Texto publicado
em 1651 na Inglaterra
LEITURA
A ideia
geral do livro de Hobbes está exposta na introdução. É bem interessante.
Como esse é
um clássico que pouca gente leu, pensei em colocar o trecho abaixo para se ter
uma ideia do que o autor discorrerá na obra.
Já li
alguns capítulos do livro. Provavelmente, como quase tudo que leio, não
passarei de algumas páginas. Mas a ideia do Leviatã está exposta abaixo.
INTRODUÇÃO
“Do mesmo modo que tantas outras coisas, a natureza (a
arte mediante a qual Deus fez e governa o mundo) é imitada pela arte dos homens também nisto: que lhe é
possível fazer um animal artificial. Pois vendo que a vida não é mais do que um
movimento dos membros, cujo início ocorre em alguma parte principal interna,
por que não poderíamos dizer que todos os autômatos
(máquinas que se movem a si mesmas por meio de molas, tal como um relógio)
possuem uma vida artificial? Pois o que é o coração,
senão uma mola; e os nervos, senão
outras tantas cordas; e as juntas, senão outras tantas rodas, imprimindo movimento ao corpo
inteiro, tal como foi projetado pelo Artífice? E a arte vai mais longe ainda, imitando aquela criatura racional, a
mais excelente obra da natureza, o Homem.
Porque pela arte é criado aquele grande Leviatã a que se chama Estado,
ou Cidade
(em latim Civitas), que não é senão
um homem artificial, embora de maior estatura e força do que o homem natural,
para cuja proteção e defesa foi projetado. E no qual a soberania é uma alma
artificial, pois dá vida e movimento ao corpo inteiro; os magistrados e outros funcionários
judiciais ou executivos, juntas
artificiais; a recompensa e o castigo (pelos quais, ligados ao trono
da soberania, todas as juntas e membros são levados a cumprir seu dever) são os
nervos, que fazem o mesmo no corpo
natural; a riqueza e prosperidade de todos os membros
individuais são a força; Salus Populi (a segurança do povo) é seu objetivo;
os conselheiros, através dos quais todas
as coisas que necessita saber lhe são sugeridas, são a memória; a justiça e as leis, uma razão e uma vontade
artificiais; a concórdia é a saúde; a sedição é a doença; e a guerra civil é a morte. Por último, os pactos
e convenções mediante os quais as
partes deste Corpo Político foram criadas, reunidas e unificadas assemelham-se
àquele Fiat, ao Façamos o homem proferido por Deus na Criação.
Para descrever a natureza deste homem artificial,
examinarei:
Primeiro, sua matéria,
e seu artífice; ambos os quais são o
homem.
Segundo, como,
e através de que convenções é feito;
quais são os direitos e o justo poder ou autoridade de um soberano;
e o que o preserva e o desagrega.
Terceiro, o que é um Estado Cristão.
Quarto, o que é o Reino
das Trevas.
(...)”
Bibliografia:
HOBBES DE
MALMESBURY, Thomas. Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil.
Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. Coleção Os
Pensadores. Nova Cultural, edição 1999.
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