domingo, 5 de outubro de 2008

Artigo - A importância do voto naqueles que representam os trabalhadores




Os interesses de classe em jogo nas eleições

Por William Mendes*


No próximo domingo, dia 5 de outubro (2008), o povo brasileiro vai às urnas para eleger seus representantes nas câmaras de vereadores e os prefeitos dos municípios. É um momento ímpar, único, para o chamado "povo". Não falo aqui no sentido lato sensu e sim no stricto sensu.

No sentido lato sensu o povo equivale aos 185 milhões de brasileiros. No stricto sensu retiro certos grupos constituintes da sociedade como banqueiros, rentistas, grandes empresários e os grandes "coronéis" que dominam este país há mais de cinco séculos.

É o dia em que o voto dos bancários, dos desempregados, dos professores, dos auxiliares de limpeza vale o mesmo que o dos presidentes do Bradesco, Itaú e demais bancos da Fenaban. Dia em que o voto dos trabalhadores vale o mesmo que o do dono da Rede Globo, da Editora Abril, da Folha e do Estadão. (todos esses donos detestam essa igualdade)

Esse poder do voto é referente ao conceito que a filósofa Marilena Chauí muito bem explica no livro Leituras da Crise, onde cita Aristóteles:

"Aristóteles também distinguiu entre virtudes privadas e virtudes públicas, isto é, pensou numa ética pública, na qual a virtude central é a justiça. Distinguiu entre justiça do partilhável ou distributiva - que se refere à distribuição dos bens e ao problema da desigualdade - e justiça do participável ou participativa - que se refere ao exercício do poder e à igualdade (...) a justiça participativa, se refere ao que só pode ser participado, ou seja, ao poder político, que pertence a todos os cidadãos igualmente".

O povo percorreu um longo tempo para poder exercer esse direito de igualdade.

No início só votavam os abastados (e só os homens). Com a luta pela verdadeira democracia, fomos incluindo os grandes segmentos de excluídos da sociedade até chegarmos ao voto universal.

Após a direita capitalista nas Américas (Central e do Sul) ter sofrido tantas derrotas na última década, sua grande mídia tem começado a dar vazão novamente às teses de que o povo não sabe votar e que isso tem sido responsável por candidatos de esquerda ou centro-esquerda estarem vencendo as eleições aqui nos trópicos. A elite e a grande mídia têm insinuado que "é um absurdo gente pobre e analfabeta decidir os rumos do país".

O embate eleitoral de classes - todos têm lado

O melhor momento para se desmascarar a falácia do conceito de "imparcial", "isento" e "neutro" é em períodos eleitorais. Fica-se evidente que todos têm lado.

E é natural que todos o tenham.

Afinal de contas o desempregado, o bancário, o sem-terra não deve ter o mesmo interesse que o dono de banco, que o dono de multinacional, que o dono de jornal e TV.

Sendo assim, o voto deve significar representação de classe. Tanto nas legendas partidárias como nos candidatos dentro das legendas.

É aqui que o povo a que me refiro ganha força. No dia da eleição, podemos eleger para as câmaras e para as prefeituras, partidos e pessoas que pensam em fazer um governo para o povo.

A grande mídia e a elite têm trabalhado incansavelmente para desqualificar a política e os parlamentos (Congresso Nacional, assembleias legislativas e câmaras de vereadores). O interesse por trás disso é vender a ideia de que política é coisa de profissional, de gente técnica, de gente "competente".

Não podemos cair nessa lógica elitista e conservadora.

O povo tem que eleger para os parlamentos os seus representantes. Há que se atentar para os partidos destes candidatos porque há partidos como, por exemplo, DEM, PSDB, PPS e PP que defendem políticas que privilegiam os mais ricos e o Estado mínimo, Estado focado só na segurança para as propriedades deles e há partidos como PT, PCdoB e PSB, dentre outros de esquerda que defendem a coisa pública e a melhor distribuição de renda e os direitos de todos.

É evidente que não preciso citar aqui as dezenas de partidos existentes hoje (a maioria é legenda de aluguel). Há partidos como o PMDB que é um balaio de gato e que acaba tendo por linha estar sempre ao lado de quem está no poder.

Vejam o Brasil que temos hoje, administrado por um governo democrático-popular: a administração do PT mudou a história deste país. Todas as classes sociais têm essa leitura, pois os índices de aprovação do governo Lula chegam a 80%.

O papel da classe trabalhadora (o povo) nestas eleições

Temos um compromisso neste domingo, 5 de outubro. Eleger partidos e candidatos com políticas de inclusão social, defesa da coisa pública e ampliação do foco na saúde e segurança pública.

Os números nacionais dos últimos 6 anos do país estão aí. Redução da pobreza, inflação baixa, milhões de empregos gerados, praticamente 100% dos trabalhadores brasileiros conseguindo aumento real em seus acordos coletivos e, muito importante, tratamento de forma muito mais justa para os servidores do Estado em todos os níveis com o fim do congelamento salarial e contratação por concurso público para melhorar as condições de trabalho e atendimento à Nação. Reestruturação do Estado Brasileiro que permitiu maior combate à corrupção, maiores programas sociais da história do Brasil como o Bolsa Família e ProUni - que está permitindo a centenas de milhares de jovens das classes C, D e E (povo) fazerem suas faculdades etc.

O ideal para os trabalhadores seria atingir maioria de candidatos ligados ao povo, ou seja, termos nas câmaras municipais 50% mais 1 para aprovação de leis a favor das mudanças sociais necessárias, sem grandes dependências de acordos com a direita e representação dos empresários e demais da elite.

Neste domingo, não deixemos que a minoria elitista e reacionária nos engane. Vamos fazer o bom embate de classes e eleger os nossos candidatos de esquerda, ou seja, os candidatos do povo.


* William Mendes é secretário de Imprensa da Contraf-CUT e funcionário do Banco do Brasil

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