Capa da coleção da Folha. |
Olá raro(a) e respeitado(a) leitor(a),
Só
agora assisti ao primeiro filme falado de Charles Chaplin. O filme estreou em
1940, eu nasci em 1969 e nos encontramos em 2012. Sem problemas!
O
mundo é grande. A produção das maravilhas humanas é imensa e alguns de nós, as
pessoas interessadas em conhecimento, passamos a existência correndo atrás do
prejuízo para preencher as lacunas culturais e sermos um pouco menos ignorantes a
cada dia.
O
filme é estupendo!
Além
de Chaplin ser visionário e já apontar em 1940 o que os nazistas e fascistas viriam
a fazer a partir de 1942 com os campos de concentração e extermínio em massa de
todo aquele que não fosse da própria raça, a mensagem final, falando de amor e
solidariedade, falando sobre a necessidade do humanismo se sobrepor às máquinas,
é extremamente atual.
Eu
falei sobre essa questão da solidariedade e a busca de um pouco mais de
respeito e amor pelo ser humano na última sexta-feira, durante o fechamento do
2º módulo de um curso de formação que estamos realizando para 36 dirigentes e
assessores do movimento sindical bancário.
Para
não chover no molhado, haja vista que a sinopse do filme é bastante conhecida,
deixarei abaixo o discurso final do filme, que encontrei na Wikipedia.
Chaplin relutou muito em
falar em seus filmes, mas quando o fez, caprichou!
O ditador sonhando com o domínio do mundo. Cena clássica. Fonte: Wikipedia. |
O Grande Ditador (sinopse coleção Folha)
Na imaginária Tomânia, tropas perseguem a população judaica enquanto o ditador Hynkel planeja dominar o mundo. Em meio às vítimas, encontra-se um sósia de Hynkel, um barbeiro que escapa de um campo de concentração e vai parar no lugar do ditador. Lançado em 1940, quando a Alemanha se impunha na Europa, "O Grande Ditador" foi um dos primeiros filmes a retratar a barbárie nazista. Com humor e sem perder a seriedade, Chaplin satiriza os maus modos de Hitler e ridiculariza todos os autoritarismos.
O discurso. Cena do filme. Fonte: Wikipedia. |
(fonte: Wikipedia)
O
discurso
Ao final do filme, o personagem de Chaplin dá um belo
discurso falando de direitos
humanos no contexto da Segunda Guerra Mundial. Segue:
"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador.
Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que
seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres
humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o
seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste
mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as
nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza,
porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no
mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a
miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos
enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em
penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência,
empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de
máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de
afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será
perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A
própria natureza dessas coisas é um apelo eloquente à bondade do homem... um
apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a
minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de
desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura
seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: Não
desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da
cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso
humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que
do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a
liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos
desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam
os vossos atos, as vossas ideas e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar
no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como
gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é
que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os
que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela
liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de
Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos
homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar
máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar
esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em
nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um
mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê
futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm
subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o
cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para
libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e
à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o
progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia,
unamo-nos! (segue o estrondoso aplauso da multidão).
Então, dirige-se a Hannah:
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta
os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos
saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em
que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os
olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o
arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os
olhos!."
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