segunda-feira, 29 de abril de 2013

Artigo - Pessoas que são exemplos de reserva moral


Mãezinha - um exemplo de amor e
reserva moral pra mim.


Refeição Cultural

O que poderia dizer sobre as últimas refeições culturais que tive nestas longas semanas ininterruptas de trabalho sindical?

Acho que vale a pena refletir sobre a fala de um companheiro que foi homenageado no XVIII Enafor - Encontro Nacional de Formação da CUT, que participei dias atrás, em Campinas, interior de São Paulo.

O companheiro Arquimedes se aposentou e por muitos anos assessorou a formação da Central Única dos Trabalhadores.

Ele falou de momentos que marcaram ele como pessoa e como militante e uma coisa ficou na minha mente.

PESSOAS QUE SÃO EXEMPLOS DE RESERVA MORAL

Paizinho: outro exemplo de reserva moral
de um batalhador incansável.

Ao falar de momentos marcantes em sua vida e jornada de luta, o companheiro Arquimedes citou passagens que ele chamou de momentos e encontros com pessoas que eram exemplos de reserva moral. Eu achei a frase muito bonita e muito importante para um militante de esquerda.

Citou uma vez em que ele estava preparando um local para um debate com muitas pessoas e enquanto ele estava carregando cadeiras acabou dando de cara com Henfil fazendo o mesmo. Henfil já estava mal de saúde, era uma pessoa importante e famosa e simplesmente estava ali como qualquer militante preparando o local para o debate que ocorreria.

Fiquei com a ideia de "reserva moral" na cabeça desde aquele dia...

Eu estou no movimento sindical há onze anos. Não estou cansado de lutar. Sou um trabalhador. Estou na luta de classes e vou lutar a vida inteira. Foi assim desde que me entendo por gente.

Ando cansado da falta de ética e princípios que tenho encontrado do meu lado da classe. O capitalismo e o individualismo estão corrompendo corações e mentes. Somos todos falíveis, é verdade. Mas é preciso ter ao menos vontade para se vigiar, se fiscalizar e o tempo inteiro verificar a si próprio se está atento ao caminho.

Só de pensar no exemplo do Henfil citado pelo companheiro Arquimedes, fico cabisbaixo. Estamos numa época de castas no movimento sindical. De uns serem mais iguais que os outros. Fico imaginando se alguns dirigentes que eu conheço iriam arrumar cadeiras num plenário para um evento com os trabalhadores.

Outro dia, companheiros meus presenciaram militantes sendo destratados por estarem em "área indevida" pra eles (área vip para ver o Lula). Os militantes foram convidados a se retirarem e irem para a entrada onde os comuns iriam entrar.


Sérgio Rosa,
Deli e Deise Lessa.
Além das minhas reservas morais na vida pessoal como meu paizinho e minha mãezinha, também tenho algumas que são referência para mim na vida política e sindical. A companheira Deise Lessa que me convidou para fazer parte da chapa 1 do Sindicato dos Bancários em 2002 é uma das minhas reservas morais. Ela e o companheiro Deli Soares são referências importantes de uma vida dedicada a luta dos trabalhadores.

Desde que entrei me esforço para ser um representante dos trabalhadores como ela foi quando eu estava na base. Íntegra, presente e democrática, respeitosa nas divergências. Trabalhadora. Todos os dias nesses onze anos, me esforço para ser um dirigente ético, respeitoso com os trabalhadores e os adversários, incansável na defesa dos trabalhadores que represento e também dos princípios da CUT e da Articulação Sindical, porque participar de movimento social de forma orgânica não funciona com certa "lógica" de se dizer neutro, isento ou coisa do gênero.

Conheço algumas pessoas que estão no movimento sindical há muito tempo e nunca deixaram de ser solidárias, íntegras e combativas.

Finalizo pensando na famosa frase que diz que "A prática é o critério da verdade".

William

domingo, 14 de abril de 2013

Artigo - Fim de semana pra dar um tempo à falta de tempo


Forte Orange - Pernambuco/Brasil
(em 2010)


Refeição Cultural

Sábado e domingo. Meu cansaço não tem permitido a mim mesmo grandes projetos para os finais de semana. Chego em casa e quero não fazer nada.

Assim fiz (nada)...

Assisti a dois filmes intrigantes, mas não estou a fim de escrever postagens de comentários sobre eles. Antes, na sexta à noite, fiz uma façanha para um analfabeto informático: consegui destravar o computador de casa que sofreu aquele bug de atualização do Windows 7. Fucei até conseguir fazer ele reinicializar-se. Eu já havia programado incomodar um amigo do condomínio no sábado de manhã e isso é uma tremenda sacanagem. Nos livrei disso (qualquer um é capaz de qualquer coisa. Não é isso que sempre escrevo e digo? basta persistência).

FILMES

Um é brasileiro, é pernambucano: O som ao redor, de Kléber Mendonça Filho, lançado em 2012. É um bom filme. Nos deixa pensativos e aborda o medo e a insegurança do mundo contemporâneo. Foi sugestão do companheiro Deli Soares.

O outro filme é americano, rodado na Espanha em 2004. O operário, com uma interpretação espetacular do inglês Christian Bale. O ator emagreceu 29 kg para fazer o papel. Impressionante! O filme aborda os transtornos vividos por uma pessoa com peso de consciência por algo que fez no passado.

MÚSICA, CORRIDA E LEITURA

No sábado, ouvi música alta. É! Coisa rara. Durante hora e meia escolhi a dedo músicas que gosto. Rock e Pop dos anos bem passados...

Corri um pouco hoje porque ontem eu não tinha a menor condição física pra isso. Corri 5 Km neste domingo frio.

Li um pouco do Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.

É PRECISO UM POUCO DE PRAZER NA EXISTÊNCIA

Escrevi em meu diário uma reflexão que é bem o que tenho vivido. As duas coisas que mais me dão prazer e sentido na vida é ler e estudar e praticar esporte, mais especificamente correr.

A minha condição e função social atual não me permite mais fazer nem uma coisa nem outra. Eu não pego um livro porque sei que não poderei lê-lo até o fim. Não adianta começar. Eu não tenho mais agenda sequer para correr com regularidade. Aí, lá raramente quando posso, corro e fico mal depois por falta de sequência.

Está muito ruim sobreviver assim. 

TÁ VALENDO A PENA LUTAR ASSIM?

O pior é a questão de saber se está valendo à pena ou não tudo o que estou fazendo. Eu luto contra o capital e seus gestores. Nós militantes de esquerda somos aquele 1% que luta para alterar um pouco daquilo que os 5% detentores de tudo (Capital) organizam e que os 94% restantes estão lá executando como as baterias humanas do filme Matrix.

No nosso 1% ainda há dezenas de divisões e disputas de uns querendo foder os outros para ocupar os espaços de poder da pequena estrutura social que combate (ou se disfarça e acaba por servir) a aqueles 5% gestores do Capitalismo.

A grande questão (pessoal) é se está valendo à pena manter-me na luta nesses espaços.

Seguimos... Amanhã vou me dedicar a fazer a melhor luta possível, de novo.

William

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Artigo - A memória e o ato de contar


Genésio, uma militante, eu, outro jovem e Rafael
na posse de Lula em 1/01/2003.


Refeição Cultural

Dias atrás, pesquisando sobre literatura na rede mundial, soube de uma coisa que mexeu muito comigo. O grande escritor colombiano Gabriel García Márquez (86 anos) se aposentou em 2009 e está com um tipo de demência que o fez perder a memória. Fiquei com isso na cabeça até hoje.

É muito triste alguém que viveu de contar histórias e criar estórias sofrer justamente um problema que lhe faça perder a memória. Que tristeza para ele, família, amigos e para nós amantes da leitura!

Hoje estava no evento de lançamento das comemorações dos 90 anos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. Nosso sindicato tem uma bela história de luta pela democracia e por melhores condições de vida e trabalho para a classe trabalhadora brasileira.

Para resumir o evento de abertura, diria que a cerimônia foi cuidadosa, emocionante e muito bonita. Parabéns a toda a categoria bancária!

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A memória das lutas, derrotas e conquistas

A história da classe trabalhadora é construída pela própria classe trabalhadora. Cada dirigente, militante, trabalhadora e trabalhador que participou e ou organizou a luta de classes tem muitas histórias pra contar.

Eu estou sempre pensando em organizar a minha versão dos dez anos que vivi como dirigente sindical. É por isso que minhas pilhas de papel e guardados incomodam onde quer que eu chegue para me instalar em uma nova tarefa designada a mim pelo movimento sindical bancário.

Eu participei de toda a luta dos anos dois mil pela construção da Campanha Unificada entre bancos públicos e privados e pela construção vitoriosa da lógica do Aumento Real ao invés de ficar lutando por tabelas de "perdas" fazendo com que as campanhas fossem sempre derrotadas e focadas no passado e não no futuro. A estratégia foi correta para a categoria.

Também tenho orgulho de dizer que estive nas mesas e nas defesas das posições cutistas nas assembleias decisivas do BB entre 2003-12 em nosso Sindicato.

Para eu poder contar minha memória e minhas impressões desses dez anos de campanhas 2003-2012 eu precisaria de uns seis meses para ler, pesquisar e escrever.

Tenho uma memória impressionante do que vivi no movimento nesta década. Mas posso começar a perder isso a qualquer momento. Como vou fazer para escrever esta história, essas memórias?

Eu quero contar um pouco do que vivemos, sobre o que aprendi com a política sindical a partir do meu coletivo de banco (BB) e do Sindicato e que me moldou como dirigente e cidadão militante que atua de forma muito verdadeira e esforçada, mesmo nos momentos de pelejas e divergências de ideias.

Preciso achar uma maneira de pôr no papel de forma organizada, os acontecimentos que vi e vivi como dirigente da Articulação Sindical da CUT.

É isso! Parabéns ao nosso Sindicato pelos nossos 90 anos. Já tenho mais de 20 anos de sindicalizado e 10 como diretor desta entidade classista e de luta.


Referências

Falando em memória e no ato de contar, estiveram no evento do Sindicato duas referências iniciais na vida deste militante e diretor do sindicato. 

Marcos Martins - O funcionário licenciado do Sindicato e Deputado Estadual pelo PT paulista foi um dos primeiros contatos que tive com esta história de luta de nossa entidade. Eu era bancário do Unibanco e trabalhava na agência do CAU na Raposo Tavares. Fui convencido pelo pessoal do Sindicato a chegar lá umas 4 e meia da manhã em 1989 para ajudar a parar os funcionários naquela greve. Deu certo e foi bem legal.

Deise Lessa - Grande pessoa e militante de esquerda. Eu a conheci como diretora do Sindicato. Ela atuava na base e era muito comprometida em organizar os bancários, respeitar a divergência de ideias nos debates e defender as posições tiradas nos fóruns políticos. Me convidou a disponibilizar o nome para a formação da Chapa Cutista do Sindicato em 2000 (não deu certo) e 2002 (deu certo). Desde que virei diretor eleito, me espelho em ser um dirigente como foi a Deise e os companheiros que conheci logo em seguida no coletivo como o Sasseron, Genésio, Deli, Cláudião e demais camaradas com quem convivi.


SOMOS FORTES, SOMOS CUT!