Texto de opinião:
"Mas, à medida que crescia a maré do fascismo com a Grande Depressão, tornava-se cada vez mais claro que na Era da Catástrofe não apenas a paz, a estabilidade social e a economia, como também as instituições políticas e os valores intelectuais da sociedade liberal burguesa do século XIX entraram em decadência ou colapso..."
(Era dos Extremos, Eric Hobsbawm)
O historiador Hobsbawm sempre nos alertou sobre a necessidade que os políticos e economistas teriam de ouvir os historiadores para se evitar as tragédias do passado. Mas não tem jeito. Quase ninguém liga para história.
Eu reli o capítulo "Rumo ao abismo econômico" em 2016, na época da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e do golpe de Estado no Brasil. Depois eu reli o capítulo em 2017, vendo a destruição dos direitos sociais e econômicos dos trabalhadores brasileiros. Hoje reli o capítulo, após a tragédia na forma de farsa das eleições brasileiras.
"(...) embora se deva dizer logo que a quase simultânea vitória de regimes nacionalistas, belicosos e agressivos em duas grandes potências militares - Japão (1931) e Alemanha (1933) - constituiu a consequência política mais sinistra e de mais longo alcance da Grande Depressão. Os portões para a Segunda Guerra Mundial foram abertos em 1931."
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A comparação hoje valeria mais ou menos para Trump - tudo pra nós e dane-se o resto -, mas não para Bolsonaro, que é só belicoso e agressivo, mas entreguista da soberania nacional e que bate continência à bandeira americana, além de o Brasil não ter capacidade de enfrentamento militar com país algum no mundo.
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O capítulo é muito, muito bom. Ele fala de economia, e fala das consequências das decisões políticas e econômicas em relação ao comércio mundial. Fala do entre guerras e a depressão econômica (Crash de 1929). Fala da ascensão do fascismo. A concentração de renda nos anos 20 e 30 às custas de ataques aos sindicatos e direitos dos trabalhadores que impactou muito na depressão econômica e na quebra da bolsa de Nova Iorque, dentre outros panoramas gerais da época.
Amig@s leitores, são cerca de vinte páginas. À medida que vamos lendo, vamos vendo os dias de hoje - Crise do subprime, Trump e a destruição do comércio mundial com mega protecionismo americano; o lawfare chamado de impeachment da presidenta brasileira e a questão da encomenda de destruição da Petrobras e entrega do Pré-sal; as consequências dramáticas aos direitos dos trabalhadores e patrimônio público com a ascensão de Temer e Bolsonaro; o gigante mundial China e a sempre sempre Rússia; o Brexit na Inglaterra e a ameaça de ruptura da comunidade europeia; as "primaveras árabes" para derrubar governos e colocar empresas de petróleo no poder etc.
As questões econômicas dos anos 20 e 30 da Era das Catástrofes são idênticas às das duas primeiras décadas do século XXI. Mama mia! Isso vai dar merda! Sempre deu. A falácia do "livre mercado" que se ajusta sozinho destruiu tanto a economia americana, potência única após a 1ª Guerra Mundial, quanto a economia dos demais países exportadores de commodities do comércio mundial daquela época.
Foi difícil colocar na cabeça dos economistas e políticos da época as ideias relevantes do Keynesianismo (Teoria geral do emprego, juro e dinheiro), que teria influência por décadas após o Crash de 1929, ideias que contribuíram para os anos dourados da economia mundial até início dos anos setenta.
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É necessário que as pessoas compreendam o que significam as ideias ultraliberais absurdas do suposto futuro super ministro de Bolsonaro -, o que significa o fim dos direitos trabalhistas e da previdência pública, olhando o que aconteceu lá no passado e que levou ao fascismo, ao nazismo e à 2ª Guerra Mundial.
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Eu sugiro que as lideranças populares e cientes da gravidade do momento reúnam as pessoas em sindicatos e movimentos sociais, nos partidos do campo popular e democrático, nas comunidades acadêmicas e leiam juntos este capítulo de Hobsbawm para debate estratégico após tomada de consciência do que está colocado diante de nós e que caminha para uma nova catástrofe social e humana.
Abraços a tod@s, e me coloco à disposição para lermos juntos esse texto. Nos cursos de formação que fizemos por mais de cinco anos na Contraf-CUT, em parceria com a equipe do Dieese, nós fazíamos leitura de textos como esse em voz alta e juntos. É muito bom!
Amig@s progressistas e democratas, nós precisamos salvar o mundo da demência coletiva que tomou conta de nossa época.
William
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