domingo, 20 de dezembro de 2009
Formação Econômica do Brasil, Celso Furtado
CANTO PRIMEIRO
106
"No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?"
(Os Lusíadas, Luís de Camões)
PRIMEIRA PARTE
Fundamentos econômicos da ocupação territorial
VII. Encerramento da etapa colonial
Alguns excertos do capítulo:
"A neutralidade em face das grandes potências era impraticável. Portugal compreendeu, assim, que para sobreviver como metrópole colonial deveria ligar o seu destino a uma grande potência, o que significaria necessariamente alienar parte de sua soberania. Os acordos concluídos com a Inglaterra em 1642-54-61 estruturaram essa aliança que marcará profundamente a vida política e econômica de Portugal e do Brasil durante os dois séculos seguintes".
A consequência desses acordos foi que "Portugal became virtually England's commercial vassal" (Alan K. Manchester)
Nessas trocas de favores "Com respeito às Índias Orientais, por exemplo, Portugal cedeu Bombaim permanentemente e a Inglaterra prometeu utilizar sua esquadra para manter a ordem nas possessões lusitanas".
PORTUGAL ABRE MÃO DE DESENVOLVIMENTO MANUFATUREIRO
"(...) o acordo comercial, celebrado com a Inglaterra em 1703, desempenhou papel básico no curso tomado pelos acontecimentos. Esse acordo significou para Portugal renunciar a todo desenvolvimento manufatureiro e implicou transferir para a Inglaterra o impulso dinâmico criado pela produção aurífera no Brasil".
CONFERÊNCIA DE UTRECHT
Com o acordo celebrado com a Inglaterra, o Brasil conseguiu boas posições em relação a formação de seu território.
"Aí conseguiu o governo lusitano que a França renunciasse a quaisquer reclamações sobre a foz do Amazonas e a quaisquer direitos de navegação nesse rio. Igualmente nessa conferência Portugal conseguiu da Espanha o reconhecimento de seus direitos sobre a colônia do Sacramento. Ambos os acordos receberam a garantia direta da Inglaterra e vieram a constituir fundamentos da estabilidade territorial da América Portuguesa"
RELAÇÃO COM A ECONOMIA INGLESA
"O ciclo do ouro constitui um sistema mais ou menos integrado, dentro do qual coube a Portugal a posição secundária de simples entreposto. Ao Brasil o ouro permitiu financiar uma grande expansão demográfica, que trouxe alterações fundamentais à estrutura de sua população, na qual os escravos passaram a constituir minoria e o elemento de origem europeia, maioria".
TUTELAGEM INGLESA SEGUE APÓS INDEPENDÊNCIA DE 1822
"Com efeito, se bem haja conseguido separar-se de Portugal em 1822, o Brasil necessitou vários decênios mais para eliminar a tutelagem que, graças a sólidos acordos internacionais, mantinha sobre ele a Inglaterra"
"(...) Pelo tratado de 1827, o governo brasileiro (o tratado foi firmado pelo Imperador, independentemente de quaisquer consultas às Câmaras) reconheceu à Inglaterra a situação de potência privilegiada, auto limitando sua própria soberania no campo econômico (O novo acordo não reconheceu, entretanto, tarifa preferencial à Inglaterra. Em razão de cláusula de nação favorecida, o Brasil concederia a vários outros países, posteriormente, a mesma tarifa de 15% ad valorem)"
COM O CAFÉ, RELAÇÃO COMERCIAL SE VOLTA PARA EUA
"Na medida em que o café aumenta sua importância dentro da economia brasileira, ampliam-se as relações econômicas com os EUA. Já na primeira metade do século esse país passa a ser o principal mercado importador do Brasil".
DE 1500 A 1850, POUCA ALTERAÇÃO HOUVE NA ESTRUTURA ECONÔMICA
Podemos concluir que pouca alteração houve nos 3 séculos e meio de Brasil colônia e imperial.
"O passivo político da colônia portuguesa estava liquidado. Contudo, do ponto de vista de sua estrutura econômica, o Brasil da metade do século XIX não diferia muito do que fora nos três séculos anteriores. A estrutura econômica, baseada principalmente no trabalho escravo, se mantivera imutável nas etapas de expansão e decadência. A ausência de tensões internas, resultante dessa imutabilidade, é responsável pelo atraso relativo da industrialização".
Bibliografia:
FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. In: Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro. Publifolha 2000.
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