domingo, 31 de março de 2013

Filme: O Palhaço (reflexões...)



Filme de uma reflexão profunda.

Refeição Cultural - A busca é pra sabermos o que somos

Iniciei o feriado de Páscoa sentindo um forte cansaço e quase em estado catatônico. Minha vida sindical, meu trabalho, tem sido marcada por um alto nível de estresse.

Pensei em ler um livro, mas concluí que não iria dar conta. Pensei em assistir a alguns filmes que comprei, filmes políticos, e também concluí que não ia rolar.

Aí peguei para ler um livro de contos de um autor que nunca havia lido. Peguei o José J. Veiga - Os cavalinhos de Platiplanto, lançado em 1959. O autor é um dos principais representantes brasileiros do Realismo Mágico. Já li alguns contos.

Em termos de filmes, assisti na sexta-feira Cavalo de Guerra, de 2011, dirigido por Spielberg. O filme me deu muita agonia pelo sofrimento do cavalo. Passei raiva.

Bem, finalmente, cheguei ao filme de Selton Mello.


"NÃO TO DANDO CONTA!" (BENJAMIM)

(este trecho revela partes do filme)

O filme é sobre um grupo circense que percorre o país nos anos setenta. Benjamim (Selton Mello) é o palhaço Pangaré e seu pai (Paulo José) é o Palhaço Puro Sangue. O circo é o Esperança.

Benjamin vive muito infeliz, apesar de ser muito eficiente em sua profissão - palhaço - e fazer a alegria dos outros.

Lendo a história do roteiro do filme feito pelo próprio Selton Mello, descobri que ele criou o roteiro num momento de depressão e busca existencial em sua vida.

A mensagem do filme, passada pelos palhaços, é de que a gente é o que é. Um rato come queijo, um gato bebe leite e eles são palhaços.


E EU, SOU O QUÊ?

Benjamim foi em busca de descobrir o que ele era para encontrar a felicidade. Benjamin descobriu que ele era realmente o palhaço Pangaré. E ficou feliz por isso.

O que eu sou? No Brasil, sindicalista não é profissão. Diz-se que é uma representação passageira. "Estou" sindicalista.

De certa forma, isso é um problema. Troquei um década de estudos filosóficos e busca existencial para ser o melhor representante que pude. 

Perceberam que sou um bom sindicalista assim que terminou meu primeiro mandato entre 2002/05. Fui disponibilizando meu nome para as chapas e para as tarefas e missões que o movimento cutista me designou.

"O rato come queijo, o gato toma leite, eu sou palhaço" (Benjamim - palhaço Pangaré)

Por tudo que estudei e compreendi nesta década a respeito do movimento sindical e por toda experiência que vivi e construí para a categoria bancária, temos a realidade de que "sindicalista" não é profissão. E aí?


Eu me formei em Contábeis e não atuei porque havia virado funcionário do Banco do Brasil.

Eu cursei e não terminei meu curso de Educação Física de maneira que não sou profissional da área.

Eu entrei na USP para fazer Letras, mas como virei sindicalista em seguida, fiz o bacharelado da maneira que deu e a prioridade foi a representação sindical e não posso dizer hoje que sou profissional da área.

Eu sempre achei que bancário não é profissão, apesar de milhares de pessoas passarem a vida laboral trabalhando para os banqueiros.

E aí, sou o quê?

Essa é a pergunta de minha vida neste ponto que cheguei...

Não sou professor de educação física, não sou contador, não sou professor de português, espanhol, literatura.

Meu roteiro não está escrito para poder rodar meu filme... Não sou palhaço. Estou bancário. Espero ter a sorte de Benjamim e encontrar a felicidade.


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