quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Semânticas em transição



Diário e reflexões - 031018

Hoje é dia 3 de outubro de 2018. Estamos na reta final das eleições brasileiras, que acontecem no domingo dia 7. A tendência é que o processo eleitoral ocorra, se não houver nenhum golpe de última hora. 

Gostando ou não dele, pois para mim eleições sem Lula é fraude, e independente de comparecerem às urnas algumas pessoas ou dezenas de milhões delas, a apuração vai definir o próximo presidente do país (ou duas candidaturas para segundo turno), governadores, senadores e deputados federais e estaduais, além dos distritais.

Havia parado de registrar reflexões na forma de diário aqui no blog desde que deixei de ser pessoa pública, representante eleito por trabalhadores. Ainda não defini meu papel social para as próximas etapas da existência. Estou reorganizando a vida e avaliando como posso ser útil para a sociedade e para as pessoas, encontrando em alguma tarefa social e coletiva a satisfação pessoal e a felicidade.

Tenho lido algumas autobiografias, livros de memórias e diários de personagens reais ou fictícios. Estou lendo o livro de José Dirceu e do roqueiro Bruce Springsteen. 

Estou relendo as memórias do falecido "coxinha" inútil Brás Cubas (Machado de Assis) e, por fim, a releitura mais necessária: estou relendo Victor Klemperer, o filólogo judeu alemão e suas anotações e análises sobre a linguagem nazista do Terceiro Reich e a transição semântica pela qual ela passou entre 1933 e 1945. É um dos livros mais importantes do mundo para o que estamos vivendo no Brasil: a ascensão de um nazifascismo tupiniquim e suas consequências.

Quando eu li o livro pela primeira vez, após as eleições brasileiras de 2010, comecei a perceber nitidamente a construção da semântica adotada pelas oposições aos governos do Partido dos Trabalhadores e sua maior liderança, Luiz Inácio Lula da Silva. 

A arquitetura metodológica adotada pelos donos dos meios de comunicação após a vitória do PT e Lula (2002), método de ataque liderado pelas Organizações Globo, não foge em nada ao método de comunicação e manipulação de massas adotado por Goebbels e Adolf Hitler, após a ascensão do nazismo em 1933. É impressionante a semelhança!

Apesar da tristeza n'alma ao ver colegas bancários, pessoas queridas e familiares apoiando o candidato nazifascista, que tem quase um terço das declarações de intenção de voto nestas eleições, é fácil compreender o porquê após ler o livro de Victor Klemperer.

Houve uma construção lógica e racional, cumprindo todas as etapas que o nazismo cumpriu para transformar o povo de maior cultura da Europa em uma massa manuseada pelo nazismo com ódio aos judeus, aos comunistas, aos diferentes de si mesmos. 

Eu não fico nem um pouco surpreso com o ódio irracional e patológico contra Lula e o Partido dos Trabalhadores na atualidade, tendo lido Victor Klemperer. O ódio como método e a escolha do PT como inimigo comum foi desenvolvido desde 2003. 

Assim como nós temos familiares e amigos apoiando a candidatura fascista que apoia a tortura, que incentiva o estupro, a violência, o racismo e intolerâncias várias, e que votou em todas as reformas contra os trabalhadores e pelo desfazimento do patrimônio nacional, juntamente com os golpistas após 2016, o professor judeu Victor Klemperer viu seu filho adotivo aderir ao nazismo após um período sob as técnicas de linguagem da LTI. 

"A língua conduz o meu sentimento, dirige a minha mente, de forma tão mais natural quanto mais inconscientemente eu me entregar a ela. O que acontece se a língua culta tiver sido constituída ou for portadora de elementos venenosos?" (Klemperer)

É isso. Já escrevi mais do que queria por hoje.

Abraços aos amig@s leitores. Vamos atuar para vencer o fascismo enquanto é tempo.

William

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