Grandes líderes que mudaram a história de seu povo. |
Refeição Cultural
"NÃO CONSIGO DEFINIR COM PRECISÃO o momento quando me tornei politizado, quando eu soube que passaria minha vida na luta pela libertação. Ser um negro na África do Sul significa que se é politizado desde o momento do nascimento, quer a pessoa reconheça isso ou não. Uma criança negra nasce em um hospital Apenas para Negros, levada para casa em um ônibus Apenas para Negros, mora em uma área Apenas para Negros e frequenta escolas Apenas para Negros, se é que vai para a escola...
(...) Não tive uma epifania, nenhuma revelação, nenhum momento da verdade, mas um acúmulo constante de milhares de ofensas, milhares de indignidades, milhares de momentos não memoráveis, que produziram em mim uma cólera, uma rebeldia, um desejo de lutar contra o sistema que aprisionava o meu povo. Não houve um dia em particular no qual eu falei, 'deste momento em diante vou me devotar à libertação do meu povo', em vez disso, simplesmente me vi fazendo isso, e não conseguiria agir diferentemente..." (pág. 117, Longa caminhada até a liberdade)
Apesar de minha vida ter tomado um rumo diferente daquele que cheguei a vislumbrar em relação à ter uma carreira acadêmica voltada à educação e formação, estou dando meus pulinhos e lendo alguma coisa por prazer, além das leituras profissionais e voltadas para meu papel de representação dos trabalhadores.
Nossa vida humana tem algo de imponderável, e isso faz com que a existência possa ser uma surpresa a cada dia. Tenho jornadas de trabalho diárias que variam entre dez e quatorze horas. Isso há anos. E é engraçado porque não sou workaholic.
Aliás, quando cheguei ao movimento sindical e vi os grandes líderes com dedicação de 24 horas, pensei comigo que nunca gostaria de ser um deles... Mas o envolvimento de coração com a luta faz com que isso acabe sendo meio inevitável.
Simplesmente, nos pegamos militantes! |
Na leitura de suas biografias, encontro a todo instante frases, situações ou exemplos que me fazem quedar, cismar e repensar ou lapidar meu comportamento para não desviar de meus objetivos, inclusive adequando minha energia para vencer todo e qualquer obstáculo que eu encontre pela frente.
Para isso, vale suportar dor, traição, golpes baixos, pusilanimidade de meus companheiros, desvios de rotas, dar passos para trás para avançar adiante no projeto que represento; ter paciência com as pessoas e buscar tirar o melhor de cada uma delas.
Estou em completa transformação diária por causa dos objetivos que tenho que alcançar. E minhas referências serão sempre os grandes líderes que mudaram a vida das pessoas e, também, serão as pessoas humildes que amo e me referencio nelas como meu pai, minha mãe, as falecidas tia Alice, vovós Cornélia e Deolinda.
Eu li a passagem acima, de Nelson Mandela, e me identifiquei imediatamente com ela. Estou lendo nos voos para lá e para cá, quando não durmo prostrado de cansaço. Mas somos lutadores e nos descobrimos lutadores exatamente como Mandela nos descreve ali.
É isso. Vamos dormir porque já é madrugada de novo...
William Mendes
Post Scriptum: hoje escrevi ao som de Queen - A kind of magic
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