Crescimento da direita paulista é fruto da lavagem cerebral da mídia monopolizada, mas falta trabalho de base no movimento social progressista
Apuradas as urnas das eleições brasileiras 2014, eu fico me
segurando para não dizer tudo o que penso em relação ao povo paulista.
O povo paulista reelegeu o PSDB para completar um quarto de
século no Palácio dos Bandeirantes. Aliás, olha o nome da sede do governo
paulista! Bandeirantes foram aqueles assassinos que dizimaram as populações que
aqui estavam antes dos portugueses chegarem.
Aqui no Estado de São Paulo, todo
logradouro tem nome de assassino, torturador, generais das ditaduras brasileiras,
empresários e coisas do gênero. Gente que odeia trabalhador, povo humilde,
minorias diversas etc.
Alckmin do PSDB foi reeleito! Serra do PSDB foi eleito
senador, tirando a vaga de Eduardo Suplicy do Partido dos Trabalhadores. Aqui em
São Paulo, ser petista após a eleição de Lula em 2002 é correr risco de quase ser linchado na rua porque todos
os males da humanidade são atribuídos ao PT.
O pior é que o povo paulista – ou seja,
a classe trabalhadora, inclusive – acredita. O PT seria o partido dos “corruptos”.
Gente boa, honesta e limpinha é o pessoal da direita, do PSDB e quem a
Folha, Estadão, revista Veja e outras porcarias da Editora Abril, CBN e demais emissoras de TV e Rádio indicarem
como limpinhos e honestos.
O senador Serra vai se juntar ao senador Aloysio Nunes do
PSDB. Outro senhor limpinho e honesto, caçador de corruptos da esquerda. Aloysio
ganhou a eleição em 2012 de um representante das minorias, um negro da
periferia de Carapicuíba, o Netinho. Marta Suplicy do PT e Netinho do PCdoB
estavam liderando as pesquisas naquele ano até faltarem duas semanas, quando a estrutura da direitona
paulista fez o trabalho e elegeu seu representante.
Enquanto isso, alguns juízes do STF estão avaliando se
arquivam ou não as investigações sobre as denúncias de corrupção no Metrô de São Paulo, do PSDB. Aliás,
o “mensalão” chamado mineiro (e não tucano) já está com decurso de prazo... tem
gente que já se livrou sem julgamento. Já são mais de 10 anos...
A partir de amanhã, 6 de outubro, vai acabar a água nas
torneiras paulistas. O povo vai se lascar com isso. Os mais pobres que votaram
no Alckmin é que vão sentir o problema. Já foi assim lá em 2001 quando o PSDB
produziu o apagão de verdade (e não o de mentirinha como disseram que ocorreria agora no governo do PT).
O país quebrou nas duas gestões do FHC/PSDB e o pobre
foi quem pagou multa por não conseguir economizar energia elétrica em 2001, pois os trabalhadores já
usavam o mínimo em suas rotinas de vida.
SÃO PAULO DO PSDB (2015-2018)
Alguém poderia tentar me convencer que eu deveria ficar com pena dos trabalhadores
se estrepando nos trens e metrôs do Estado de SP governado pelo PSDB.
Na boa, lá
se vão 20 anos e vamos para 24 anos sem investimentos em transportes públicos
porque no conceito liberal-capitalista quem é “gente boa” tem carro. Quem venceu
na vida por mérito e competência tem carro. Dane-se transporte público. Isso é
coisa de pobre! E dane-se que tenha trânsito também porque as propagandas
mandam você fechar os vidros e se ver em outro mundo dentro do seu carrão...
Aliás, como a segurança pública é função do Estado, aqui
governado pelo PSDB, nós paulistas podemos nos fechar dentro dos carros todos
equipados, última geração, e dane-se o trânsito... e danem-se também os assaltos
que vão nos matar a qualquer momento. Mas temos a possibilidade de blindar os
carros, oras bolas!
Este é o Estado onde me nasceram. São Paulo da falta de
água, do trânsito caótico nas grandes cidades, da falta de transporte público,
da insegurança e da morte por violência. E a educação então? Até a USP foi
sucateada. Minha nossa! Mas é o Estado do PSDB que é limpinho, honesto,
cheiroso e que toda a mídia defende contra os malvados corruptos dos "petralhas"*
e dos sindicatos da CUT.
Na boa, eu conheço o poder de lavagem cerebral dos veículos
de comunicação das famílias paulistas limpinhas que adoram os empresários e
partidos de direita aqui, mas o movimento social tem culpa também.
A ESQUERDA TEM QUE SE UNIR E MELHORAR TRABALHO DE BASE
Na minha leitura, está faltando trabalho de base no PT, nos sindicatos e nos
movimentos sociais diversos, está faltando muito trabalho de base. Se cada um
dedicasse mais tempo conversando pessoalmente com os seus representados ou
aqueles que pretendem organizar, ao invés de querer disputar o espaço das redes
sociais, ao invés de ficar com disputas internas de máquinas sindicais, ao invés de arrumar mil desculpas para não ir conversar com os trabalhadores
e minorias diariamente. As coisas podem ser diferentes. Eu acredito nisso!
Se os dirigentes, militantes e lideranças não trocassem com
frequência a possibilidade de contato pessoal diário por tudo quanto é desculpa
para não ir às bases, a direita não teria tanta influência e capacidade
de fazer os pobres, os humildes e os trabalhadores votarem e preferirem seus
algozes ao invés daqueles que estão do seu lado, que são da sua classe.
É o que eu penso e acredito. Eu me emociono quando lembro do ano difícil que os militantes do PT viveram naquele ataque virulento da mídia e da direita paulista no ano que inventaram o tal do "mensalão". Era o ano de 2005.
Nós militantes éramos massacrados psicologicamente. Eu tinha um bom trabalho de base no maior complexo de funcionários do BB, o prédio da São João. Fui acolhido pelos trabalhadores e me senti muito confortável lá ao longo daquele ano porque eu tinha um bom trabalho de base e os trabalhadores me conheciam e sabiam quem eu era.
Acredito que está faltando muito trabalho de base da esquerda e do movimento
social. Trabalho de base planejado e bem organizado e com objetivos a serem alcançados. Além, é claro, de mais unidade na esquerda! Nosso pessoal do movimento
está se destruindo uns aos outros. A direita é quem vai se dar bem com isso.
William Mendes
Ex-diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região
Ex-aluno da Universidade de São Paulo
*Petralhas - Neologismo criado contra os militantes e representantes do Partido dos Trabalhadores ao estilo nazista de Hitler, que criou entre 1933 e 1945 toda uma linguagem para destruir a imagem de seus inimigos, os judeus. O filólogo judeu-alemão Victor Klemperer, sobrevivente do Holocausto, chama aquela linguagem como LTI - a linguagem do 3º Reich.
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