quarta-feira, 21 de agosto de 2019

210819 - Diário e reflexões



Refeição Cultural

Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto: poetas e poetisa brasileiros. Roberto Bolaño: escritor chileno. Margo Glantz: escritora mexicana. Autores da vanguarda hispano-americana no século vinte: vários deles. A língua espanhola. A língua portuguesa. As literaturas de língua espanhola e portuguesa. Matérias com as quais estarei envolvido neste semestre de estudos na Universidade de São Paulo.

Aos cinquenta anos, tenho ainda o desejo e a necessidade de aprender, de conhecer algo novo, cultura nova, de melhorar a essência desse animal mamífero que sou, que somos todos nós. Bolaño morreu aos cinquenta anos; deixou contribuição importante ao mundo da cultura. Alguns autores começaram a se destacar após os cinquenta anos, como José Saramago. Aos cinquenta, tenho dúvidas se minha contribuição ao mundo foi suficiente; se ajudei em algo a sociedade humana. Eu tentei contribuir com a coletividade, através da luta sindical e política.

Os tempos agora são de retrocesso, de perdas. Um golpe de Estado pôs tudo a perder para o povo brasileiro. Os tempos ainda são de fezes, como disse o poeta Drummond em 1945. Os tempos são de ataques à solidariedade, ao amor, ao entendimento pacífico, à civilidade. São tempos de destruição da cultura, da educação, da saúde e do cérebro humano. O Brasil se desfaz: meio ambiente, patrimônio público, direitos do povo; a cordialidade. Tempos de fezes.

Ontem, trabalhamos em sala de aula com o poema "Encomenda", de Cecília Meireles, de 1942. Nossa! Como é legal ter a oportunidade de analisar um poema em sala de aula com o professor nos ensinando as técnicas para a leitura da linguagem poética e para melhor percebermos tudo que há em um poema. Antes desse conhecimento através do acesso à educação, eu era uma pessoa mais rude, mais intolerante, com menos capacidade de lidar com as questões da vida.

Talvez o que me faça seguir hoje seja o fato de que a cada minuto vivo podemos aprender algo bom, mesmo nos encontrando em meio a tanta estupefação diante da comprovação de que pessoas ao nosso redor abraçaram o mal, apoiam e se vendem à barbárie. Mas eu não quero me tornar um bárbaro!

Essa seção do blog, escrever diários, é algo inútil. Francamente. Escrevemos talvez para registrar as coisas. Não se sabe do amanhã. Mal sabemos se estamos vivendo num esboço de Alemanha do Terceiro Reich tupiniquim. Milhões de brasileiros já são colocados em guetos e mortos de forma fútil pelo Estado e pelas milícias. Que virá no amanhã?

Enfim, chega por hoje. Já gastei um tempão nisso. E nem li o que preciso ainda.

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