terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O 13 de dezembro (1968 e 2016)


Apresentação do Blog:


Segue abaixo um bom artigo do professor Flávio Aguiar, da USP. Ele escreve direto da Alemanha, onde reside atualmente.

Eu estou me matando de trabalhar pela causa da Cassi, para não me deixar morrer de tristeza ao ver toda a destruição por que passa nosso País e os direitos do povo brasileiro, com o estado de degeneração avançada que tomou conta da sociedade após o golpe de Estado e após a consubstanciação do ódio contra o PT e a esquerda em geral a partir de estratégias nazistas de comunicação lideradas pelo P.I.G (Partido da Imprensa Golpista - Globo, Folha, Estadão, Editora Abril e asseclas).

Como a ideologia é central na história da humanidade! Como é verdadeira a frase que afirma que "a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante". Os meios de manipulação de massa dos donos dos poderes conseguiram derrubar uma presidenta sem crime, colocando o povo na rua, e agora os chefes dos golpistas estão discutindo em seus jantares de milhares de reais o que fazer com a hacienda Brazil nos próximos meses e anos. 

Antes de derrubarem a presidenta eleita com 54,5 milhões de votos, o capital privado e os meios de manipulação de massa foram responsáveis por termos no Congresso Nacional o ajuntamento de parlamentares mais corrupto, fascista, de direita e picareta da história da República do Brasil.

Neste 13 de dezembro está marcada a votação final da PEC DA MORTE, da DESTRUIÇÃO DO SUS, da EDUCAÇÃO PÚBLICA e dos DIREITOS SOCIAIS dos brasileiros, do povo. Está na fila a REFORMA DA PREVIDÊNCIA que destinará os recursos públicos de aposentadoria para uma pequena elite, segmentos privilegiados do status quo dominante.

Na minha visão, não adianta lutar por "DIRETAS, JÁ!" a não ser que seja para eleger todos os deputados e senadores e a Presidência da República, sem dinheiro privado de financiamento. Só dinheiro público para o processo eleitoral. Não quero que nosso País se torne aquele lixo de referência do que não presta (os Estados Unidos).

Se não for "DIRETAS, JÁ!" para todo o Congresso Nacional, o correto é devolver à Presidência da República a Presidenta Dilma Rousseff, ELEITA por 54,5 milhões de votos em 2014.

É necessário que o povo tome para si as instituições do Estado de volta, os 3 poderes.

Mas onde estão os MILHÕES de trabalhadores e o povo que a partir de hoje não terão mais a assistência do Estado para o seu papel constitucional na Saúde, na Educação, na Previdência, na Assistência Social? Vamos morrer de velhos sendo explorados como foi com nossos pares nos séculos 19 e 20 nos países do "primeiro mundo" onde depois das duas guerras mundiais viriam os direitos sociais e o Estado de Bem-Estar Social.

CADÊ O POVO PARA TIRAR ESSA CORJA DE BANDIDOS E CANALHAS INFILTRADOS NOS 3 PODERES DO BRASIL? QUANDO VAMOS TOMAR OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO PÚBLICOS PARA O POVO, TIRANDO ELES DAS MÃOS DOS TIRANOS MANIPULADORES, COM CONCESSÕES REGADAS A ACORDOS ESPÚRIOS DE MANUTENÇÃO DO STATUS QUO (DE GOVERNANTES DITADORES OU DA ELITE EXPLORADORA)?

Sofro... e trabalho focado em minha missão atual...

William


Reprodução de matéria de Flávio Aguiar da Carta Maior.

Os bruxos de 1968 e os aprendizes de feiticeiros de 2016


Flávio Aguiar, Carta Maior - 12/12/16


Assim como o golpe de 64, com seus coveiros de então, além dos outros até 1985, os atuais golpistas e seus golpes irão terminar no lixo da história


O governo de Michel Temer, nascido com o golpe de estado que destituiu a presidenta legítima e legal Dilma Rousseff, tem algo em comum com o governo Costa e Silva, que proclamou o Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro de 1968.

A foto daquele fatídico momento, em que se soterrou o Brasil debaixo de seus seis “Considerandos” e doze artigos mostra um bando de homens de ternos de cor preta, no máximo cinzenta, e fardas militares. Só homens. E de luto, o país inteiro.

Já a famigerada foto da posse do governo Temer igualmente soterra o Brasil na ilegalidade, e se mostra igualmente povoada por homens, só homens, de ternos de cor preta. E de luto também, o país inteiro.

Em ambos os casos, as mesmas gravatas rutilantes.


Há 48 anos o Ato 5 suspendia as garantias constitucionais, colocava o governo acima de Constituição vigente que, datando de 1967, fora outorgada pelo governo oriundo do golpe militar e votada por um Congresso Nacional cuja autonomia fora extirpada pela cassação dos deputados e senadores mais contundentes em oposição ao regime. Muitos analistas veem o Ato 5 como um ”golpe dentro do golpe”. Outros mais à direita o veem como uma “traição” aos ideais da “Revolução de 31 de março 1964”. E ainda há aqueles que, como eu, o veem como um desdobramento algo natural do golpe de 1º de abril de 64, considerando que sempre se sabe onde um golpe de estado começa, mas nunca se sabe onde ele vai parar - a não ser mais tarde, na lata de lixo da História, como aconteceu com o regime de 64. Este soterrou a democracia por 21 anos.

O golpe de estado deste ano de 2016 chega agora a um de seus ápices, que é também um desdobramento de si mesmo. Este é a votação, prevista para a mesma data fatídica e que não deixa de ser “comemorativa” de 13 de dezembro, da PEC 55, que soterra a já soterrada democracia, e rompe o pacto constitucional de 1988, o responsável pela redemocratização do país depois daqueles 21 anos de ditadura e mais três de discussão e votação da nova Carta Magna.

Naquele dezembro de 1968 os coveiros da nação eram duas dezenas de homens imbuídos de seu senso de dever para com o “combate à subversão e às ideologias contrárias às tradições de nosso povo”. Agora neste dezembro de 2016 teremos, como coveiros da nação, depois do doloroso, espalhafatoso e ridículo processo começado por um deputado hoje acuado e acusado de tudo quanto é tipo de corrupção, a partir do pedido formulado por uma trinca de pseudo-juristas que não encontraram crime mas cheios de convicção, algumas centenas de protagonistas e figurantes. 

Além de deputados, senadores, levados ao ridículo na cena internacional, perfilam-se neste autêntico vaudeville orgiástico e espasmódico de desmandos jurídicos de toda espécie, centenas de parlamentares, dezenas e dezenas, talvez centenas de juízes, promotores, policiais federais, além de milhares de alucinados desfilando camisetas de uma entidade com dirigentes acusados internacionalmente de corrupção como se fosse a paladina da luta anti-corrupção. 

Bom, os coveiros de 68 e de 64 também invocavam a luta contra a corrupção entre os seus motivos, enquanto corrompiam a saúde democrática da nação. Agora, desta vez, temos, entre os paladinos que depuseram uma presidenta honesta, além do corifeu do processo do impeachment, centenas de parlamentares - mais os membros do atual governo, inclusive o atual presidente - acusados igualmente de toda a sorte de corrupção.

Diz o principal teórico da jurisprudência nazista na Alemanha, Carl Schmitt, que o mundo jurídico deriva da teologia. E que, portanto, o líder da instauração de um “Estado de Exceção” (“Ausnahmezustand”, palavra de triste memória, em alemão) deve comportar-se como Deus, que criou o mundo e ao mesmo tempo as leis que o regem.

Aqueles coveiros de 64 e de 68, passando pela outorga da Constituição de 1967, que incorporava a seu texto os Atos Institucionais anteriores visando dar um verniz legal à ruptura da ordem legal e à repressão subsequente, assim se comportaram: como deuses que criavam um “novo” mundo e suas leis - muitas delas não expressas à luz do dia, uma vez que vividas nas sinistras masmorras da tortura, assassinatos e “desaparecimentos”, além da repressão aberta e da tortura. Eram os bruxos daquela noite de trevas que se abatera e voltava a se abater sobre o país, congelando-o ao longo de 21 anos.

Agora vemos um amontoado - dezenas, centenas, talvez milhares - de “pequenos deuses”, aprendizes de feitiçaria barata, todos querendo legislar furiosamente, criando pequenos mundos e pequenas leis em causa própria (um deles defendendo bravamente a ilegalidade que queria legalizar de um apartamento que comprou…). Mas que se aprestam igualmente a congelar o país durante vinte anos, pelo menos, negando-lhe os direitos constitucionais à saúde, educação e bem-estar, além da tranquilidade do ponto de vista legal.

É verdade que são golpes diferentes no estilo: no tradicional, militar, os tanques vão à frente, liderando a tropa de ocupação das ratazanas que vem atrás, mas de certo modo, disciplinando-a e impondo um certo decoro destinado a manter as aparências. No golpe parlamentar não há aquela vanguarda explícita: a rataria sobe ao convés e logo se instala uma disputa feroz pelos despojos da arca em disputa, com todos se mordendo e se agadanhando na disputa do botim.

De tudo isto, uma coisa é certa: logo virá, já estando em gestação, uma série de “golpes dentro do golpe”, desdobramento inevitável do passo inicial de ruptura da ordem democrática.

Outra coisa também é certa: assim como o golpe de 64, com seus coveiros de então, de 67 e de 68, além dos outros até 1985, os atuais golpistas e seus golpes irão terminar no lixo da história.


Fonte: Carta Maior

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