domingo, 24 de março de 2013

Lutar com dedicação e fazer o que se deve ser feito


Refeição Cultural


Era sábado. Dormi um cochilo no sofá e acordei com o pensamento nos problemas que tenho enfrentado como dirigente nacional do funcionalismo do Banco do Brasil. Isso vem ocorrendo há semanas. Eu sou focado e obcecado por aquilo que me proponho a fazer. Quanto mais os desgraçados do banco prejudicam o funcionalismo, mais eu foco o pensamento em como reverter as merdas feitas por essa gestão do banco do brasil. Eu sempre soube que isso iria acontecer assim que eu aceitasse coordenar nacionalmente o movimento sindical no bb. Evitei isso até o ano passado.

Desde que terminei meu primeiro mandato na executiva do meu sindicato, me destacaram para atuar na confederação para que eu assumisse nacionalmente as questões do bb. Eu havia me destacado nos primeiros anos como dirigente sindical em minha base, principalmente com o meu trabalho de base no bb.

Felizmente, pude me envolver com outras questões além do bb entre 2006 e 2012, pois nos dois mandatos que fiz na confederação até assumir a coordenação nacional do funcionalismo ano passado, fui secretário de imprensa e depois secretário de formação sindical. Ambas tarefas me fizeram estudar muito e crescer como pessoa e como militante de esquerda. 

Aliás, meu mandato atual seguiu na formação e apesar de já termos feito dois cursos básicos de capacitação para dirigentes bancários (PCDA) de 3 módulos cada e dois cursos de especialização em saúde, estou insatisfeito com minha atuação neste mandato (2012-15) porque quero aplicar 3 cursos de especialização neste ano e mais um PCDA e não consigo encaminhar meus projetos formativos por absoluta falta de tempo.

Sempre acreditei que qualquer pessoa pode se destacar em qualquer coisa a que se dedicar

Estou num ritmo de trabalho alucinante e com tanto foco que sei que vou me quebrar, mas não tem outro jeito. O combate às merdas do bb tem que ser feito e vou coordená-lo enquanto for minha tarefa e missão fazê-lo. Sempre foi assim comigo.

Focar assim na luta contra o bb está me emburrecendo como ser humano porque não existe mais lacunas de tempo para meus estudos filológicos e para o ócio criativo. Mas para as grandes batalhas na vida é preciso foco e especialização.

Quando eu olho para trás e vejo minha caminhada, só faço acreditar mais e mais que qualquer pessoa pode realizar qualquer tarefa, mesmo se ela não for dotada de certa genialidade que destaca pessoas em cada área da vida humana por dons.

Fui uma criança franzina e endureci quando tive que endurecer conforme mudaram os ambientes em que cresci e vivi.

Fui capinar, quebrar concreto, descarregar toneladas de caixas de caminhões quando foi preciso. Mesmo com minhas mãos pequenas para tal.

Saí do trabalho braçal e acreditei que ler e estudar com foco e perseverança, mesmo que só nas horas em que não estamos na labuta, faz a diferença. Naquelas horas em que muitos foram relaxar nas festas e na farra merecida da adolescência, eu fui estudar e ler. Como as greves nas escolas públicas duravam meses, aprendi matemática básica quase que sozinho em casa à noite.

Quando se tem força de vontade, tudo é possível. A mente humana é uma máquina de aprender que só precisa de estímulos. Na minha opinião, é uma grande bobagem dizer frases limitadoras a si próprio do tipo "não adianta que não consigo aprender matemática... português... física quântica... não tenho jeito para tal coisa...".

Até quando precisei ser bom em jogos como bilhar e sinuca, ganhei grana com isso para meus gastos juvenis.

Quando a vida me abriu a oportunidade de estudar ciências contábeis, eu fiz o curso com os pés nas costas. Eu me lembro de fazer equações de derivadas e outras que não me lembro o nome que se resolviam em várias páginas de caderno. Eu só tirava nota alta nas matérias, sem dificuldade.

Depois, já sendo bancário do bb e desiludido com aqueles anos noventa, fui estudar educação física no Náutico, em Mogi das Cruzes, curso com várias matérias médicas e peguei com afinco e só tirava nota alta em anatomia, biologia e nutrição, fisiologia, cinesiologia e coisas do gênero. Não acabei por falta de dinheiro, mas fui bem na mudança da área de cálculos para área biológica e médica.

Acabei ainda me aventurando em uma faculdade de Letras na USP e eu tenho certeza que poderia ter sido um bom aluno e profissional da área.

Poderia. Não fosse a coincidência de ter aceitado virar sindicalista na mesma época em que entrei no curso da USP. Meu senso de responsabilidade e compromisso com o movimento e com os trabalhadores não me deixou nenhuma dúvida de qual deveria ser a prioridade de minha dedicação e destaque.

No ano seguinte em que entrei na Faculdade de Letras, entrei também no Sindicato e eu não era militante orgânico de movimento algum. Participei e liderei também movimento estudantil, mas o nível orgânico lá não chega nem aos pés do sindical.

Passei os primeiros anos de dirigente comendo história do movimento para saber quem eu era ali e o que eu representava. Isso foi fundamental para eu poder fazer uma boa atuação junto aos bancários e dentro da estrutura interna do movimento.


Hoje, tenho que conhecer a cada dia mais e mais sobre o banco que coordeno as negociações. E a quantidade de conhecimento que souber, sempre estará aquém do necessário. Além dos males causados pelo banco aos trabalhadores, é inerente ao movimento sindical ter que enfrentar uma parte do próprio movimento, que tem pessoas e grupos com foco em combater e derrubar uns aos outros.


Cansei de refletir por hoje. São três da manhã de domingo. Espero não lembrar do banco durante o sono.

Posso não ser feliz nem andar rindo por aí, mas tenho convicção absoluta do meu papel e da minha importância para os trabalhadores bancários e para o movimento sindical cutista e para a Articulação Sindical. 



SOMOS FORTES, SOMOS CUT!

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