quinta-feira, 15 de junho de 2017

Diário e reflexões - 150617 (Leituras no entre guerras)



(atualizado à 1h27, de 16/6/17)


Um representante de trabalhadores.

Refeição Cultural

Dia de feriado nacional, Corpus Christi. No meu caso, foi um dia para um respiro.

Para abstrair do meu trabalho-militância na representação dos trabalhadores em uma autogestão em saúde (Cassi), busco fazer o que mais amo na vida: ler e buscar novos conhecimentos.

Estou quase terminando a leitura do grosso volume de Hemingway, Por quem os sinos dobram (1940). Faltam umas setenta páginas. Não quis terminar a leitura nas duas ou três oportunidades que tive nos últimos dias.

Hoje, por exemplo, encarei estudos sobre a Guerra Civil Espanhola em excelente livro de Paul Preston, livro que comprei em Madri, em 2009. Avancei alguns capítulos do livro.

I - Una sociedad dividida: España antes de 1930
II - El desafío de la izquierda, 1931-1933
III - Enfrentamiento y conspiración: 1934-1936

Eu fico analisando o cenário brasileiro, desde a eleição presidencial de 2010, quando o PT ganhou sua terceira eleição seguida, com o Presidente Lula fazendo sua sucessora e o grau de acirramento das elites tupiniquins de lá adiante. Acho o cenário muito semelhante com a Espanha dos anos 20 e 30.



Cenário de ódio e intolerância
pré Guerra é parecido ao brasileiro.

Na minha leitura política, o fim do pacto social entre o PT e a burguesia vira-latas brasileira, iniciado com a carta ao povo brasileiro (2002), terminou quando a Presidenta Dilma Rousseff decidiu mexer em um (unzinho) dos gargalos estruturais e econômicos do País - a maior taxa de juros e spread do mundo (a bolsa-rentistas). Dilma fez isso porque o mundo, liderado pela China, tinha diminuído o consumo de commodities e o Brasil teve que pensar em outras formas de manter a economia interna viva.

Enfim, não é sobre isso que estou escrevendo.

Estava falando da comparação de cenários entre a Espanha pré Guerra Civil e o Brasil pré Golpe de Estado em 2016 e as incertezas do amanhã por aqui. A diferença daquela Espanha é que a esquerda e a direita revezaram o poder democrático em 1931/33/36, ganhando cada segmento uma eleição nacional, e isso acirrou deveras o cenário de ódio e vingança para o estopim da guerra.

No Brasil, o PT ganhou as eleições em 2002, depois em 2006, ambas com Lula, e foi implantando mudanças sociais de forma lenta, mas sem rupturas, e com resultados expressivos no campo das conquistas sociais para o povo situado na base da pirâmide social. Ganhou depois a eleição presidencial em 2010, com Dilma (a terceira eleição) e o cenário econômico mundial havia piorado muito, exigindo mais dos governos do PT. Ao ganhar pela 4ª vez seguida, em 2014, foi avisado pela Casa Grande e seus representantes que o governo e suas políticas sociais não continuariam. Dito e feito.

Mais um detalhe: tinha um tal de Pré-sal que prometia, assim como ocorreu na Noruega, uma determinada soberania nacional no setor e um salto nas décadas seguintes nas áreas da Educação e Saúde... As sete irmãs e o Tio Sam não quiseram mais brincar de amiguinhos neutros com o Brasil.

Na Espanha, o cenário de ódio e revanche entre os segmentos sociais antagônicos - republicanos, socialistas, anarquistas e povo trabalhador de um lado, e monarquistas, igreja católica e latifundiários de outro - ocorreu após a vitória da esquerda nas eleições de 1931 e 1936. Com os militares se posicionando do lado das elites seculares, a guerra se instalou.

Enfim, para onde vamos no Brasil? Eu escrevi tanto em minhas horas de folga em 2016 e fiquei meio esgotado de fazer análises e reflexões sobre nossa vida e momento político. Mas sofro com tudo o que vem ocorrendo em nosso querido Brasil e ao povo brasileiro que amo e represento como eleito em um espaço de representação de trabalhadores.


ENQUANTO O BRASIL SEGUE EM CRISE E SENDO DESTRUÍDO PELOS GOLPISTAS, SEGUIMOS LENDO


Presente do dia dos namorados. Demais!!!

Para terminar minha reflexão, compartilho que ganhei um presente maravilhoso de minha companheira: livros, livros, livros. Ganhei 9 livros do fantástico escritor José Saramago. Obrigado Noni pelo presente! 

O duro é encontrar em minha vida o tempo necessário para ler tudo o que desejo. Já entrei na segunda metade de minha existência, que pode durar um minuto como alguns invernos. É por isso que às vezes leio até em pé para não cochilar pelo cansaço acumulado... (não tenho tempo a perder)

É isso! Dei uma pedalada deliciosa hoje no Eixão aqui em Brasília. Que tarde gostosa!

William

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