quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Nelson Mandela, uma referência como líder democrático e pacifista



Minha esposa acerta na mosca ao
me presentear com este livro. Ela sabe
 o que tenho vivido este ano na política.

Ganhei um belo presente de dia dos pais de minha esposa e meu filho. A autobiografia de Nelson Mandela - Longa caminhada até a liberdade.

Minha vida atual não me concede o tempo que eu gostaria para ler. Atualmente só leio sobre saúde, gestão em saúde, estatutos, convênios, súmulas, súmulas, súmulas... Mas a gente é insistente. Li algumas páginas de meu presente nos voos por aí.

Estou hoje em Uberlândia (MG). Estou de abono no trabalho hoje e amanhã. Trabalhamos muito internamente nesta semana. Diferente das anteriores, quando viajei a várias cidades trabalhando, esta semana foi intensa e de trabalho e produção intelectual na sede da Cassi em Brasília.

Bom, esta postagem sobre Mandela é para citar um trecho onde o grande líder diz como aprendeu a respeitar a democracia, a ouvir, a construir consensos, na infância em sua aldeia e com os líderes que foram referência para ele. 

Estou vivendo neste ano, um ano de grandes desafios de resistência, de superação, envolto em grandes conflitos, em ódios, mas estou muito focado em ter um papel de liderança porque nossos projetos de trabalhadores precisam de unidade e conquistas.

Tenho me inspirado em líderes como Lula da Silva e Nelson Mandela. Vamos ao trecho que gostei e depois vou pegar a estrada para minha romaria de 75 km.


Nelson Mandela, Parte 1 - Uma infância no interior

"Todos os que desejassem falar o faziam. Era a democracia em sua forma mais pura. Podia haver uma hierarquia de importância entre os oradores, mas todos eram ouvidos, chefe e súdito, guerreiro e curandeiros, comerciante e agricultor, proprietário e trabalhador. As pessoas falavam sem serem interrompidas e as reuniões duravam muitas horas. O fundamento da auto governança era que todos os homens eram livres para expressar suas opiniões e eram iguais em seu valor como cidadãos. (As mulheres, infelizmente, eram consideradas cidadãs de segunda categoria).

Um grande banquete era servido durante o dia, e eu frequentemente ficava com dor de barriga de tanto comer enquanto escutava discurso após discurso. Notei como alguns dos oradores ficavam divagando e nunca pareciam chegar ao assunto. Percebi como outros iam ao assunto em questão, diretamente, e que faziam conjuntos de argumentações sucintas e irrefutáveis. Observei como alguns oradores usavam emoção e linguagem dramáticas, e tentavam comover a audiência com tais técnicas enquanto outros oradores eram sóbrios e equilibrados, até mesmo afastando-se das emoções.

No início, eu fiquei surpreso com a veemência - e franqueza - com a qual as pessoas criticavam o regente. Ele não estava acima das críticas, na verdade ele era quase sempre o principal alvo delas. Mas não importando o quão flagrante era a acusação, o regente simplesmente escutava, não se defendia, sem mostrar emoção alguma.

As reuniões continuavam até que alguma espécie de consenso fosse atingida. Ou elas terminavam em unanimidade, ou não terminavam. Unanimidade, no entanto, podia ser uma concordância em discordar, esperar por um momento mais propício para propor uma solução. Democracia significava que todos os homens deviam ser ouvidos, e uma decisão era tomada juntamente como um só povo. A regra da maioria era uma noção estranha a nós. Uma minoria não devia ser esmagada por uma maioria.

Apenas no final da reunião, quando o sol se punha, o regente falava. Sua intenção era resumir o que havia sido dito e formar um consenso entre as diversas opiniões. Mas nenhuma conclusão era imposta para as pessoas que discordassem. Se um acordo não pudesse ser atingido, outra reunião aconteceria. Bem no final do conselho, um cantor ou um poeta faria um panegírico aos reis antigos, assim como uma mistura de cumprimentos para a sátira sobre os chefes tribais atuais, e a audiência, liderada pelo regente, caía na gargalhada.

Como líder, eu sempre segui os princípios que me foram demonstrados pelo regente no Grande Local. Sempre procurei ouvir o que todas as pessoas, em uma discussão, tinham a dizer antes de dar a minha opinião. Muitas vezes, a minha opinião simplesmente expressava um consenso do que ouvi na discussão. Eu sempre me lembro do axioma do regente: um líder, ele falou, é como um pastor. Ele fica atrás do rebanho, deixando os mais ágeis seguirem adiante, e então os outros seguem, não compreendendo que durante todo o tempo estavam sendo guiados por trás..." (pág. 25-27)


COMENTÁRIO

Achei esse trecho maravilhoso!

A minha história política mais recente, desde que aprendi a ser dirigente e representante dos trabalhadores, tem muito do conteúdo dessas frases citadas na infância formativa de Mandela: ouvir as pessoas, construir consensos, não esmagar minorias...

Minha nossa! Onde estão estas atitudes nos dias que correm entre nós da militância? Não sei!

Mas eu não esmoreço! Sigo fazendo a política do jeito que aprendi.

Abraços e vamos para a estrada refletir muito andando umas vinte e tantas horas...

William


Bibliografia:

MANDELA, Nelson. Nelson Mandela - Longa caminhada até a liberdade. Editora Nossa Cultura. 3ª Edição.

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