Walter Benjamin, em 1928. Foto: Wikipedia. |
"Todos os que até hoje venceram participam do cortejo triunfal em que os dominadores de hoje espezinham os corpos dos que estão prostrados no chão. Os despojos são carregados no cortejo, como de praxe. Esses despojos são o que chamamos bens culturais.
O materialista histórico os contempla com distanciamento. Pois todos os bens culturais que ele vê têm uma origem sobre a qual ele não pode refletir sem horror. Eles devem a sua existência não só aos esforços dos grandes gênios que os produziram, mas também à anônima servidão dos seus contemporâneos.
Não há documento da cultura que não seja ao mesmo tempo um documento da barbárie. E, assim como a cultura não é isenta de barbárie, não o é, tampouco, o processo de transmissão da cultura. Por isso, na medida do possível, o materialista histórico se desvia dela. Considera sua tarefa escovar a história a contrapelo".
(os sublinhados são destaques meus - William)
(Foram aproveitadas as traduções de Sérgio Paulo Rouanet e de Flávio R. Kothe.)
BENJAMIN, Walter. "Sobre o conceito de história". In: Obras Escolhidas I. Trad. Sérgio P. Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985.
BENJAMIN, Walter. "Teses sobre a filosofia da história". In: Walter Benjamin: Sociologia. Org. Flávio R. Kothe. São Paulo, 1991.
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