quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Brasil pode ter regime nazifascista após golpe na democracia



Livro sobre linguagem do nazismo e documentário
sobre o apoio de empresários ao regime militar
no Brasil alertam para o risco atual.

Diário e reflexões - 111018

Hoje é quinta-feira, 11 de outubro. No último domingo, o povo brasileiro foi às urnas para participar de uma eleição fake, de mentira, mas que está valendo para definir a vida de cada um de nós, o povo brasileiro. O candidato que ganharia as eleições no 1º turno, o ex-presidente Lula, é um preso político e está numa masmorra, condenado sem provas e incomunicável com o povo brasileiro. Qualquer preso fala à imprensa, estuprador, assassino, traficante, qualquer um, menos o cidadão Lula.

Se o Brasil estivesse vivendo um período de normalidade democrática, não teríamos interrompido o mandato da presidenta Dilma Rousseff*, eleita em 2014 com 54,5 milhões de votos. O candidato da oposição e da casa-grande ("mercado"), Aécio Neves, não aceitou a decisão do povo nas urnas e resolveu questionar o resultado só "para encher o saco do PT". A consequência foi jogar o país na maior crise de sua história.

Com o impedimento da presidenta eleita, também sem crime algum, assumiu o poder o vice-presidente Michel Temer, através de um golpe de Estado jurídico-parlamentar (lawfare) que contou com a participação dos partidos de oposição, empresários dos meios de comunicação, setores dos três poderes do Estado e apoio dos Estados Unidos. A agenda ultraliberal, derrotada quatro vezes nas urnas, passou a ser implantada no país.

O medo e a raiva, o ódio e a desesperança tomaram conta de meus conterrâneos, o povo brasileiro e trabalhador, ao sentir as consequências de se destruir a economia, as empresas nacionais, os direitos sociais, como os empregos formais e direitos trabalhistas, e o congelamento por vinte anos dos investimentos em saúde, educação e segurança, além da entrega do patrimônio nacional como o Pré-sal, Embraer, a base de Alcântara e mais retiradas de direitos na fila de espera, como a venda da Petrobras, da Eletrobras, dos bancos públicos, e o fim da aposentadoria, do 13º salário e das férias. Para completar, o povo morre nas ruas pela violência e insegurança.

RECEITA PARA O FASCISMO - Esse caos é a receita histórica para a implantação de regimes fascistas e totalitários, jogando o povo contra a política e a democracia, contra a cultura de paz e solidariedade, como a história já nos mostrou entre os anos 20 e 40 do século passado, regimes que levaram a duas grandes guerras e a morte de 100 milhões de pessoas. 

A estratégia dos donos verdadeiros do poder, do dinheiro e de todos os meios de produção, foi fazer uma guerra de mentiras (fake news) contra um alvo escolhido como inimigo comum e culpado por todos os males. Esse processo começou no Brasil desde a primeira vitória do Partido dos Trabalhadores, com Lula em 2003.

Os articuladores do processo de caos no Brasil não colheram os frutos que esperavam colher com o sucesso do ódio implantado ao inimigo comum, no nosso caso os escolhidos pela casa-grande como alvo foram Lula, o Partido dos Trabalhadores e a esquerda. A estratégia dos golpistas não deu certo. O povo não escolheu o PSDB para substituir o PT. É evidente que copiar os métodos de Goebbels não traria como consequência aderência à social-democracia. O método do grande pensador da linguagem nazista só poderia dar em envenenamento do povo e cultura para o ódio e a simplicidade fascista.

Quando se abre a Caixa de Pandora e se libera todos os males e demônios, não se prevê como vai terminar o caos. O partido de Aécio Neves afundou junto com o caos, e no lugar da destruição da política e do país surgiu o candidato nazifascista que obteve quase 50 milhões de votos no primeiro turno das eleições. A bancada parlamentar eleita também no domingo é muito pior para o povo em relação à de 2014, que aprovou tudo quanto foi reforma contra nós. Uma ampla maioria é contra o povo e a favor de ampliar a agenda reformista de Temer. Já será o caos em 2019 mesmo se o nazifascista não ganhar a presidência.

Eu falei e escrevi na última década que era possível acontecer o que está acontecendo. A quebra da institucionalidade e da civilidade, da cultura da paz e a volta de regimes de exceção e com riscos de barbárie. As famílias e amigos não se conversam mais. Os preconceitos saíram do armário. A intolerância e a violência grassam pelas ruas do país. Já assassinaram pessoas por votarem no candidato Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores. Dezenas de casos de agressões e violências foram registrados em menos de uma semana a pessoas identificadas por agressores bolsonaristas como sendo simpatizantes ou militantes de esquerda, de causas sociais ou de minorias.

Estamos numa encruzilhada da história. A forma como o processo de destruição da democracia e da política se deu no Brasil, para desconstruir o Partido dos Trabalhadores, suas lideranças e o projeto de inclusão social de dezenas de milhões de pessoas no orçamento do Estado (mesmo sem ruptura alguma e com os ricos continuando a ganhar rios de dinheiro) fez com que neste momento de ódio e intolerância seja difícil dialogar com as pessoas envenenadas por um sistema internacional de fake news (mentiras e difamações) operado no submundo das redes sociais de WhatsApp (além das merdas na deep web). 

E para complicar mais a luta dos democratas, o mesmo ódio contra o PT faz com que todos os outros campos se declarem "neutros", o que é uma estratégia de lavar as mãos e permitir a vitória da outra candidatura. É muito triste ver figuras de peso do sistema democrático brasileiro não entrarem de cabeça na luta contra a vitória e implantação de um regime que vai calar os divergentes, que defende tortura, que defende aprofundar as reformas contra o povo, entregar o resto do patrimônio do país, e toda sua campanha ser baseada em mentir e enganar.

É muito difícil ver familiares queridos, com os quais convivemos décadas e os mais jovens vimos nascer, apoiarem abertamente o candidato nazifascista e ainda fazerem chacota de quem defende os princípios do campo democrático - solidariedade, direitos sociais, inclusão das minorias, respeito às diferenças com tolerância etc. 

Mas o momento não é sequer de entristecer de forma paralisante. Nossa missão é lutar pela vitória do campo democrático e popular, representado no dia 28 de outubro pelo professor universitário Fernando Haddad.

Neste momento Haddad não é o Partido dos Trabalhadores, é uma chance de liberdade para lutar contra o que vem por aí a partir da pior bancada do Congresso Nacional em décadas de regime republicano. Haddad é uma chance de lutar pelos direitos populares.

Foi um desabafo, mas peço com humildade que vocês que me leem não votem com ódio a favor do nazifascismo. Por favor, conversem com seus pares a respeito do que apresentei acima.

William

*Post Scriptum: Após 6 anos e 21 dias da armação do impeachment (sem crime algum), o MPF arquivou o processo fraudulento das "pedaladas fiscais", invenção usada para cassar o mandato da presidenta Dilma Rousseff em 31 agosto de 2016. O golpe foi para destruir o Brasil e os direitos do povo brasileiro. Vieram em seguida o traidor Temer e o inominável das milícias cariocas e a destruição de tudo...

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