segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O amor ao meu pai me faz sentir a sua dor



Meu pai querido. Te amo!

Neste domingo (10), dia dos pais, liguei para o meu paizinho e conversamos um pouco, com direito a nos vermos na tela. Disse de meu amor por ele e o quanto eu gostaria de ajudá-lo a resolver seus problemas de saúde, que tanto lhe aborrecem e lhe causam dor.

A saúde de meu pai é um drama que vivemos juntos há muito tempo. Mas a dor física quem sente é ele, apesar de sentirmos juntos a dor que ele sente.

Meus pais nunca tiveram um plano de saúde. Sempre tiveram que se virar no Sistema Único de Saúde. Por diversas vezes nesta vida, foi um drama complicado conseguir atendimento para uma emergência deles, principalmente lá em Uberlândia, onde residem.

Eu acabei virando bancário do Banco do Brasil em 1992 e perante a minha família, passei a ser quase um "privilegiado" por ter um plano de saúde. Nunca alguém me disse isso. Mas sempre me senti mal por isso. Sempre evitei ir ao médico através de convênio porque meus pais não tinham como ter acesso ao mesmo direito. Em décadas de vida, foram dezenas as vezes que estive doente e fiquei em casa até sarar sozinho.

Hoje sou diretor eleito da entidade de saúde de nossos trabalhadores do Banco do Brasil. Começamos faz poucas semanas a participar da gestão.

Ao conversar com meu paizinho neste domingo, falei a ele que eles terão um plano de saúde agora. Vou incluí-los no plano conforme as possibilidades vigentes me permitem para parentes até 3º grau.

Meu paizinho, do alto de sua grande sabedoria de vida (apesar da pouca educação formal) me disse uma verdade impressionante! Ele intuiu que por mais que eu vá incluí-lo num plano, há carências a cumprir nele, e que eu e as demais pessoas da gestão estamos buscando formas de melhorar para o próximo período a entidade de saúde que gerimos, mas que ele sabe que mudanças são de médio e longo prazo.

E... disse que os problemas de saúde na área que lidamos têm dificuldades a serem superadas assim como a saúde pública que está aí.

Por fim, me disse que a dor crônica que ele sente há meses, 24 horas por dia, precisaria ser extirpada agora, ele não tem esse amanhã lá na frente, porque estamos planejando para melhorar e perpetuar nossa entidade por décadas adiante.

Meu pai sente dores hoje. Eu não posso tirar as dores de meu pai. Essa realidade nos dá uma sensação de impotência dolorosa. Nos dá também um senso de humildade e de importância na busca de soluções no agora.

Desejei-lhe forças e disse o quanto eu o amo e o quanto ele é importante pra mim e uma referência de vida.

Obrigado por você estar aqui entre nós meu paizinho, mesmo com seus problemas de saúde. Eu, o senhor e nossa família sabemos que você e a mãe fazem o possível para estarem vivos e alimentarem meu coração pra juntos seguirmos lutando, nós todos, todos nós.

Um beijo meu pai querido.

William Mendes

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