quinta-feira, 3 de julho de 2025

Instantes (15h53)



Refeição Cultural


"E é difícil amar

Há tanto para odiar

Apoiando-se numa esperança

Quando não há esperança para se falar a respeito

E os céus feridos entre nós

Dizem: Já é muito, muito tarde

Bem, talvez todos nós devêssemos estar rezando por tempo..." 

(Praying for Time, George Michael, letras.mus.br)


Com tanto para odiar, é difícil amar... George Michael descreveu nesta música de 1990 o tempo presente!

Somos prisioneiros do ódio, como nos explicou Riobaldo Tatarana, personagem do livro "Grande Sertão: Veredas" (1956), de Guimarães Rosa. 

Como nos libertarmos do ódio e restabelecermos o amor? Se trata de salvar o mundo e todas as formas de vida.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac... o tempo corre contra nós que estamos perdendo tempo com coisas supérfluas. Depois não adiantará rezar por mais tempo.

William

03/07/25

Black Mirror T1 - Questões para refletir



Refeição Cultural

T1.E1. Hino Nacional ("The National Anthem") - Dirigido por Otto Bathurst e escrito por Charlie Brooker. Exibido em 04/12/11.

Sinopse da Netflix: O primeiro-ministro Michael Callow enfrenta um chocante dilema quando a amada princesa Susannah é raptada.

Comentário:

As questões colocadas em evidência no episódio de lançamento da série Black Mirror são impactantes, não tem como não ficar pensando a respeito dos dilemas apresentados aos telespectadores. 

O episódio foi exibido há 14 anos e antecipou bastante o mundo das representações que só fez aumentar a cada ano. 

O que somos neste momento da sociedade humana? Somos de fato aquilo que conseguimos representar ao público de nossas bolhas virtuais? Eu existo caso não seja validado pelos outros?

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T1.E2. Quinze milhões de méritos ("Fifteen Million Merit") - Dirigido por Euros Lyn e escrito por Charlie Brooker e Kanak Huq. Exibido em 11/12/11.

Sinopse da Netflix: Após fracassar em um concurso como cantora, uma mulher tem que escolher entre praticar atos humilhantes ou voltar a viver praticamente como escrava.

Comentário: 

O episódio apresenta pessoas numa condição quase de escravidão. Todos os dias, cada pessoa precisa ficar o dia todo pedalando em bicicletas fixas, tipo ergométricas, para ganharem créditos (méritos) como nos jogos eletrônicos do tipo fliperama ou videogame. Quanto mais pedalam e fazem o que as máquinas pedem e pontuam por aquilo, mais acumulam "méritos" para adquirir de tudo, pois os "méritos" são o dinheiro daquele mundo. 

Mesmo quando não estão pedalando, os cubículos onde descansam e dormem são câmeras de paredes-televisores para se seguir pontuando ou gastando os méritos. 

É possível sair desse mundo e ser alguém mais que o avatar digital? Dá para se libertar e viver num mundo real? 

O final da trama é a única saída?

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T1.E3. Toda a sua história ("The Entire History of You") - Dirigido por Brian Welsh e escrito por Jesse Armstrong. Exibido em 18/12/11.

Sinopse da Netflix: No futuro, todos têm acesso a um implante de memória que grava tudo que os seres humanos fazem, veem e ouvem.

Comentário:

Difícil decidir qual episódio é mais provocador e causador de reflexões a respeito de nossas vidas e das tendências que podem vigorar na sociedade humana. 

Esse com a gravação digital de tudo que vivemos é chocante!

O que nos torna únicos no mundo? Nossa individualidade, história, desejos, nossos pensamentos e realizações. Nossos segredos!

De certa forma, o que o episódio lançou como ideia de memória individual gravada em ferramentas que outros podem ver já é realidade: as plataformas digitais. 

Boa parte da humanidade tem contas em plataformas digitais e nelas estão todos os nossos dados, até aquilo que esquecemos que fizemos, dissemos e vimos de forma compartilhada.

A realidade é pior do que a ideia do episódio. Um canalha qualquer está olhando a minha vida ou a sua atrás da tela da plataforma na qual temos perfis e contas.

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Há saídas para as situações apresentadas?

Uma linha unifica os três episódios de estreia de Black Mirror (2011): os dilemas enfrentados pelos personagens nos são apresentados como problemas sem saída, ou pior ainda, com uma saída: a não saída do sistema que os aprisiona.

Essa é a questão que me chamou a atenção. 

Há saídas para nós em relação à tendência de fim de mundo com a destruição causada pelo capitalismo, de fim da natureza por causa da emergência climática, de fim da sociabilidade humana por causa da ideologia do "todos contra todos"?

Como ser humano consciente, entendo que há saídas porque somos seres históricos e fazemos a nossa história humana tomando decisões diariamente. Podemos mudar o rumo das coisas que nós mesmos fizemos.

A hegemonia do capitalismo neoliberal, o individualismo estúpido de nossa sociedade humana e a forma destruidora da natureza na atual relação entre humanos e planeta Terra podem mudar, pois somos dotados de inteligência, ainda.

Mas... sempre tem um senão, mas temos que ter objetivos claros, estratégias, táticas, e unidade daqueles e daquelas que querem mudar a tendência de fim do mundo.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac. O relógio do fim do mundo segue correndo...

Uma das soluções passa pela educação. Paulo Freire nos ensina: só se educa gente!

William 

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Livro: O Saci (1921) - Monteiro Lobato

 


Refeição Cultural

"Dizem - respondeu o Saci - que, quando uma mulher tem sete filhos machos, o sétimo vira lobisomem na noite das sextas-feiras. Sai então pelos campos, invade os galinheiros (onde come um produto das galinhas que não é o ovo) e também assalta e devora os cães e as crianças que encontra pelo caminho..." (p. 79/80)


Ao pesquisar sobre a obra de Monteiro Lobato, vi que "O Saci" foi o primeiro volume da coleção Sítio do Picapau Amarelo, publicado em 1921.

Nesse primeiro livro, vemos personagens clássicas do folclore brasileiro como, por exemplo, a Mula Sem Cabeça, a Iara, o Lobisomem, o Negrinho do Pastoreio e o Boitatá. 

A Cuca e o Saci-Pererê são personagens que fizeram parte da infância das crianças brasileiras. A adaptação para exibição na TV se deu nos anos setenta, na Rede Globo em parceria com a TVE e o MEC (1977 e 1986). Quando pude ver alguma coisa sobre o Sítio, foram episódios dessa época.

Como disse nos comentários dos primeiros volumes que li dessa coleção (ler aqui), o leitor de hoje tem dificuldade com a linguagem de Monteiro Lobato em relação a diversas questões sensíveis como, por exemplo, a forma de tratamento a grupos sociais de nosso país.

No entanto, avalio que não é por isso que se deva desmerecer a importância inovadora da obra de Lobato nas primeiras décadas do século vinte no que diz respeito a uma literatura feita para crianças e adolescentes.

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PERSONAGENS

Nas adaptações das lendas feitas por Monteiro Lobato, ele não segue necessariamente a tradição que a maioria das pessoas conhece. 

Na lenda da Mula Sem Cabeça, por exemplo, é mais conhecida a história na qual ela é concubina de um sacerdote. No entanto, no livro ela é esposa de um rei e come cadáveres de crianças no cemitério local.

Algumas histórias de Lobato são bem assustadoras se pensarmos o público-alvo e a sociedade na qual seus livros circulavam, crianças e o Brasil do início do século vinte.

A lenda do Boitatá do livro tem semelhança com uma das vertentes que encontrei ao pesquisar sobre a personagem folclórica. O próprio Pedrinho fala ao Saci que ele conhece a história da cobra de fogo como sendo fogo-fátuo.

Ao ler sobre o Lobisomem foi inevitável pensar em qual dos filhos de minha avó Deolinda seria o lobisomem da família (risos). Minha avó teve nove filhos homens e o sétimo deve(ria) ter sido o bichão... não me lembro agora, mas se brincar é o meu pai... (os dois mais velhos já faleceram).

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É isso! Sigamos lendo Monteiro Lobato. Já li 3 livros dele e tenho mais 4 em casa para ler.

William


Bibliografia:

LOBATO, Monteiro. O Saci. Ilustrado por Jótah. São Paulo: Lafonte, 2019.


terça-feira, 1 de julho de 2025

Instantes (22h17)



Refeição Cultural

Pode ser só impressão do observador, mas me parece que estamos vivenciando o fim de um ciclo da sociedade humana, se não global, pelo menos desta a qual pertenço. 

Tudo está se degenerando, perdendo a qualidade, estragando. Ao ouvir o noticiário, dá vontade de mudar de mundo, mas só temos este. As pessoas... alteradas pelos donos do poder ideológico, degeneraram. As coisas das relações humanas, então, fodeu.

Como disse no primeiro parágrafo, pode ser somente o mundo ao qual pertenço essa degeneração, o fim dos tempos, o tempo escatológico. Pode ser que lá do outro lado da Terra, na Ásia, no Oriente, haja um mundo de esperança. 

Aqui no meu mundo, o Nunes e o Tarcísio estão vendendo tudo, tudo, tudo, todo dia, todo dia, tudo. Até rua agora é vendida pros parças. Tudo. Se ligar a TV, entrar na internet, olhar qualquer coisa como tv de elevador, lá estão eles, Nunes, Tarcísio, Bolsonaro, Motta... Trump, Netanyahu, os "coitados" dos sionistas... uma blitzkrieg comunicacional da extrema-direita dona do capital para pautar a agenda da massa alienada.

Degeneração da sociedade humana ("Ocidental"?).

É o que tenho visto com meus olhos míopes... essa blitzkrieg desarranja todo o organismo que nos mantém vivo...

Tá foda! Mas quero viver. Preciso viver. A vida é uma oportunidade diária. 

Will i am

01/07/25