Machado de Assis, em 1904. Foto: Wikipedia. |
(Atualizado em 26/7/19)
(as interpretações da aula são de responsabilidade do autor do blog)
Machado foi um escritor extremamente culto e conhecedor, mesmo sem ter saído do Rio de Janeiro em toda a sua vida.
Apesar de grato a José de Alencar, ele abominava o Romantismo. Achava que isso era uma bobagem. O Romantismo sempre foi associado ao Nacionalismo e ao Patriotismo e era uma coisa de Estado. Ser brasileiro era ser branco, proprietário, católico e da elite. Machado vai se contrapor a tudo isso.
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Contexto: o Brasil quer ser uma nação capitalista, porém, sem consumidor proletário, pois era um país escravagista.
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Vemos aqui o núcleo da sociedade: família - patriarcalismo. O pai decide tudo quanto à mulher e filhos, escravos e bens, inclusive quanto aos casamentos, para se arranjarem melhor as propriedades.
Machado foca o comportamento das mulheres em várias obras, pois elas são controladas, ou seja, elas buscam burlar o controle, como a lei que cria o contraventor.
O homem, o proprietário, é violento até sem querer – é o seu papel em uma sociedade tal, ele precisa impor a ordem.
Branco proprietário: tem a posse de tudo.
Negro escravo: não tem nem a posse do corpo. É reduzido a uma coisa, não tem representatividade, não se fala a respeito.
Além dos negros escravizados, havia brancos e mestiços pobres. Viviam de expediente. Faziam favores e recebiam “benevolências” dos clãs, dos proprietários. Seriam depois denominados de jagunços, agregados, capangas etc.
Ecletismo do século XIX
Liberalismo - Igreja Católica Conservadora (quase sempre mancomunada com o status quo)
Evolucionismo – marxismo – teoria das raças (esta é fascista, nas palavras do professor Hansen)
Os “intelectuais” brasileiros adotam a linha inglesa, alemã e francesa de que há homens superiores (eles) e o "elo perdido" (os negros).
A linha Celta – portugueses e espanhóis – também é considerada inferior pelos europeus. Imaginem o que se daria (na visão deles) a América com negros, índios e ibéricos? “Uma raça degenerada”.
Determinismo e Naturalismo
O romance demonstraria o comportamento natural do animal homem:
Século XIX = burguesia cria normas = normal é quem segue as normas = casos e comportamentos habituais = a literatura usada como aparelho de controle ideológico.
A escola – igreja – hospital – hospício – governo – etc controlam a normalidade. São mecanismos de dominação, ou seja, ideológicos. (ideologia = universalizar o particular)
Tese de Araripe Júnior: Obnubilação = obstáculo + nublar
Justificar que o clima e o meio influenciam o homem. No trópico perdemos todo pudor, rigor. Aqui tudo vira moleza, barbárie, coisa de instinto animal.
Neste contexto, surge Machado de Assis
Machado de Assis é um autor moderno. Não subordina a arte a nada, a não ser à própria arte. Critica o sistema e outras coisas: ironiza o clero; põe dúvidas sobre Deus; critica a ciência; inverte ponto de vista entre homem-mulher; etc.
O autor destaca a importância da perspectiva, do ponto de vista de diferentes personagens e representações sociais.
Marcas em Machado:
-Autor da descrença radical.
-Tudo é artifício.
-Nada é natural.
-Tudo tem uma leitura alta e baixa.
-Indeterminação.
-Sabotar a si mesmo.
Fim da aula
Machado foi um escritor extremamente culto e conhecedor, mesmo sem ter saído do Rio de Janeiro em toda a sua vida.
Apesar de grato a José de Alencar, ele abominava o Romantismo. Achava que isso era uma bobagem. O Romantismo sempre foi associado ao Nacionalismo e ao Patriotismo e era uma coisa de Estado. Ser brasileiro era ser branco, proprietário, católico e da elite. Machado vai se contrapor a tudo isso.
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Contexto: o Brasil quer ser uma nação capitalista, porém, sem consumidor proletário, pois era um país escravagista.
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Vemos aqui o núcleo da sociedade: família - patriarcalismo. O pai decide tudo quanto à mulher e filhos, escravos e bens, inclusive quanto aos casamentos, para se arranjarem melhor as propriedades.
Machado foca o comportamento das mulheres em várias obras, pois elas são controladas, ou seja, elas buscam burlar o controle, como a lei que cria o contraventor.
O homem, o proprietário, é violento até sem querer – é o seu papel em uma sociedade tal, ele precisa impor a ordem.
Branco proprietário: tem a posse de tudo.
Negro escravo: não tem nem a posse do corpo. É reduzido a uma coisa, não tem representatividade, não se fala a respeito.
Além dos negros escravizados, havia brancos e mestiços pobres. Viviam de expediente. Faziam favores e recebiam “benevolências” dos clãs, dos proprietários. Seriam depois denominados de jagunços, agregados, capangas etc.
Ecletismo do século XIX
Liberalismo - Igreja Católica Conservadora (quase sempre mancomunada com o status quo)
Evolucionismo – marxismo – teoria das raças (esta é fascista, nas palavras do professor Hansen)
Os “intelectuais” brasileiros adotam a linha inglesa, alemã e francesa de que há homens superiores (eles) e o "elo perdido" (os negros).
A linha Celta – portugueses e espanhóis – também é considerada inferior pelos europeus. Imaginem o que se daria (na visão deles) a América com negros, índios e ibéricos? “Uma raça degenerada”.
Determinismo e Naturalismo
O romance demonstraria o comportamento natural do animal homem:
Século XIX = burguesia cria normas = normal é quem segue as normas = casos e comportamentos habituais = a literatura usada como aparelho de controle ideológico.
A escola – igreja – hospital – hospício – governo – etc controlam a normalidade. São mecanismos de dominação, ou seja, ideológicos. (ideologia = universalizar o particular)
Tese de Araripe Júnior: Obnubilação = obstáculo + nublar
Justificar que o clima e o meio influenciam o homem. No trópico perdemos todo pudor, rigor. Aqui tudo vira moleza, barbárie, coisa de instinto animal.
Neste contexto, surge Machado de Assis
Machado de Assis é um autor moderno. Não subordina a arte a nada, a não ser à própria arte. Critica o sistema e outras coisas: ironiza o clero; põe dúvidas sobre Deus; critica a ciência; inverte ponto de vista entre homem-mulher; etc.
O autor destaca a importância da perspectiva, do ponto de vista de diferentes personagens e representações sociais.
Marcas em Machado:
-Autor da descrença radical.
-Tudo é artifício.
-Nada é natural.
-Tudo tem uma leitura alta e baixa.
-Indeterminação.
-Sabotar a si mesmo.
Fim da aula
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