sexta-feira, 31 de maio de 2019

310519 - Diário e reflexões - 15M, 30M e 365 dias




Refeição Cultural

As manifestações lideradas pelos estudantes e professores que ocuparam as ruas do Brasil nos dias 15 e 30 de maio foram dois momentos importantes em uma longa jornada de lutas em defesa da educação pública brasileira e em defesa de outros direitos da cidadania como, por exemplo, a luta pela manutenção da previdência pública. Fazer parte dessas manifestações foi gratificante.

Como disse hoje de manhã na TV 247 o jornalista Breno Altman, do site Ópera Mundi, as manifestações foram exitosas dentro do contexto em que se enquadram como formas de resistência aos ataques desferidos pelo novo regime contra o direito a educação pública e universal. No entanto, se considerássemos como uma luta de boxe o embate entre o regime bolsonarista e o povo brasileiro contrário a ele, as manifestações 15M e 30M seriam como socos bem aplicados no adversário, mas isso não significa em absoluto o fim da luta, muito menos vitória. Serão longos rounds e o povo precisará acumular muitos socos bem aplicados como esses dois para acumular forças contra o fascismo de cunho ultraliberal. A elite brasileira lesa-pátria está unida e tem comando internacional para entregar a previdência e o resto do patrimônio nacional aos donos do mundo, alguns banqueiros americanos e seus satélites.

Hoje completa um ano que deixei de representar a classe trabalhadora através de mandatos eletivos. Minha última experiência na representação popular foi na entidade de saúde dos bancários do Banco do Brasil. Foi uma experiência muito intensa, na qual trabalhei entre 8 e 16 horas por dia, praticamente durante os 4 anos de mandato. Nunca havia dormido tão pouco em minha vida, nunca havia enfrentado os representantes do sistema capitalista de forma tão permanente durante os dias do ano. Nunca havia enfrentado em minha vida de representação tanta falta de conhecimento, intolerância e ingratidão por parte de segmentos dos trabalhadores da ativa e aposentados. 

Somada essa última experiência de representação à ingratidão do povo brasileiro em relação à Lula, ao PT e às esquerdas progressistas, povo que é majoritariamente pobre, negro e mestiço e do gênero feminino, povo que elegeu grupos e humanos que não têm a classe trabalhadora como foco e prioridade, somado tudo isso, ainda não superei meu desacorçoo em relação ao ser humano. Hoje, vendo as cisões e rachas no movimento sindical organizado, do qual fiz parte por cerca de duas décadas, não sinto estímulo algum para me engajar em alguma frente de luta popular sabendo que teria que escolher lados e grupos nos quais militei em unidade por tanto tempo. O ódio inoculado no povo brasileiro como estratégia de destruição da esquerda e das políticas dos governos do PT chegou ao seio do movimento organizado. Todos perdem com isso. Todos.

Ao retomar depois dos 50 anos os estudos de línguas, linguagens e comunicação e ter contato novamente com as teorias linguísticas e discursivas e saber que a base da linguagem verbal é a comunicação entre os seres humanos, e pensar o quanto ando sem vontade de interação com os seres humanos que foram influenciados por sistemas totalitários de manipulação comportamental, fica cada vez mais difícil de escrever e falar o que penso. Não represento ninguém e de certa forma falamos para quase ninguém. Não tem sentido escrever opiniões sobre algo e o texto ser lido por alguns nobres leitores. As merdas feitas pelos nossos adversários, com as técnicas modernas, são vistas, ouvidas e redistribuídas por milhões de seres.

Apesar de tudo, sempre estarei na torcida pelo meu lado da classe, a classe trabalhadora mundial. Odeio o capitalismo, odeio os representantes desse sistema. Não me importo se vierem as guerras que alimentam esse sistema de exploração da imensa maioria dos seres humanos por uma ínfima parcela deles.

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