Quinta-feira, fim de noite. Estou em Osasco (SP) a trabalho.
Nesta sexta-feira pela manhã participarei de mais uma apresentação para os associados da Cassi sobre o Relatório Anual 2017. A Cassi é a entidade de saúde dos funcionários do Banco do Brasil, gerida até o momento de forma paritária entre patrão e trabalhadores. A Diretoria Executiva está fazendo uma série de apresentações em seis capitais com o intuito de dar mais conhecimento aos participantes sobre a realidade da autogestão.
Começamos as apresentações em Brasília (DF) nos dias 17 e 18 e hoje estivemos com os associados em Belo Horizonte (MG). Após o contato com os participantes paulistas nesta sexta 20, iremos na próxima semana a Salvador (23), Curitiba (25) e Rio de Janeiro (26). Vim no voo lendo a história de Nelson Mandela e do povo negro sul-africano na "Longa Caminhada até a Liberdade", história contada por ele mesmo (um livro-tijolo, pelo tamanho). Por mais cansaço e sono que eu esteja sentindo, preciso muito ler nestes tempos histórias que nos inspirem a suportar a injustiça e persistir nas lutas, como a do próprio Lula, que já nos contém.
Estou terminando meu mandato eletivo na Caixa de Assistência no próximo mês. Foi o período mais intenso de minha vida de lutas e representações da classe trabalhadora. Foram 4 anos em que aproveitamos toda a nossa experiência na organização de lutas e negociações entre capital versus trabalho para não deixar as teses contrárias aos direitos dos associados prevalecerem na autogestão em saúde, 4 anos mantendo todos os direitos dos associados no cenário de crise mais dramático da história da entidade e do setor de saúde.
Somando todos os mandatos eletivos, foram 16 anos exercendo o papel de representante dos trabalhadores. A hora é de finalizar uma longa etapa de vida pessoal e coletiva e pensar o amanhã. O amanhã neste mundo-cão que se apresenta a nós povo e classe trabalhadora.
A transição para a mudança radical de vida em algumas semanas poderia ser mais simples do que está sendo. O "poderia" é uma espécie de utopia porque a vida de um representante das lutas da classe trabalhadora nunca foi simples, nem será. Um militante social coloca toda a sua vida pessoal em função das lutas coletivas, e o retorno à condição anterior depois de tantos anos não é nada simples. Fica mais complexo ainda, quando o contexto se passa no estado de exceção em que se encontra o Brasil, o nosso país e o nosso mundo da classe trabalhadora.
Nessas semanas que correm foi preciso buscar toda a frieza e serenidade que aprendi em quase 20 anos de enfrentamento das injustiças a que estão expostos os cidadãos e povo trabalhador ao qual eu mesmo pertenço para lidar com uma questão ignóbil, inominável, absurda, que visa prejudicar uma pessoa honesta, ética e que dedicou a vida para as lutas por um mundo mais justo e solidário, principalmente para a categoria profissional a qual pertence.
Mas se o contexto histórico por que passa o Brasil é o da inversão de valores, é o das violências várias, porque toda injustiça e iniquidade é uma violência contra a sociedade humana; se é o contexto que não tem pudor em prender sem crime a maior liderança do povo brasileiro, o homem que mais olhou para o povo na condição de Presidente na história do país, enfim, se a condição em que estamos é essa nesses tempos sombrios, qual não seria o efeito dessa ignomínia com os representantes dos trabalhadores em todos os espaços humanos, sociais e institucionais de nosso mundo Brasil?
Há que se ter força e serenidade para enfrentar as coisas indignas que estão fazendo contra o povo e suas lideranças. Minhas referências de vida são as maiores lideranças progressistas que os humanos já tiveram. Isso nos fortalece! Eu, do meu tamanho comum, olho os grandes para tê-los como exemplo de que sofreram muito mais do que gente como nós, e vemos que devemos todos resistir. Eles passarão, eu passarinho...
William
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