coragem e disciplina. 

Não vejo vontade de ruptura com as abstrações "religião", "capitalismo" e "mito da tecnologia", nem nos grupos chamados de progressistas ou apelidos do tipo.

Nos faltam coragem e disciplina... 

William

24/06/25


Post Scriptum: o comentário final pode ser lido aqui.


sábado, 21 de junho de 2025

Instantes (22h57)


Um fim de dia ainda em paz.


Refeição Cultural

Neste momento bombas poderosíssimas estão matando pessoas e todas as formas de vida ao redor do impacto. 

A nação mais assassina dos últimos séculos, a que mais provocou e financiou guerras e mortes nos últimos duzentos anos, decidiu dar as caras e acabar com a hipocrisia e está atacando o Irã, atacado na surdina por Israel dias atrás. 

Acabou-se a diplomacia mequetrefe que vigorou mais ou menos em favor dos imperialistas desde o fim da 2a Guerra até o início do século XXI (evitando-se guerras entre os grandes). O mundo e as sociedades humanas terão agora uma realidade baseada somente na força, na lei do mais forte. 

Ninguém estará seguro, em lugar nenhum. Nem aqui onde vivemos no Brasil. A mudança é global. 

O pior é que a esquerda e as pessoas pacíficas e pacifistas não estão preparadas para enfrentar o que vem por aí. 

Não consigo fazer de conta que a vida tá boa, curtir o pão e o circo que domina a agenda cotidiana do povo massa de manobra. 

No entanto, toda a parafernália que define a pauta e a agenda de todos nós pertence aos donos da guerra que se desenvolve neste momento. Foda!

Em certa etapa do que vem por aí, qualquer guarda da esquina, qualquer CAC, qualquer bandido comum, todos serão os predadores de nós reles mortais, os desarmados e a fim de "diálogo". As presas nas savanas.

O pior é que a esquerda, os lulistas, os pacíficos... não entendem ou fazem de conta que não entendem o que é o nazifascismo. Não tem diálogo com essa gente, nós já fomos desumanizados.

Tamo fodido!

William 

21/06/25, sábado. 

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Livro: Aventuras de Hans Staden (1927) - Monteiro Lobato



Refeição Cultural

"Aventuras de Hans Staden, o homem que naufragou nas costas do Brasil em 1553 e esteve oito meses prisioneiro dos índios tupinambás, narradas por Dona Benta aos seus netos Narizinho e Pedrinho."


Depois de ler "O Picapau Amarelo" (1939), agora foi a vez de ler "Aventuras de Hans Staden" (1927), da Coleção Sítio do Picapau Amarelo (1921-1947), de Monteiro Lobato.

Nesta aventura, Dona Benta conta aos netos eventos pesados se pensarmos o público infantil, pois o que mais tem na história é canibalismo, os tupinambás comeram gente do início ao fim.

Como leitor treinado, sempre busco adequar minha expectativa ao contexto no qual a obra foi lançada: a época, o lugar e as linhas gerais pretendidas pelo autor, se souber isso.

Disse no comentário sobre o primeiro volume que li de Monteiro Lobato (aqui) que ele é um escritor de seu tempo histórico. A linguagem usada por ele não me agrada como leitor do primeiro quarto do século XXI, acho ruim a forma como se trata a questão indígena, por exemplo. Mas não posso desconsiderar a importância da obra de Lobato.

Para compreender melhor o personagem retratado no volume procurei ler alguma coisa sobre Hans Staden. Eu não li o livro dele. Acho até que tenho uma edição em casa, mas não procurei a obra.

Por considerar o vanguardismo de Monteiro Lobato nas mais de duas dezenas de livros da Coleção Sítio do Picapau Amarelo, avalio que está boa a forma como ele contou a história do personagem capturado pelos tupinambás em meados do século XVI no Brasil.

Sigamos com a leitura de Monteiro Lobato.

William


Bibliografia:

LOBATO, Monteiro. Aventuras de Hans Staden. Ilustrado por Jótah. São Paulo: Lafonte, 2022.


segunda-feira, 16 de junho de 2025

Bloomsday



Refeição Cultural 

O dia 16 de junho é uma efeméride que homenageia o clássico Ulisses, de James Joyce. É uma data comemorativa tanto para a Irlanda quanto para os amantes da literatura. 

O livro retrata um dia na vida do personagem judeu Leopold Bloom andando pelas ruas da Dublin do início do século XX.

A obra de 900 páginas é uma epopeia literária para qualquer leitor(a). Imagino não ser Ulisses um dos clássicos mais lidos do mundo. 

Sou um privilegiado neste caso, pois se poucas pessoas leram o romance uma vez na vida, eu li a obra duas vezes, aos trinta e aos cinquenta anos. 

Quando venci o desafio da primeira leitura, confesso que me senti como o super-homem, porque para pegar o ritmo lia e voltava dezenas de páginas, até que peguei o jeito e fui até o fim, ao antológico fluxo de pensamento de Molly Bloom.

Ler Ulisses foi uma realização literária em minha modesta vida de leitor. 

Viva o Bloomsday!

William Mendes 

16/06/25 (23h02)

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Leituras tardias


Abril de 2011.


Refeição Cultural

Li a revista Serafina, de abril de 2011, por causa desse grande homem na capa: Oscar Niemeyer (1907-2012). Ele faleceu no ano seguinte à matéria, faltando dez dias para completar 105 anos.

Niemeyer foi um dos brasileiros mais conhecidos do mundo em sua área de atuação, a arquitetura. Seu estilo arquitetônico está presente em diversos países e no Brasil são mais de 600 obras criadas por seu gênio, amante das curvas que lembram corpos femininos. 

Li na reportagem que Niemeyer estava lúcido, dizendo que a velhice é uma merda - por não conseguir mais andar -, estava com dificuldades para enxergar e havia retirado um câncer de intestino e a vesícula aos 101 anos. Afirmou que seguia sendo ateu, mas adorava desenhar igrejas e catedrais pelas possibilidades que elas geram ao criador de suas arquiteturas.

Oscar Niemeyer, grande figura humana! Suas obras estarão entre nós por muito tempo, espero. 

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Vi outras matérias interessantes como, por exemplo, a morte recente à época de Elizabeth Taylor (1932-2011). 

O artigo "Olhos de Liz", de Vivian Whiteman, enfatizou aquele olhar fulminante que a atriz presenteou ao mundo do cinema por décadas: "olhos de quase-violeta, coloridos ao modo dos fenômenos estelares mais violentos".

A matéria sobre a atriz Judie Foster também deixa os leitores com desejo de ver todos os filmes e interpretações dela, que atua desde criança. 

O jornalista Xico Sá fala sobre o centenário de Maria Bonita, companheira de Lampião. Ele cita na matéria o livro "Lampião, o Homem que Amava as Mulheres" (ed. Annablume), de Daniel Lins, e "Guerreiros do Sol" (ed. Girafa), de Frederico Pernambucano de Melo, e afirma que "Há quem entenda a participação de Maria Bonita e suas amigas, companheiras de outros integrantes do bando, como um marco precursor do feminismo no Brasil". Artigo muito bom!

COMENTÁRIO FINAL 

Estou trabalhando na revisão e encadernação de meus textos nos blogs. Neste momento, estou relendo as 280 postagens de 2011 do blog A Categoria Bancária. Dá um trabalhão, mas é uma viagem no tempo.

No Brasil estávamos nos primeiros meses do mandato da presidenta Dilma Rousseff. Os banqueiros e capitalistas avançavam com a terceirização de tudo - pra nossa categoria era a praga dos correspondentes bancários -, para acumular mais lucro e foder a classe trabalhadora e o povo. O movimento do capital e da direita era mundial e hoje vemos o resultado de tudo: trumps, bolsonaros, netanyahus querem a guerra mundial e total contra a humanidade. 

Neste momento, seguem o genocídio do povo palestino, o avanço do autoritarismo nos EUA, a extremista casa-grande brasileira e suas milícias bolsonaristas preparando o caos para retomar o poder político em 2026, e Israel bombardeando o Irã pra causar a guerra total...

Que posso fazer sobre essas coisas?

Talvez escrever sobre, denunciar para que algumas pessoas reflitam. 

William 

13/06/25 (11h14)