Livro com 3 estórias (1981) |
Refeição Cultural
"O professor Santiago, especialista em psicobiologia, propõe a tese arrojada de que a Terra nunca deixou de ser redonda. (Por favor, não riam enquanto não conhecerem a tese do professor Santiago). Segundo ele, a Terra continua redonda como sempre foi. O que aconteceu foi que as pessoas, geração após geração, foram condicionadas desde pequenas a aceitar o dogma de que vivem numa Terra chata; e como só viam formas chatas por toda parte, acabaram se convencendo..." (Quando a Terra era redonda, José J. Veiga - 1981)
Acordei nesta manhã de segunda-feira antes do previsto em meu despertador. Estava amanhecendo e os pássaros já cantavam lá fora. Eu estava sonhando com meu filho ainda garotinho. Eu não o vejo desde o dia 2 de outubro, quando nos encontramos em Osasco para exercermos nossa cidadania e votar nas eleições municipais. Foi o primeiro voto de meu jovem filho. Foi meu primeiro voto em três décadas sem ver finalidade ou efeito prático dele, já que o País está sob Golpe de Estado e o consórcio golpista está na caça do partido em que voto.
Terminei no domingo à noite a leitura do livro de José J. Veiga - De jogos e festas, publicado em 1981. Com este volume, completo a sétima obra lida das dezesseis que pretendo ler.
As três estórias deste livro do início dos anos oitenta foram um pouco diferentes das estórias anteriores. Apesar do fundo ser o mesmo, o estranhamento do novo que chega, nelas temos o convívio com a perda da condição anterior de forma mais clara. Um irmão que morreu; um pai que perdeu a memória; um filho que morreu; família que se foi.
Coleção J. Veiga sendo lida... |
UM MUNDO CHATO
"A não ser que - essa ideia me ocorre agora, por influência de Emílio Sorensen e Urbano Santiago - a Terra seja mesmo redonda desde os primórdios, e ninguém a está vendo chata; todo mundo finge estar acreditando na chatice geral apenas por cansaço e também por preguiça de contestar o que foi decretado"
Uma metáfora fantástica no pequeno conto "Quando a terra era redonda" me chamou bastante a atenção e me lembrou a situação atual pela qual vivemos agora. O mundo não é mais redondo, foi tudo revisto e agora a Terra é chata. Isso foi decretado pelos golpistas e pelos capitalistas donos do mundo.
Essas estórias lidas nessas semanas em que não pude ver a família direito, em que me matei de trabalhar viajando o País e cumprindo aquilo a que me dispus em meu trabalho, e os enredos dessas estórias com seus finais tristes... me deixaram pensativo.
Momento leitura no final do domingo. |
Fiquei tentando me lembrar e tive um sentimento de que não vi meu filho crescer desde que virei Secretário de Formação na Contraf-CUT (2009) e depois acumulei a função de coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (depois de 2012) e agora, como gestor da Cassi, passados esses quase oito anos, meu filho mora longe, eu quase não o vejo e isso me deixou incomodado ao me dar conta disso hoje.
A gente passa a vida na militância social, lutando por ideais de um mundo mais justo e solidário, por melhores condições de vida e trabalho de nossa classe trabalhadora, agora estou me matando para lutar pela causa da saúde, a partir da autogestão em saúde que atuo, e na dedicação no front de uma guerra inglória contra o sistema hegemônico, nossa família, nosso tempo e nossa saúde vai embora.
Que coisa isso!
Já deu a hora de banhar e sair correndo para o serviço. Será uma semana política dura em meu trabalho a partir das oito e meia da manhã desta segunda-feira.
Um beijo, meu filho! Sonhei com você nesta noite. Ontem estivemos lendo juntos, sua mãe e eu. Foi legal. Se cuida filhão!
William
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