Refeição Cultural
Lá vamos nós expressar o que pensamos e sentimos neste instante, e sei que tenho ao menos um leitor, meu velho e querido pai. Quiçá cinco, quiçá dez leitores. Com certeza eu mesmo, daqui algum tempo.
Acordei sonolento, mole, esquisito, neste sábado de manhã fresca em Brasília. Fui dormir antes da meia-noite na sexta. Estou sozinho. Cheguei de meu trabalho no final da tarde de ontem e saí para caminhar por quase uma hora. Depois disso, não fiz mais nada até virar zumbi acordado e ir dormir.
Por mais que eu queira descansar a cabeça dos problemas de meu trabalho como gestor eleito pelos trabalhadores em uma entidade de saúde, não consigo. Acordei pensando nas decisões que tomar na segunda-feira. Que coisa! Não me desligo de meus compromissos.
No esforço de abstrair a mente, já ouvi música clássica barroca da melhor qualidade - Vivaldi, Bach etc. Já li algumas reflexões do filósofo Cortella, livro que ganhei de presente de um grande amigo e companheiro, Jacy Afonso. Este livro do filósofo, Não nascemos prontos (2006), é um belo presente para aqueles que ainda se preocupam com o pensar, o refletir para o viver.
Estou às voltas com meu poeta predileto, Drummond, por causa do mundo, do contexto, da materialidade do momento, por causa do tempo e das coisas.
Peguei o grosso volume um de Os miseráveis, de Victor Hugo. Tão, mas tão apropriado para o momento! Imaginem... com o cansaço que estou, durmo em cima das palavras com poucas páginas. Leitura por prazer, só após o final de minha missão na Cassi.
Enfim, descansar a cabeça não posso, em face dos acontecimentos. Mas resta uma certeza para mim, pensando um texto do Cortella - "O naufrágio de muitos internautas" - que citou uma passagem de Alice no país das maravilhas (1865), de Lewis Carroll.
Alice, perdida, pergunta ao gato, na árvore, para onde leva aquele caminho que ela aponta. O gato pergunta para onde ela quer ir. Ela diz que está perdida e não sabe. O gato lhe dá uma resposta certeira e profundamente filosófica: para quem não sabe aonde quer ir, qualquer caminho lhe serve, é a mesma coisa.
Fiquei pensando sobre a resposta do gato para a perdida Alice...
Como gestor eleito da Cassi, onde passei o último ano e meio de minha vida pessoal completamente focado na missão de fortalecer a entidade de saúde dos trabalhadores e ampliar os direitos em saúde dos associados, afirmo que não tenho o problema da personagem Alice no país das maravilhas. Eu sei exatamente qual objetivo persigo e o caminho que estou construindo e que devo seguir em minha missão. O problema é se me deixarão fazer o que tem que ser feito e se o contexto e conjuntura adversos serão impeditivos ou só obstáculos a superar.
Vamos esperar a segunda-feira para seguir nossa missão. Seguirei fazendo o que entendo ser o melhor para a Cassi e para os associados, decidindo o tempo todo, e sob pressão, sobre o que entendemos que deve ser feito, mesmo que minhas decisões desagradem algumas pessoas, setores e a mesmice das estruturas.
William
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