quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Não só perdeu a liberdade, mas ganhou a servidão



Refeição Cultural

"É incrível ver como o povo, quando é submetido, cai de repente num esquecimento tão profundo de sua liberdade, que não consegue despertar para reconquistá-la. Serve tão bem e de tão bom grado que se diria, ao vê-lo, que não só perdeu a liberdade, mas ganhou a servidão.

É verdade que no início serve-se obrigado e vencido pela força. Mas os que vêm depois servem sem relutância e fazem voluntariamente o que seus antepassados fizeram por imposição. Os homens nascidos sob o jugo, depois alimentados e educados na servidão, sem olhar mais à frente, contentam-se em viverem como nasceram e não pensam que têm outros bens e outros direitos a não ser os que encontraram. Chegam finalmente a persuadir-se de que a condição de seu nascimento é a natural..."

(Discurso da servidão voluntária, de Étienne de La Boétie, século XVI)


Pois é, se a gente não coloca a referência na descrição acima, poderíamos concluir que a afirmação teria sido proferida por algum analista político hoje, no século XXI.

Ao pensar a respeito do pensamento de La Boétie e olhar ao redor de meu mundo, o Brasil e o povo brasileiro em 13 de dezembro de 2018, chego a conclusão que ele estava certo. 

- Que povo miserável!; que povo acostumado à servidão!; que povo que serve à casa-grande a partir de suas senzalas!

Que povo habituado a servir sob chicotes, sob ordens superiores, sob manipulações grotescas que funcionam em gente imbecilizada; que povo habituado a querer pouco, achando que é muito ser alguma coisa ao invés de ser grande, simplesmente porque olha para o lado (para baixo) e vê gente pior que si.

Sobre o hábito, nos diz também La Boétie, que ele é mais forte que a natureza:

"Todavia, não existe herdeiro tão pródigo ou negligente que não examine um dia os registros de seu pai para ver se desfruta de todos os direitos de sua sucessão e se não usurparam os seus ou os de seu antecessor. Mas o hábito, que exerce em todas as coisas um poder irresistível sobre nós, não tem em lugar nenhum força tão grande quanto a de nos ensinar a servir. E como dizem de Mitrídates, que foi se acostumando aos poucos ao veneno, aprendemos a engolir sem achar amargo o veneno. Não se pode negar que a natureza nos dirige para onde quer, bem-nascidos ou malnascidos, mas é preciso confessar que ela tem menos poder sobre nós que o hábito. Um bem natural, por melhor que seja, perde-se quando não é cultivado, e o hábito nos conforma sempre à sua maneira, apesar da natureza."

Enfim, vejo que o hábito dessa massa humana chamada povo brasileiro é o hábito de servir nas senzalas e acatar os mandos e desmandos dos espertalhões da casa-grande e dos impérios (e as subdivisões dos espertalhões aqui seriam fartas: banqueiros, donos de igrejas, donos de meios de comunicação de massa, donos dos cargos nos poderes do Estado etc).

Cheguei a pensar que o povo pobre e trabalhador brasileiro tinha pego gosto (hábito) por uma vida melhor com emprego e direitos durante os mandatos do presidente Lula, após cinco séculos sob jugo miserável da casa-grande. Me enganei. O povo mostrou que prefere a servidão miserável. Nem rebelião houve quando puseram numa masmorra aquele que lhes deu o gosto de provar uma perspectiva de futuro com soberania e liberdade.

Como diz La Boétie, o hábito é mais forte que a natureza e prevaleceu entre o povo brasileiro o hábito de ser miserável, de ser colonizado, de ser manipulado por espertalhões. Miséria de nossa vida!

Vamos parar de escrever porque não é mais hábito das pessoas ler mais que algumas frases ou grupos de palavras com algum significado simples e direto (memes e manchetes), sem essa chatice de ter que pensar e refletir a respeito.

Abraços aos preciosos amig@s leitores do blog. Sigam no esforço de salvar o cérebro humano e o que conquistamos em milhões de anos de evolução para nos diferenciar dos demais animais mamíferos e ou bípedes como, por exemplo, as vacas e as galinhas, hoje criadas em cativeiro para servir aos humanos.

William

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos


Bordado Lula Livre e
Declaração Universal dos Direitos Humanos.

"Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei" (Artigo 8)

"Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado" (Artigo 9)

"Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal contra ele" (Artigo 10)

"Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa..." (Artigo 11)

"1.Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo, essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto." (Artigo 21)


10 de dezembro de 2018

Luiz Inácio Lula da Silva não foi diplomado hoje presidente do Brasil pela 3ª vez. 

Luiz Inácio Lula da Silva é homenageado por lideranças do mundo todo como um cidadão que contribuiu enormemente para o avanço dos direitos humanos contidos na Declaração que hoje completa 70 anos.

Luiz Inácio Lula da Silva foi impedido de concorrer às eleições presidenciais brasileiras quando as pesquisas de opinião indicavam forte possibilidade de ser eleito ainda no primeiro turno.

Luiz Inácio Lula da Silva está preso há mais de oito meses por condenações em primeira e segunda instâncias sem provas, por "atos indeterminados", em processos que correram mais rápido que quaisquer outros de mesmo tipo.

Luiz Inácio Lula da Silva está sem direito a voz, não pode falar ou dar entrevistas, enquanto qualquer criminoso do país tem o direito de se expressar como vários já o fizeram.

Luiz Inácio Lula da Silva nunca teve um caso de dinheiro em contas em seu nome no exterior, sua família nunca teve um centavo de crédito irregular creditado em conta nenhuma, como vasta comprovação em contas de políticos de diversos partidos e níveis de importância.

Lula é um preso político.


Foi diplomado presidente nesta data um sujeito que é declaradamente contra os direitos humanos. Um sujeito que junto com sua família política defende e pratica o oposto do que as nações do mundo declararam há 70 anos sobre os direitos humanos. Um sujeito que só ganhou a eleição porque o preferido do povo foi impedido de concorrer. E pode ter ganho porque há fortes indícios de irregularidades no processo e favorecimento de setores da justiça a esse candidato como apontam diversos veículos de comunicação.


- Hipócritas!

Eu acuso de hipócrita qualquer pessoa que faça de conta que não saiba ou perceba a diferença de tratamento dada ao cidadão Lula em relação a políticos e bilionários da elite brasileira por parte dos poderes instituídos no Brasil e por parte da imprensa chamada de 4º poder, pertencente toda ela a poucos magnatas há décadas.

Desejo que cada hipócrita que faz de conta que é correto o que estão fazendo com Lula e com o povo trabalhador e pobre fique marcado em sua história pessoal, familiar e grupal por esse papel de apoiar a injustiça. Um dia a história vai cobrar dessas pessoas; os descendentes vão cobrar dessas pessoas. 

Por mais triste que estejamos nós que estamos indignados com a injustiça cometida com Lula, sua família e com a instituição Partido dos Trabalhadores por causa da perseguição, (im)parcialidade e desejo de liquidação dessa representação legítima de setores da vida nacional, nós sabemos que estamos do lado certo da história.

Lutemos pelos direitos humanos, pela paz, pela igualdade, pela democracia, pela liberdade, pela solidariedade, pela justiça.

Lutemos pelo tratamento isonômico a Lula, lutemos por Lula Livre.

William


Post Scriptum:

Estive hoje no ato ecumênico na Catedral da Sé pela comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. O ato foi muito emocionante. Hoje foi dia de todas as pessoas progressistas e lutadoras pelos direitos humanos estarem nas ruas.

Não pude ir no ato em São Bernardo, no Sindicato dos Metalúrgicos, mas assisti pela internet. Foi muito emocionante. Lula Livre! Por uma questão de justiça!

domingo, 9 de dezembro de 2018

A busca de sentidos nas leituras, nas amizades, nas coisas simples



(texto atualizado às 9h30 de 10/12/18)

Refeição Cultural

O domingo está chegando ao fim. O ano de 2018 vai terminando. Muitos de nós estamos em busca de sentidos, de esperanças, de explicações, de porquês.

Quando olho para trás, vejo a importância que a leitura teve em minha vida. 

Foi lendo livros emprestados no início da adolescência que tive a oportunidade de alternar os perigos a que me expunha nas ruas do bairro violento onde cresci com momentos dentro de casa ou em outro lugar lendo.

Eu me lembro que nunca tive uma aula de geometria em sala de aula entre a 5ª e 8ª séries do antigo ginásio, porque durante uma época do ano tinha greve dos professores e a gente ficava sem ver as matérias do meio do livro adiante, o "Matemática Moderna" do Domênico Lago Ens. Com menos de 15 anos, acabei um livro desses sozinho certa vez, e ouvindo rock. (rock e matemática, tudo a ver!)

E assim as coisas foram acontecendo na vida deste leitor que vos fala. Foi lendo à base de guaraná em pó por causa do cansaço de trabalhar e dormir pouco que estudei livros de concurso para tentar uma carreira pública. Entrei no Banco do Brasil assim.

Da mesma forma, já com vinte e tantos anos, quis fazer uma faculdade pública e passei na Fuvest lendo livros adquiridos em banca de jornal do Telecurso 2000 e assistindo aulas da madrugada na TV (gravadas em VHS). Sempre acreditei que as pessoas devem conhecer as noções básicas de todas as áreas, mas quase ninguém sabe nem o básico. Fiz Letras na USP estudando assim.

Depois que entrei no movimento social, eleito pelos colegas trabalhadores para representá-los no movimento sindical, passei a complementar meu desejo de leitura literária e de ciências com referências biográficas e bibliográficas do mundo das lutas sociais e, com isso, somei ao desejo de leitura de cultura acadêmica o desejo de cultura dos movimentos populares.

Essa breve retrospectiva de minha pequena história de leituras até aqui foi para compartilhar com vocês que acredito muito nas possibilidades que o estudo e as leituras nos trazem como seres humanos.

Os leitores sempre esperam encontrar nas páginas de livros ou textos que estão mergulhados algo revelador, uma explicação, uma inspiração, um conhecimento que vá lhes favorecer, uma sensação diferente, um despertar, uma luz. Mesmo nas leituras despreocupadas ou inocentes (ler AQUI sobre "O leitor crítico").

Em tempos de graves crises políticas, econômicas e sociais como estamos vivendo, os leitores devem renovar suas energias para essa busca de saber e conhecimento que possa despertar alguma solução para sairmos dessa fase para outra melhor.

A referência às amizades e às coisas simples é porque meu coração está clamando por isso, por mais solidariedade, mais amor, mais amizade entre as pessoas, que as coisas simples da vida possam prevalecer sobre as causas de tanta arrogância e prepotência que têm feito a vida social ser tão ruim entre nós.

Abraços e leiam!

William


Post Scriptum:

Hoje perguntei no meu perfil de rede social se tinha amig@s lendo neste fim de semana e foi muito bom o retorno das pessoas. Muita leitura interessantíssima em andamento por parte de meus amig@s. Que legal! Fiquei feliz. Quero ver se a gente promove alguns saraus em 2019, para reunir as pessoas e sermos felizes compartilhando momentos de lazer e cultura.

Post Scriptum II:

Ah, eu falei em amizade também porque dois momentos em família têm relação com laços de amizade. No sábado, vimos uma maratona com os 4 filmes "A Era do Gelo" e o enredo com as personagens traz forte referência ao valor da amizade, dos laços entre amigos. Os filmes são muito legais, e foram lançados em 2002, 2006, 2009 e 2012. E também estamos terminando mais uma série de anime com 64 episódios, Fullmetal Alchemist Brotherhood, onde a questão da amizade entre os irmãos Elric é uma das principais características da estória.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

A importância do ato de ler para se criar uma disciplina intelectual




"Parece importante, contudo, para evitar uma compreensão errônea do que estou afirmando, sublinhar que a minha crítica à magicização da palavra não significa, de maneira alguma, uma posição pouco responsável de minha parte com relação à necessidade que temos, educadores e educandos, de ler, sempre e seriamente, os clássicos neste ou naquele campo do saber, de nos adentrarmos nos textos, de criar uma disciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos a nossa prática enquanto professores e estudantes" (Paulo Freire, início dos anos 80)


Entre ontem e hoje, sexta-feira, 7 de dezembro, reli ensinamentos do professor e mestre Paulo Freire, em um livro que traz 3 palestras dele no início dos anos oitenta - A importância do ato de ler - em três artigos que se completam. Eu li estes artigos há uma década.

É impressionante o quanto as coisas mudam, o quanto o mundo como o conhecemos pode se alterar radicalmente de tempos em tempos. 

Paulo Freire é uma personalidade reconhecida e respeitada no mundo todo quando o assunto é pedagogia e educação. 

No cataclismo que inunda e chacoalha toda a estrutura brasileira, até Paulo Freire passou a ser caçado e difamado por certos grupos de poder político, que dizem estarem dispostos a eliminá-lo da história. 

Felizmente, lá fora, ele segue sendo uma referência mundial em educação. O "ensaio sobre a cegueira" só atingiu até agora parte da geografia mundial (ufa!)

Um ensinamento de Freire em relação a educação e poder nos dá a compreensão exata dos debates acerca da política partidária da "escola sem partido":

"Do ponto de vista crítico, é tão impossível negar a natureza política do processo educativo quanto negar o caráter educativo do ato político"

Todo grupo social ou segmento político que está no poder instituído vai atuar de forma a estabelecer sua visão no sistema formativo-educativo. No entanto, por mais influência que esse grupo de poder tenha, não será simples essa tarefa porque o sistema é dinâmico, ocorrem reações e as idiossincrasias vão atuar para impedir uma submissão total do sistema ao status quo momentâneo.

Cito mais um trecho de suas reflexões a respeito do que afirmo acima:

"Mas se, do ponto de vista crítico, não é possível pensar a educação sem que se pense a questão do poder; se não é possível compreender a educação como uma prática autônoma ou neutra, isto não significa, de modo algum, que a educação sistemática seja uma pura reprodutora da ideologia dominante. As relações entre a educação enquanto subsistema e o sistema maior são relações dinâmicas, contraditórias e não mecânicas. A educação reproduz a ideologia dominante, é certo, mas não faz apenas isto. Nem mesmo em sociedades altamente modernizadas, com classes dominantes realmente competentes e conscientes do papel da educação, ela é apenas reprodutora da ideologia daquelas classes. As contradições que caracterizam a sociedade como está sendo penetram a intimidade das instituições pedagógicas em que a educação sistemática está se dando e alteram o seu papel ou o seu esforço reprodutor da ideologia dominante"

Amig@s leitores, eu recomendo a leitura desse pequeno livro de Paulo Freire, de cerca de 80 páginas. É muito esclarecedor para os tempos que vivemos e que viveremos no próximo período da vida brasileira.

Tento achar esperanças nas palavras grávidas de mundo de Paulo Freire, ao ver tantas, tamanhas contradições por parte do agrupamento que vai assumir o poder do país a partir de janeiro de 2019. E não importa a visão política de cada um agora. Todos somos brasileiros e as consequências dos atos políticos cairão sobre todos nós.

Esse período pós resultado eleitoral e anterior à posse já se mostrou tão absurdo ao nomear um ministério de gente envolvida com sérios problemas legais ou morais, ao acabar com as relações diplomáticas com o mundo, ao aparecerem indícios fortes de fraudes e evidências de que as eleições foram irregulares que, talvez, nem as fake news das bolhas onde estão os eleitores dos candidatos de direita e toda a mídia empresarial amiga dê conta de manter o povo quieto, na paz dos cemitérios.

Abraços e vamos incentivar a leitura e o estudo dos autores clássicos e dos bons autores contemporâneos para ampliar o saber e a cultura com o intuito de ampliar na sociedade humana o amor, a amizade e a solidariedade para se alcançar a justiça, a igualdade e a liberdade, em um mundo mais sustentável.

William

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

História comprova prejuízos aos trabalhadores com militares e candidatos da casa-grande


Texto sobre política salarial e negociação coletiva
e a vida dura dos trabalhadores durante os
governos militares e dos candidatos da casa-grande.


Refeição Cultural

Minha leitura principal do dia foi um texto técnico sobre política salarial e negociação coletiva no Brasil, abordando um período relativamente longo, entre o golpe civil-militar de 1964 até o início do governo Collor de Mello em 1990.

O texto que estudei é do professor e mestre Carlindo Rodrigues de Oliveira, técnico do Dieese e coordenador de um dos cursos que fizemos juntos para diretores e assessores das entidades sindicais brasileiras entre 2009 e 2014. Na época eu era secretário de formação da confederação nacional da categoria bancária.

Nossos leitores e amig@s têm lido aqui no blog e ouvido meus apelos para que retomemos a leitura de textos complexos, literários, políticos, educativos, históricos, econômicos e afins para resgatarmos a formação política e a comunicação como temas estratégicos dos planejamentos organizativos dos movimentos sociais e da classe trabalhadora para enfrentar os momentos duros que virão em relação ao ataque aos direitos e à soberania do povo.

O que quero compartilhar com vocês é que a leitura das 30 páginas nos mostra com clareza o quanto os trabalhadores foram prejudicados durante esses períodos que o autor analisa. No atual momento da história brasileira, alguns jovens e parte do povo sem memória têm se iludido com uma suposta melhoria do país durante a ditadura em relação à economia e no combate à corrupção. Isso não aconteceu.

O estudo mostra que empresários e governos sempre estiveram juntos para derrotar qualquer tentativa dos trabalhadores e suas representações em buscar melhores condições de vida, de trabalho, de igualdade e de liberdade. Foram dezenas de leis e decretos feitos para proibir greves e mobilizações, reivindicações de direitos, aumentos salariais sem repor sequer a inflação e, o pior, a força de repressão do Estado sempre abusou do povo trabalhador e de seus direitos civis.

Os governos dos militares soltavam decretos limitando aumentos de salários das categorias profissionais. Depois os governos da Nova República fizeram diversos planos econômicos e várias vezes "esqueceram" de reajustar salários já depauperados pela inflação do período imediatamente anterior ao plano, e ficava por isso mesmo.

Amig@s leitores, o momento é de retomar leituras de cultura, de história e do mundo do trabalho para termos uma melhor compreensão do que está se passando neste "tabuleiro de war" chamado mundo, onde alguns poucos jogadores lançam os dados e brincam com 7 bilhões de seres humanos em duzentas regiões a serem conquistadas.

Abraços e, por favor, leiam todos os dias!

William


Bibliografia:

OLIVEIRA, Carlindo Rodrigues. Política salarial e negociação coletiva no Brasil: do golpe militar ao Plano Collor. In: Revista "Outras Falas... em Negociação Coletiva". Belo Horizonte: Escola Sindical 7 de outubro, 1992, p. 13-40.


Post Scriptum (I):

Um colega bancário foi sequestrado, torturado e morto pelo DOI-CODI em 1971. Ele era presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, dirigente da Contec e do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), entidade dissolvida com o golpe de 1964. Ele também militava na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Sua família e amig@s foram obrigados a sentir a dor de sua ausência por 47 anos. Dias atrás, foi confirmada a identificação da ossada de Aluízio Palhano entre as vítimas da ditadura enterradas em vala comum e clandestina no Cemitério de Perus, em SP. É triste demais ver morrer trabalhadores por lutarem pelos direitos de toda uma coletividade. Aluízio Palhano, presente!


Post Scriptum (II):

Com o forte ataque após 2016 ao financiamento das entidades de organização do mundo do trabalho, sindicatos, associações, cooperativas, o próprio Dieese, dentre outras, é fundamental que vocês incentivem a sindicalização e a filiação às suas entidades e que busquem o suporte técnico do Dieese para pesquisas, estudos, cursos de formação e capacitação.


terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Desigualdade social é consequência da desigualdade de oportunidades




"(...) Na mesma medida insensatos, porém, havia os que consultam os oráculos sobre coisas que os deuses nos deram a faculdade de saber por nós próprios. Como se lhes perguntássemos a quem confiar nosso carro, a cocheiro hábil ou inapto. A quem entregar nosso navio, a bom ou mau piloto. Ou sobre coisas que podemos saber por meio do cálculo, da medida ou da balança. Reputava impiedade consultar os deuses sobre coisas tais: aprendamos o que nos conferiram os deuses a faculdade de aprender, dizia, e deles procuremos saber o que nos é velado. Porque eles o revelam aos que distinguem com seus favores."

(Ditos e feitos memoráveis de Sócrates, Xenofonte. Livro I, Capítulo 1)


Refeição Cultural


Ao debater entre amig@s questões do mundo do trabalho e dos direitos sociais, apresentei minhas preocupações atuais em relação à necessidade urgente de se desenvolver estratégias de novas formas de comunicação e de formação política entre nós, que somos cidadãos comuns e possuidores de nossa força de trabalho como única mercadoria a se vender para nos mantermos neste mundo organizado através da exploração da força de trabalho alheia por parte de alguns poucos seres humanos detentores de todos os meios de produção material e cultural.

Na conversa, lembrei-me de uma palestra da companheira Deise Recoaro que me marcou bastante no início de minha jornada como secretário de formação dos trabalhadores do ramo financeiro já faz alguns anos:

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Que preconceito gera discriminação, que por sua vez gera desigualdade de oportunidades e que tem como consequência a desigualdade social.
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Eu seria outro se não tivesse tido a oportunidade de ler tudo que já li, de conhecer as pessoas que conheci, de sair de um ambiente de amor e fraternidade como vivi com pais e familiares (mesmo vivendo num ambiente de imensas dificuldades); seria outro se não tivesse conhecido o movimento sindical e social, que ensinou um cidadão revoltado com a injustiça social a pensar de forma organizada nas questões coletivas de meus pares despossuídos da sociedade em que vivemos.

Citei no início deste texto uma passagem de Sócrates - sobre não abusarmos dos segredos dos deuses, clamando a eles o que nos é dado a conhecer através do estudo e da aprendizagem - para reforçar meu pedido as lideranças do movimento organizado e aos leitores que nos acompanham que retomemos o ato de ler com disciplina, estudar os bons autores e os bons textos que pensam um mundo mais justo, mais solidário, mais igualitário, mais sustentável, mais tolerante à alteridade.

A melhor chance de evolução dos seres humanos é através da educação, do acesso ao conhecimento, sem restrições ou censuras. Cabe ao Estado que arrecada recursos públicos garantir oportunidades a tod@s para acesso ao conhecimento, à formação. Cabe também a cada instituição social e a cada pessoa buscar formas de capacitação e treinamento nas mais diversas áreas, inclusive áreas afins aos objetivos originários de cada entidade. O movimento sindical e social deve dar oportunidade de formação política a tod@s os seus participantes. 

Façamos este esforço de salvarmos a nós mesmos, seres humanos. Não deixemos subaproveitado a maravilha que a natureza nos forjou em centenas de milhões de anos: nosso cérebro, e com ele nossas culturas e diversidades.

Amig@s, leiam todos os dias ao menos meia hora, uma hora. Ontem eu não consegui ler, mas acordei cedo e peguei Sócrates por quase uma hora. Vamos ler e refletir sobre a vida, o mundo, a sociedade?

Abraços, William

domingo, 2 de dezembro de 2018

Leitura: Otelo, de Shakespeare - Entendam o poder da manipulação!




"- Continua agindo, minha medicação, continua agindo! Assim mesmo é que os tolos crédulos são apanhados."

(Do personagem Iago: "medicação" seria o ato de manipular e envenenar as pessoas com suas tramas e maledicências, em Otelo, o mouro de Veneza, de Shakespeare)


Acordei neste domingo pela manhã com o desejo de ler algo de fôlego, um romance ou algum conto. Após flertar com alguns livros e textos para escolher qual seria o autor e o tema a dedicar meu tempo e minha energia, escolhi o inglês William Shakespeare.

Amig@s leitores, que escolha perfeita para o momento que vivemos no Brasil e no mundo ao reler o clássico Otelo, o mouro de Veneza, escrito há mais de 4 séculos.

Às vezes nos pegamos sem rumo, sem eira nem beira, sem entender o porquê das coisas na sociedade humana serem como são. Muitas pessoas com algum grau de consciência política e engajamento social se sentem perplexas com o atual quadro de degeneração política e ética que vivemos no Brasil, não é verdade?

Então, abram esta tragédia de Shakespeare e leiam ela! Vocês vão entender por que estamos onde estamos. É por causa de nós mesmos, os humanos e seus comportamentos.

Sei que não posso mais me alongar nos artigos (os leitores não leem se for "grande"), mas só para dar um pequeno histórico de minha relação com esta tragédia de Shakespeare, vejam como nos conhecemos:

Em 2005, eu estava lendo a fantástica obra de Dostoiévski - Os irmãos Karamázov - quando no meio da história me aparece a referência ao "ciúme de Otelo".

Amig@s, fiquei pê da vida de não saber o que era o ciúme de Otelo. Eu fechei o livro, fui até a estante e peguei Shakespeare na hora e comecei a ler Otelo. Terminada a leitura, eu sabia sobre o "ciúme de Otelo" e voltei para Dostoiévski.

Em dezembro de 2011, li novamente esta tragédia de Shakespeare. Não me lembro de nenhum despertar excepcional na segunda leitura.

A leitura de clássicos da literatura mundial tem um quê de revelação, de descoberta, que nos faz absorver novos conhecimentos e novas sensações a cada releitura. Isso tem explicações: o leitor é outro a cada releitura, o contexto é outro, o momento tem influência e assim por diante.

Na leitura de hoje, fiquei exaltado, fiquei nervoso, fiquei compreendendo com raiva boa parte dos acontecimentos em relação à manipulação das pessoas ao nosso redor. Gente, o ser humano é o animal da manipulação consciente das pessoas ao seu redor. Tive também outro entendimento sobre o "ciúme de Otelo", pois o que o move a fazer o que faz é outro sentimento humano, não o ciúme.

Minha compreensão da história foi outra, a minha atenção não ficou em Otelo, não ficou em Desdêmona, mas ficou em Iago. Eu fiquei vendo as fake news, os algoritmos das redes sociais, vi meus familiares que não são fascistas, como dizem os estudiosos, mas que foram envenenados por mentiras e manipulações e ninguém consegue fazê-los sair desse ódio engendrado em suas vidas atuais, de forma que as pessoas não conseguem mais ver com racionalidade a realidade.

Não há animais na natureza que atuam com tanta desenvoltura como os humanos para destruir as vidas dos outros animais, que enganam, manipulam, que constroem ardis em benefício próprio prejudicando uma variedade de vidas ao redor.

Chega, né? Já escrevi muito. A terceira leitura de Otelo foi uma janela de reflexão para minha própria compreensão dos homens e mulheres ao nosso redor nos tempos que correm.

Lembrei-me de uma fala de Fidel Castro que me marcou muito quando li faz uns oito anos. Ele comentava sobre momentos no cárcere em que a leitura era essencial em sua vida para que ele compreendesse melhor o mundo, a vida e os seres humanos. Tenho lido coisa parecida sobre o filósofo Sócrates.

A gente deve voltar a ler todos os dias para evoluirmos como seres humanos e assim, quem sabe, podermos ajudar o mundo a ser um lugar melhor para todos.

Abraços, William

sábado, 1 de dezembro de 2018

Leitura: Week-end na Guatemala (1956) - Miguel Ángel Astúrias



(texto atualizado em 6/12/18, com melhorias na sintaxe)


"(...) o segredo está em dar com a palavra que penetrando, graças a uma publicidade intensiva, pelos sentidos de milhões e milhões de seres, não dê tempo a nenhum deles de refletir no que a palavra-chave significa, mas que seja aceita pelo que representa... a palavra-chave neste caso é... e escreveu comunismo."

"(...) Criou-se o perigo pelo signo, pela palavra repetida, martelada, multiplicada, por nossa vasta maquinaria... por isso sustento que a escrita publicitária é ideográfica, o publicitário deve pensar por signos, não com ideias..."

(Os agrários, conto do livro "Week-end na Guatemala", de 1956, de Miguel Ángel Astúrias) 


Li este romance político pela primeira vez em 2008. Comentei em suas páginas na época o seguinte: "O perigo para a América Central e do Sul volta a ser muito grande hoje, devido aos norte-americanos".

Explico: O golpe de Estado na Guatemala, em 1954, foi organizado e executado com o apoio do governo dos Estados Unidos (Eisenhower) e da empresa americana La Frutera (United Fruit), dona da metade das terras da Guatemala na época. Montou-se um exército de mercenários com a escória de países vizinhos para devolver o poder à burguesia local. E assim o fizeram, tendo como desculpa a ameaça "comunista".

Que coisa, heim! Os leitores conscientes e politizados deste blog sabem o que aconteceu nestes últimos dez anos na América Latina. 

Os golpes de Estado em países com governos eleitos mais democrático-populares e mais próximos aos interesses de seus povos começaram logo em seguida, com a derrubada de Manuel Zelaya, em Honduras, em junho de 2009. Depois foi a vez de Fernando Lugo, no Paraguai, em junho de 2012 e, em 2016, foi a vez do Brasil, de Dilma Rousseff. 

Todos os líderes latino-americanos que se posicionam contra os interesses das elites rentistas e bilionárias de seus países vêm sofrendo lawfare por parte dos sistemas de "justiça" de seus países, perseguições políticas que ocorrem a partir de carrascos de togas e policiais treinados nos Estados Unidos sob a desculpa de "combate à corrupção".

Os contos são muito atuais, muito. Mostra a situação das vítimas, os povos mais simples, trabalhadores, indígenas, campesinos, sindicalistas, mulheres, negros. Mostra o papel golpista e antidemocrático da burguesia lesa-pátria, traidora, egoísta, latifundiária, rentista. É muito atual com o que vimos acontecer em nosso país nos últimos anos, chegando ao contexto presente, do Brasil estar se tornando um pária internacional na área da diplomacia, da democracia e dos direitos humanos, e capacho dos Estados Unidos da América.

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Quem diria que as eleições no Brasil em 2018 poderiam ser definidas por mentiras (fake news) e por palavras de ordem inventadas, fora da realidade material, mentiras como a ameaça comunista no século 21, supostas mamadeiras com pênis para crianças em escolas (kit gay), ameaças de candidatos demoníacos da esquerda e absurdos do tipo... quem diria!
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É isso! Ler é preciso. Ler literatura, dedicar algumas horas para a leitura de textos é fundamental para nos dar subsídio intelectual para o que temos pela frente em defesa da soberania nacional, para as lutas dos povos pela democracia e pelos direitos do conjunto do povo explorado e enganado pelas eternas elites vira-latas latino-americanas.

William

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Escrever pra quem? Com a predominância da imagem e vídeo, quem lê hoje em dia?




Refeição Cultural - Cadê os leitores?

Hoje é sexta-feira, 30 de novembro de 2018. Estamos no primeiro quarto do século 21, início do 3º milênio, considerando o calendário gregoriano da era cristã.

Ao folhear o livro "Os leitores de Machado de Assis" (2004), de Hélio de Seixas Guimarães, fiquei pensando a respeito da questão dos leitores de ontem e de hoje. Eu não li o livro ainda, mas tenho bastante interesse na leitura porque sou um apaixonado por Machado. Já li todos os seus romances e dezenas de contos seus.

Chama atenção a informação de Valentim Facioli, na aba de apresentação do livro, que "Na passagem do século 19 para o 20, apenas 18% da população brasileira seriam alfabetizados. E capazes de ler livros seriam 2% desses 18%. Então, para quem Machado de Assis escrevia, e quem seriam de fato seus leitores?".

Em rápida pesquisa na internet, vi que o Brasil tinha cerca de 15 milhões de pessoas na virada do século. Pelas porcentagens acima chegamos a cerca de 54 mil possíveis leitores de livros naquele Brasil de 1.900. E reais leitores, quantos seriam?

Será que avançamos no número de leitores de livros, mais de um século depois, tendo hoje no Brasil 210 milhões de pessoas? Estou em dúvidas.

Outra coisa que chama atenção nos textos de Machado é que ele sempre dialoga com os leitores e leitoras através das personagens e dos narradores. Isso teria um papel formador de leitores críticos e que refletissem a respeito das coisas.

Eu tive uma experiência nos últimos anos bastante interessante durante um período que atuei como gestor eleito na área de autogestão em saúde. Quando comecei o trabalho de informação aos associados, através de textos publicados no blog Categoria Bancária, eu tinha um pequeno número de leitores, algumas dezenas nos primeiros meses.

Com a persistência em escrever para prestar contas, falar a respeito do modelo de saúde da entidade, suas vantagens e dificuldades, sobre a importância do pertencimento e do empoderamento por parte de seus associados, o número de leitores foi ampliando com o passar dos meses. Quando terminamos o mandato, os textos eram lidos por centenas ou milhares de leitores.

Me parece que o processo que vivi na criação de um grupo de leitores para a temática que trabalhei foi um pouco parecido com o esforço que Machado empreendeu em criar um público leitor de literatura naquela época.

Não posso me alongar no texto de reflexão sobre leitores porque textos longos neste momento da história afastam os leitores... louco isso!

São grandes os desafios neste milênio para mantermos viva a história da leitura e dos leitores. Mas acredito que vale a pena lutar para criarmos os novos leitores e resgatarmos os antigos leitores do mundo.

Abraços aos meus atuais leitores e leitoras, que são poucos, voltei às dezenas, mas são leitores que considero e respeito muito.

William Mendes
https://twitter.com/Blog_do_William

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Sócrates, Jesus, Lula, condenados por fake news




"Mais sábio do que esse homem eu sou; é bem provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um pouquinho mais sábio que ele justamente em não supor que saiba o que não sei" (In: Apologia de Sócrates, 480-399 a.C.)


Condenação por "fatos indeterminados"

"O que me condenará, se eu for condenado, não é Meleto, nem Ânito (acusadores), mas a calúnia e o rancor de tanta gente; é o que arruinou muitos outros homens de bem e ainda os há de arruinar, pois não é de esperar que pare em mim."

Nos séculos seguintes a Sócrates, vieram várias outras vítimas de mentiras, fake news e intolerâncias do status quo por enfrentarem o sistema de dominação social: Jesus, Gandhi, Mandela, Lula...


Sócrates não se humilha perante juízes, só informa os fatos

"À parte a questão da honra, senhores, não me parece justo pedir e obter dos juízes a absolvição, em vez de informá-los. O juiz não toma assento para dispensar o favor da justiça, mas para julgar segundo as leis. Nós não vos devemos habituar ao perjúrio, nem vós deveis contrair esse vício; seria impiedade nossa e vossa."

Ele confiava no sistema judiciário, assim como fez nosso ex-presidente Lula, encarcerado numa masmorra sem provas, sem crimes. Erro fatal! Nos dois casos.


Aos que o condenaram injustamente

"Não se tenha por difícil escapar à morte, porque muito mais difícil é escapar à maldade; ela corre mais ligeira que a morte. Neste momento, fomos apanhados, eu, que sou um velho vagaroso, pela mais lenta das duas, e os meus acusadores, ágeis e velozes, pela mais ligeira, a malvadez. Agora, vamos partir; eu, condenado por vós à morte; eles, condenados pela verdade a seu pecado e a seu crime. Eu aceito a pena imposta; eles igualmente. Por certo, tinha de ser assim e penso que não houve excessos."


Comentário do blog sobre a leitura de "Apologia de Sócrates" na versão de Platão

Reli neste domingo, 25 de novembro de 2018, o julgamento e a condenação injusta do filósofo grego Sócrates. O que se sabe sobre ele na história humana é através de outros escritores como Platão, Xenofonte e Aristófanes. Sócrates não deixou nada escrito.

Prezad@s leitores, é impressionante como a história humana é feita de repetições! Sistemas de poder que caçam e eliminam aqueles que ousam desafiar o status quo local.

Sócrates foi acusado de corromper a juventude. Ele foi condenado à morte por fake news, acusações tipo "power point" (por analogia, isso é descrito no texto por Platão) e não aceitou penas mais brandas como, por exemplo, o exílio, pois estava com 70 anos e diz que se nem seu povo o acolhia, que iria ele querer aceitando ser expulso de seu mundo.

No século 21, apesar dos avanços tecnológicos seguirem com velocidade alucinante, os seres "sociais" humanos estão voltando a serem reles mamíferos bípedes, abrindo mão de várias facetas do conhecimento, da reflexão filosófica, do uso intensivo do cérebro e se deixando levar por manipulações de máquinas e sistemas (na mão de poucos).

Eu não posso me alongar no texto porque o cérebro humano não lê se o texto passar de uma página. A síntese da história de Sócrates é que ele tinha como objetivo de vida comprovar ou desfazer o que os deuses disseram a um amigo dele, Querefonte, que ele Sócrates era o mais sábio dos homens. Sócrates saiu CONVERSANDO com todo mundo desde então, buscando mais as VIRTUDES que as posses materiais de cada um. E foi percebendo pela prática que as pessoas não sabiam sequer o que deveriam saber em suas profissões e funções. Os jovens que o acompanhavam (de graça) passaram a questionar também a tudo e todos... Aí já viu, deu merda!

Enfim, a leitura de 35 páginas da "Apologia de Sócrates" vale a pena para aqueles que não aceitaram continuar na ignorância (não saber) e não se deixaram levar pelo emburrecimento sistêmico. Existem duas versões do julgamento de Sócrates, uma de Platão e outra de Xenofonte.

Tenho comigo que toda a desgraça que aí está sobre o povo e que virá é culpa de cada um de nós mesmos, humanos. Conheço muita gente, da família por exemplo, que nunca leu sequer meia dúzia de livros na vida: aí fica fácil se deixar levar por sistemas complexos de influência no comportamento humano. Aos compatriotas brasileiros (aff) que fizeram a escolha pelo desfazimento da soberania do país e de todos os seus direitos históricos nestas eleições de 2018, digo o seguinte: 

- será que os norte-americanos estão com dó dos brasileiros por escolhermos a submissão a eles por parte do novo governo entreguista brasileiro? Será que serão mais simpáticos a nós por optarmos em ser novos colonizados do império de Trump? Os norte-americanos mal sabem que o brazil existe, somos lixos, baratas para eles. Um zoológico para explorar e passear, como os demais países latino-americanos, sempre vitimados por interferências daquele governo do norte.

Se a ignorância brasileira é uma escolha, suas consequências são merecidas. Parece-me que a maioria não pode parar algumas horas por dia para essa tarefa humana do estudo para ser mais que um reles animal.

Abraços, William


sábado, 24 de novembro de 2018

Da realidade ninguém acorda




"(...) Foi um pesadelo e depois dos pesadelos a gente acorda... - e a seguir disse de si para si, sem saber se engolir ou soltar as lágrimas - a gente acorda dos pesadelos, mas da realidade, não. Da realidade ninguém acorda.

(Ocelotle 33, conto do livro "Week-end na Guatemala", de 1956, de Miguel Ángel Asturias)


Personagem de uma mãe guatemalteca, conversando com os filhos. No conto, eles sobreviveram à invasão dos mercenários e traidores da pátria que derrubaram o governo eleito do presidente Jacobo Árbenz Guzmán, em um golpe de Estado promovido pelos Estados Unidos, através da CIA, em favor dos interesses da empresa La frutera (United Fruit), e baseado na justificativa de "libertar" o país da América Central do "comunismo". 

Árbenz (1951-54) realizou uma importante reforma agrária, distribuindo terras aos trabalhadores índios e campesinos e desagradou latifundiários locais e a multinacional americana. Qualquer semelhança com a nova colônia americana brazil 2018 não é mera coincidência.

Ocelote é um felino de tamanho pequeno, da família de leopardos e jaguatiricas, e vive nas Américas.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Lula e as flores na Primavera




#LulaLivre - Apesar das flores estarem abertas na Primavera, e estarmos do lado certo da História, temos que libertar Lula!

domingo, 18 de novembro de 2018

Carta Maior - Campanha de assinaturas solidárias




Olá prezad@s amig@s e leitores do blog Refeitório Cultural,

Uma das fontes de conhecimento onde busquei informação desde o início dos anos dois mil (faz quase duas décadas), o site de esquerda Carta Maior, precisa de nós para continuar produzindo textos de alto nível nas mais diversas áreas de conhecimento.

Eu peço encarecidamente que vocês leiam o pedido de ajuda de Carta Maior, que reproduzo abaixo, e peço para aqueles que puderam que façam a assinatura solidária e conversem com seus amigos, familiares e conhecidos para que também apoiem esse importante veículo de informação.

Eu fiz minha assinatura mensal e isso é solidariedade e compromisso com o direito humano à informação e à liberdade de expressão, pois sem a contribuição dos próprios trabalhadores e cidadãos não haverá uma comunicação que de visibilidade às nossas demandas e visões de sociedade e de mundo.

Hoje, dos 700 mil leitores do site, cerca de 1.300 são parceiros-doadores, mas é necessário chegarmos a 2.000 assinantes para a manutenção das atividades. Faltam mais ou menos 700 pessoas. O leitor pode ser assinante mensal como também fazer doações anuais.

Vamos ajudar Carta Maior a seguir contribuindo com os textos excelentes que produz para nós que optamos por sermos pessoas conscientes politicamente e dispostas a lutar por um mundo mais justo, livre, igualitário e solidário.

Abraços, William

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(reprodução do site)

Carta Maior precisa de você

Por: Joaquim Ernesto Palhares
Diretor de Carta Maior

Meus queridos,

Em primeiro lugar, agradeço a todos que, compreendendo os desafios que temos pela frente, tornaram-se parceiros da Carta Maior nas últimas semanas. Graças a vocês, passamos de 1.239 para 1.297 parceiros-doadores. Uma resposta que traz ânimo e força à luta que travamos diariamente neste espaço. 

Nos últimos trinta dias, Carta Maior conseguiu alcançar a marca de 751 mil visitantes únicos (google analytics). Para quem já teve 1,8 milhão em 2014, este número é um desastre; porém, diante de todas as dificuldades, da crise e do golpe, e considerando que chegamos, no final de 2016, a 250 mil visitantes únicos, posso afirmar que os números de hoje são um extraordinário sucesso.

Você conhece a Carta Maior, não somos um veículo de guerrilha, não disputamos notícias, não cobrimos o dia a dia da política. A nossa especialidade é a análise profunda, sistemática e ideológica da política, da economia, dos direitos humanos, da mídia, notadamente da área internacional com nossas Cartas do Mundo, o Clipping Internacional e a editoria de Poder e Contrapoder.

Você sabe que para nós a informação nunca foi uma mercadoria, mas sim um bem público. Graças à consciência política de nossos colaboradores e parceiros, Carta Maior vem cumprindo a missão que a anima há mais de 17 anos: divulgar o pensamento da esquerda nacional e internacional, dotando seus leitores de argumentos sólidos junto à opinião pública.

Concebendo a informação como bem público, Carta Maior vem garantido um conteúdo de altíssima qualidade e fortemente crítico à narrativa neoliberal disseminada pelos veículos de comunicação da chamada “grande mídia”.

Na prática, veículos que elegeram o capitão à presidência do Brasil, promovendo desde sempre a criminalização da política e da esquerda; a naturalização do golpe e do austericídio econômico que interdita ao povo brasileiro qualquer oportunidade de ascensão econômica e social, de melhoria de vida, e direitos básicos como saúde, educação e trabalho.

Não tenhamos dúvidas: somente o esclarecimento, o livre pensamento, o debate e o diálogo poderão construir uma efetiva resistência contra os ataques do neoliberalismo e das novas formas de fascismo. 

Importante destacar que Carta Maior sobrevive exclusivamente da doação de seus leitores. Desses 751 mil leitores únicos mês, apenas 1.297 são parceiros doadores da Carta Maior. Esse número inviabiliza qualquer atividade nossa. Na prática, 1.297 pessoas estão pagando para que mais de 700 mil leiam o nosso conteúdo. Isso é inviável. 

Em nome da manutenção do site no ar, fui obrigado a suspender as traduções de textos do espanhol, francês e inglês. A partir de agora, eles serão publicados em sua língua original. Isso significa, em primeiro lugar, que três colaboradores perderam emprego. Em segundo, que rompemos com uma tradição de 17 anos, a de traduzir para o português textos de extrema relevância.

Há mais de dois anos, venho lutando para não encerrar as atividades da Carta Maior e para manter nosso conteúdo aberto para todos. A guerra está em curso e as condições de luta são completamente desfavoráveis para a Mídia Alternativa. 

Lutamos contra um aparato de comunicação que tem garantidas suas fontes de financiamento, inclusive, a publicidade estatal, interditada aos veículos progressistas já nas primeiras semanas do governo Temer.

O que fazer?


Frente ao fato de que todas as nossas atividades são 100% financiadas por nossos leitores, só vejo uma alternativa: multiplicar o número de doadores parceiros, para não ver esse lindo projeto desmoronar até encerrar definitivamente as suas atividades. 

Aliás, isso já aconteceu com outros veículos de esquerda. No passado, tiveram o mesmo destino o jornal Opinião, o Pasquim e, mais recentemente, a revista Caros Amigos que foi publicada por mais de vinte anos.

No ano de 2004, a Carta Maior tinha uma redação em São Paulo, com 22 jornalistas; uma sucursal em Brasília com seis jornalistas; correspondentes em Porto Alegre e Rio de Janeiro. A crise do mensalão que levou as estatais a suspenderem a publicidade na CM, nos fez reduzir 70% de tamanho e, a crise de 2016, nos fez trabalhar em home office com uma equipe muito reduzida que, agora, perde mais três colaboradores.

Não quero tomar essa decisão isoladamente, até porque o compromisso da Carta Maior não é somente com seus parceiros doadores, mas também com seus leitores. Ou encerramos ou prosseguimos. 

Como já alertei várias vezes, 2019 será um dos piores anos para o Brasil, em particular, para o nosso campo. Nunca foi preciso tanta união como neste momento. E como todos sabemos, sem comunicação, não vamos a lugar algum. 

Mas é preciso decidir: ou fechamos ou prosseguimos.

Se você acha que devemos prosseguir, ajude-nos a continuar fazendo o tipo de jornalismo que 2019 exige. Venha conosco nessa luta: torne-se um parceiro da Carta Maior. Com apenas R$1,00 por dia (R$30,00/mês) você garantirá a continuidade desse trabalho. 

Se puder DOE MAIS (clique aqui e confira opções de doação), possibilitando que o nosso conteúdo continue aberto e disponível para todos. Caso não consigamos, seremos obrigados a transformar a Carta Maior um veículo com conteúdo aberto apenas para seus parceiros-doadores.

Pedimos também aos leitores já parceiros que compartilhem este texto junto a seus contatos, redes, parentes, amigos, colegas e camaradas para que possamos fortalecer essa campanha de doação. 

Nossa meta é chegar a 2.000 parceiros doadores de Carta Maior. Ajude-nos a alcançá-la. 

E não se esqueça de se cadastrar no nosso site (clique aqui) para receber nossos boletins. Neste momento, é fundamental que estejamos conectados frente a qualquer eventualidade.

Sigamos juntos,

Joaquim Ernesto Palhares
Diretor da Carta Maior

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Post Scriptum (26/09/22):

Infelizmente, o nosso principal site da esquerda, Carta Maior, saiu do ar no primeiro semestre de 2022. Fui parceiro até o fim, mas perdemos essa batalha.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Estamos doentes, e todos sofreremos as consequências




Opinião

Todos estamos adoecendo com a destruição do país, e não haverá médicos nem remédios, nem para pobres nem para remediados. É o fim do país que fomos, inclusive considerando o passado colonial

Não estou com nenhum entusiasmo para escrever. Depois de mais de quatro décadas de existência buscando me libertar da ignorância, do desconhecimento, do analfabetismo funcional, dos preconceitos que carreguei comigo, depois de lutar anos e anos para me libertar de todo o ódio que senti do mundo, da vida, da sociedade, das injustiças sociais, dos ricos e bilionários responsáveis pelas desgraças dos pobres e do povo, depois desse percurso tentando ser uma pessoa melhor, vem o retrocesso civilizatório que estamos presenciando dia após dia no mundo e no novamente brazil-colônia neste início de século e milênio.

Por que escrever algo, registrar sentimentos e reflexões, descrever eventos e fatos que ficarão marcados na história pessoal, social e humana? Acho que a resposta seria simples: porque as pessoas que virão depois de nós têm o direito de saber como foram as coisas no passado, e por que as coisas aconteceram como aconteceram. 

Que saberíamos sobre o nazismo se não houvesse relatos de pessoas da época, tanto olhando de fora quanto de dentro daquilo? 

Os leitores do filólogo judeu-alemão Victor Klemperer não saberiam sobre a linguagem do Terceiro Reich se ele não tivesse, de forma abnegada, se agarrado aos seus diários durante anos e anos de observação e de sobrevivência ao regime de Hitler, Goebbels e lixos humanos assemelhados. Que saberíamos sobre os pensamentos, sonhos e pontos de vista de uma jovem judia escondida com a família entre paredes falsas e sótãos na Holanda ocupada, fugindo do ódio exterminador nazista, se Anne Frank não tivesse registrado isso em seu diário?

Enfim, está difícil encontrar energia para escrever. Até porque os textos produzidos com grande trabalho de pesquisa e dedicação de horas de concentração, acabam por serem lidos cada vez por menos leitores, e os alfabetizados funcionais parecem estar rareando por aí, neste momento da história humana.

As coisas que me incomodaram muito nesses dias, que amarguraram meu coração e adoeceram meu ser, física e psicologicamente, foram os temas ligados às consequências do golpe de Estado aplicado no Brasil, com a retirada do Partido dos Trabalhadores do poder por uma nova técnica de golpe - o lawfare

O impeachment sem crime de responsabilidade de Dilma, a prisão política de Lula sem crime algum (inclusive com a morte de sua companheira de toda a vida, Dona Marisa, morte por tortura psicológica e humilhação a ela e família), e a provável morte de Lula pelo mesmo mecanismo de tortura psicológica (é difícil este homem de 73 anos continuar resistindo a tanta violência contra sua honra), têm abalado a saúde de muita gente brasileira, muita mesmo, mas como as doenças crônicas são invisíveis e sem sintomas, poucos farão associação com a desgraça estatística do adoecimento que vem por aí.

Uma metade da população está adoecendo violentamente com as tristezas que estamos passando ininterruptamente pela destruição acelerada do país após o golpe de 2016, após a retirada dos direitos do povo e com a destruição do patrimônio nacional em benefício de agentes externos ao país. A doença tristeza e desesperança no amanhã se soma à doença desemprego ou subemprego para destruir a saúde dessa geração.

A outra metade da população está adoecendo, e também não sabe disso. Está doente crônica com todo o ódio, preconceito e cinzentice que carrega em si (me lembrei do prefeito do tudo cinza), com toda a virulência nauseabunda que carrega em seu cotidiano contra os imaginários comunistas, bolivarianos, doente de ódio contra petistas (petralhas), gays, sindicalistas, negros, nordestinos, professores do mal, estudantes do mal, corruptos alheios do mal (eles não são corruptos, hahaha). Doente crônica essa outra metade de brasileiros ricos, remediados e também os pobres-coitados de direita alimentados pelas máquinas de ódio que nos lembram as Teletelas do Grande Irmão, no distópico "1984", de Orwell. (ai geração cara na tela...)

Essa metade doente vibra e comemora qualquer idiotice ou tragédia como "Escola sem partido", o fim do convênio Cuba-Brasil no programa "Mais Médicos" e o consequente fim do atendimento a mais de 30 milhões de seres humanos em quase dois mil municípios do país. Comemoram a nomeação de uma equipe de governo escolhida cada ministro entre os piores de seu segmento, enfim, essa outra metade, "vencedora" nas eleições, está tão doente quanto a outra metade 'perdedora", mas esse adoecimento do Brasil não será facilmente captado pelas estatísticas da tragédia brasileira.

A saúde do povo brasileiro, mais os pobres que só têm o SUS, mas também os remediados, aquele povo que acha que é classe média porque tem plano de saúde por causa de sua relação empregatícia, a saúde brasileira vai degenerar de forma irrecuperável. Seremos um subproduto humano na nova experiência da guerra pela hegemonia política e econômica do planeta. Nenhum país, nenhum povo, foi tão cachorro, tão miserável e tão estúpido de se entregar para os Estados Unidos como o povo de meu país, sem lutar, sem resistência alguma, só com a docilidade e ignorância histórica de ser manipulado sempre pela casa-grande.

Estamos doentes, crônicos do corpo e da alma. As perspectivas do que vem por aí são terríveis. Mas podemos inverter esse quadro a qualquer momento, porque a história humana é feita de imponderáveis... (que venha um logo!)

William