domingo, 8 de novembro de 2015

Reflexões sobre a vida e nosso papel social





Refeição Cultural

Domingo. Acabou o final de semana. Entrei no casulo sábado para um respiro, mas já acabou. Vamos iniciar mais uma semana num mundo esquisito, duro, indefinido ao extremo, a considerar que o ser humano se organizou em sociedade para conquistar um pouco de segurança e estabilidade. Hoje, no entanto, o sistema capitalista organizou o mundo e as pessoas que nele habitam para o curto prazo.

Não há mais estabilidade em nada. Assim como a própria existência, frágil e à mercê de um instante final, nossas organizações sociais estão todas por um triz.

Como achar sentido na nossa existência tão curta e fugaz, no instante em que passamos por aqui?

Eu me pergunto isso e vivo buscando sentido para as coisas desde muito jovem. Já vivi algumas parcas décadas neste mundo, onde o tempo é infinitamente grande e longo se comparado ao instante que é uma simples vida humana.

Buscando sentidos e observando o mundo em que vivo, neste fim de semana li um pouco de Franz Kafka, O processo, e li um pouco de Mário de Andrade, Macunaíma. Corri e caminhei, pois sei de minha obrigação em ser resistente, como soldados em campos de batalha. Reli textos meus para rever o que já escrevi e o que pensei a respeito de coisas do mundo.

Eu tenho convicção absoluta sobre a importância da leitura de materiais mais densos como livros clássicos e obras que abordem com maior profundidade o conhecimento humano acumulado em milhares de anos. A leitura de obras densas gera a capacidade nos leitores de criarem referências para as coisas do cotidiano da vida - para as decisões a se tomar, porque você pode buscar no conhecimento adquirido com as obras clássicas uma referência sobre o que fazer e as consequências que sua decisão podem gerar.

Quando vejo do que se alimentam meus pares humanos na atualidade, através das redes sociais e ferramentas comunicacionais, produtos de poucas linhas, com imagem e som, as pautas e materiais disponibilizados, os novos "livros" editados, os vídeos, os temas, enfim as coisas que formam ou organizam o pensamento dos humanos situados no mundo em que estamos, fico pensando no que fazer, no meu papel, em como lidar com as pessoas ao meu redor. 

Fico pensando em como trabalhar e representar as pessoas deste mundo novo das coisas curtas, com valores outros em relação ao que eu defendo e luto por implantar no mundo para uma vida melhor das pessoas e do próprio planeta que habitamos.

Eu sinceramente tenho dúvidas do efeito prático da minha forma de agir. Mas eu acredito que tenho que manter minha postura, minha forma de agir, mesmo sendo infinitamente minoria no que penso e defendo. No fundo, desde muito jovem, sempre senti a necessidade de não ser parte das hegemonias ao meu redor.

Acho que isso tem um pouco a ver com ser um militante de esquerda, militar por justiça social, lutar contra injustiças sociais, não ter os valores de sua vida baseados no ter... mas sim em ser algo que valha a pena.

Vou acordar nesta segunda-feira e trabalhar com firmeza pela tarefa que me designaram ao me elegerem para gerir uma entidade de saúde de trabalhadores, em nome deles. 

Vou manter minha postura de não concordar com injustiças e coisas erradas. E vou manter minha franqueza em dizer o que penso e o que defendo, para as batalhas que eu for escolher para enfrentar, porque aprendi com a vida que não posso enfrentar todas as coisas erradas do mundo, mas que devo escolher as batalhas para as quais vou me dedicar.

William Mendes
Uma simples vida humana
(mas importante como todas as vidas humanas)

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